31 de janeiro de 2008

o antes e depois, agora a sério




Melhor em grande!

hips don't lie

... e as minhas dizem "Olha ela ontem comeu pintarolas, cereais de chocolate e brigadeiros e se pudesse também tinha comido gelado!!!".

29 de janeiro de 2008

nenúfares

Ando por aqui. Pinto paredes. Gosto de ser pintora. Gosto da tinta, da tralha, das manhas do material, da rotina. Gosto de ver a parede vazia só para mim. Desenho e apago e desenho e pinto.
Às vezes ter muitas ideias torna-se frustrante. Querer fazer tudo e não conseguir fazer logo. Vingo-me na tinta aplicada à bruta.

Rité mi primi pequeni, hoje sonhei contigo. Estávamos num hotel que era um arranha-céus gigantesco. Era tão, tão alto e eu não tinha vertigens, como é possível?... Lá em baixo era a praia e era paradisíaca. O mar muito azul cheio de piscinas naturais de água muito transparente. E havia nenúfares! Nenúfares enormes, que eu cá nem em sonhos vou de férias sem pensar em trabalho. Os nenúfares levitavam e subiam como elevadores até ao nosso quarto. Era tão alto que agora até sinto um aperto no peito. Saltávamos da janela para os nenúfares e sentávamo-nos neles, tipo tapetes voadores... não sei como me atrevi a saltar. Pensava Em que andar estaremos nós? - era tão alto, que horror. Depois chegávamos lá a baixo e estava um aluno meu a brincar na água. Tinha um tufo de pêlo preto muito muito grosso nas costas. Surreal. Parecia um lobisomem e eu achava estranhíssimo só eu estar chocada com aquilo. Aquele pêlo espetado como uma barbatana de tubarão nas costas dum menino de sete anos...

Acabei os nenúfares já não havia sol. Amanhã vou lá tirar melhores fotografias. Lixei a parede depois de pintada. Assoei-me e o lenço ficou azul. Ainda assim comi Nesquik seco à colher*, enquanto escrevia este post.

27 de janeiro de 2008

una visión más feliz de las cosas

Como é maravilhoso saber que há mais gente alucinada por aí. Não estou só.
Este anúncio leva-me às lágrimas de tanto rir.



Bom Domingo :D

25 de janeiro de 2008

remédio (santo) caseiro

Há as dores de cabeça e há as enxaquecas. Eu não costumo meter-me em analgésicos, de maneira que vou tentando livrar-me das ditas meninas com água-muita-água, repouso, massagens-da-mamã, etc. Para aquelas enxaquecas em que andar dói, mexer dói, ver luz dói, ouvir dói, pensar dói, dormir dói e em que até náuseas se sente, e a cabeça lateja vum-vum-vum... sinceramente só a acupunctura resultou comigo. Mas para uma dor de cabeça como a que tive há bocado (que desce da cabecita e vai ao pescoço, que dói nos dentes e no nariz e que dá calor não sei porquê), há bom remédio:

Um café bem forte e com casca de limão.




E cá estamos, a desenhar alegremente à uma da manhã...

23 de janeiro de 2008

sem grades


No fim-de-semana passado fomos a Carreço passear. Apercebemo-nos de que não estávamos sozinhos a ver o pôr-do-sol. Esta ave (alguém sabe identificá-la?) pousou num muro e ficou a observar-nos a mim e ao Bruno, frenéticos a tentar fotografá-la. Devia estar a rir-se de nós. Como é de esperar, tentei aproximar-me do passarito (bem grande e que levantava uma poupa quando eu falava com ele), primeiro para conseguir uma melhor fotografia, depois - e porque ele simplesmente não parava de olhar para mim, nem mostrava medo - para tentar ficar amiga dele.
Sou fascinada por aves. Não consigo compreender o que leva alguém a ter uma ave presa. Não consigo. Esta deve ter-se divertido muito a gozar com a minha cara, aceitando as ervinhas que lhe dei, para depois me morder o dedo quando lhe tentei tocar. Só depois de muito brincarmos é que se foi embora. Adoro.

22 de janeiro de 2008

do fumo

Quando eu andava na faculdade não tinha blog. Pena. Muita pena, que os odiozinhos e super-pragas-imaginárias já são desse tempo. O tempo em que eu tinha enxaquecas indescritíveis e em que trabalhava em salas miseráveis com goteiras e ventilação zero. Salas onde nos cotovelávamos para pintar (curso de pintura, sublinhe-se) e em que os meus queridos colegas e professores fumavam (cigarros, cigarrilhas, cachimbos e charutos e a beatinha no chão, claro está). Nessa altura eu era mais simpática do que sou hoje. Nessa altura eu pedia com jeitinho que fumassem lá fora e nunca originei a discussão séria que originaria hoje, se lá estivesse. Poucos foram os colegas que não me ignoraram. Felizmente havia outro chato-anti-tabaco que além de ser um amor de pessoa, media dois metros por dois e fazia kung fu. Com ele por perto ninguém fumava dentro da sala. Mas eu não me esqueço dos revirares de olhos, do desprezo e dos amuos de quem ia para a porta fumar. Pobres fumadorzinhos, tão discriminados que são. Ontem vi o Prós e Contras e tive ataques de riso colérico. Pobres fumadorzinhos... que agora têm de ir lá fora! Ora bolas! Que pena tenho deles! Que pena tenho! É que estou a rebolar no chão de tanta pena.

sinapse

Ontem acordei muito constipada e com dores de garganta. Caí na enorme asneira de voltar para a cama, que para mim resulta em apenas uma coisa: culpa. Culpa por não fazer nada, por sentir sono e desânimo, culpa por não terminar desenhos que tenho para fazer, culpa, culpa, culpa (sou tonta, eu sei) que me fez acordar sobressaltada vezes seguidas até que finalmente saltei da cama pronta para enfiar água salgada nariz abaixo. Fiquei de pé mas constipada e desanimada na mesma. Culpa. Quando se trabalha em casa e não se tem um horário de trabalho rígido, o risco de estupidificar é grande. E ontem estupidifiquei. O cérebro simplesmente pára, é fascinante.
Hoje, após sterimar, reiki, aulin e visualização de ar puro a limpar-me as entranhas, lá fui pintar uma parede. Às vezes imagino-me a tirar outro curso (ó pra ela cheia de tempo livre). Qualquer um relacionado com o cérebro e o comportamento humano. Bastou-me sair de casa. Bastou-me a música no carro, o sol, o mar além da estrada, os cheiros. E pronto. As rodas dentadas que movem a minha mente desencravaram. E a fila indiana de ideias recompôs-se.

Agradeço sem parar por ter clientes adoráveis. Que me recebem com imensa simpatia, que me confiam chaves de casa, que me oferecem o conteúdo do frigorífico. Por isso me sinto sempre culpada quando lhes encharco os lavatórios de tinta. Lavo tudo lavadinho e venho embora a flutuar.

No regresso a casa desafiei-me a entrar no labirinto vianense chamado Areosa. Após três minutos procurava não só o caminho de volta a casa, como o meu sentido de orientação. Há coisas que não mudam.

21 de janeiro de 2008

aqui ao lado

A minha vizinha dona P é velhinha e fala muito. Quando lhe pergunto como está o marido, ela fala dele e de tudo. Fala enquanto puder e tiver quem a ouvir. Ouço-a ali no corredor do prédio e ela fala fala fala e eu rio-me.
À noite a dona P tosse sem querer e eu ouço-a aqui ao lado. Tosse tosse tosse. E eu sinto pena.

emoldurada

... e na loja :)

19 de janeiro de 2008

filmei-me a desenhar

... pela primeira vez na vida. E não me reconheço, o que é giro. A luz é péssima e o som é da televisão. O desenho é um esboço para a próxima pintura.



18 de janeiro de 2008

o pecado tem cor: castanho escuro

Se eu tiver de escaldar a língua, escaldar mesmo, ao ponto de sentir as papilas gustativas inchadas durante dois dias... que seja com café, se faz favor. Que é para valer a pena.
Um dia disseram-me que o café sem açúcar "é que é". Decidi experimentar. Fui reduzindo e cheguei a isto. O doce amargo do café. E não sou suspeita porque já se sabe que açúcar é comigo. O café - cheio, para mim - sem açúcar é mesmo muito melhor do que antes. E se for para empurrar um chocolatinho-ou-derivado, é o paraíso.

Para mim que sou parvinha, só um expresso por dia. Eu se tomar dois cafés fico com o coração aos pulos, depois acho que tenho maus pressentimentos e depois fico angustiada.

a minha memória é um parque de diversões

Divirto-me a lembrar de coisas tontas.
Quando éramos pequenos íamos para a casa da nossa avó. Ela deixava-nos brincar com tudo mas nunca correr pela casa nem gritar, porque tinha umas vizinhas insuportáveis, más, más, más. Eram As Velhas De Baixo.

E agora estou a rir-me porque sei que o meu irmão, a minha primi e a minha teia se estão a rir também.

17 de janeiro de 2008

europa dos deprimidinhos



A ausência do sol deprime-me. O meu cactinho oferece-me a sua flor. Devíamos todos ser como ele.

16 de janeiro de 2008

do reiki

"Dói-me a cabeça..." - lamentou-se o Bruno.
"DÓITACABEÇA??? - eu, eufórica - anda cá que te faço Reiki! Já sei fazer Reiki!"
Três horas depois estava de pé na cova, o coitadinho. Disse-lhe, orgulhosa: "Catalisei-te a dor de cabeça. Não é super?!"

amor-ódio

Mantenho uma relação de amor-ódio com o ferro de passar e com o pano do pó. Isto é: amo odiá-los.

15 de janeiro de 2008

previsão



Gosto muito de fazer propostas de pinturas. Os desenhos são a porta da rua da minha cabeça. Com eles explico facilmente aos meus clientes o que imaginei para as suas paredes. Sem muitas palavras. Desenho e peço palpites. Palpitam e eu desenho. Ajudo-os a visualizar. Até ao grande dia em que lhes entro em casa e me sento no chão a olhar à volta, pronta para começar.
Esta proposta não passa disso mesmo. Pode vir a ser alterada ou mesmo trocada por uma floresta (torço, secretamente, por isso). Mas é muito bom, depois de terminada a pintura, comparar o projecto com o resultado final.
Aqui ficam as duas paredes separadas e aqui, juntas.

ora bolas

Hoje a minha balança chamou-me gorda. O Bruno comprou-lhe pilhas e ela tratou logo de quebrar o seu silêncio em mim. Respondo-lhe com bom humor, que ela tem é inveja de não poder ir à dispensa buscar doces e que vive numa casa-de-banho a cheirar-nos as necessidades. Mas ela não mente. E disse que hei-de ser uma grávida redonda. Ainda faz previsões, a estúpida.
Quando eu tinha 15 anos fiz a primeira dieta. Desde aí perdi-lhes a conta. Quem já fez dietas e as levou a sério sabe que muitas vezes o mais provável é perder o juízo juntamente com o peso, em proporções injustas. Já passei três meses sem chocolate, sei do que falo.
Ontem comecei a tomar spirulina. Estou tentada a também experimentar umas outras cápsulas naturais que conheci quando fui fazer a hidrocolon. Umas tais que inibem o apetite de açúcar e que devem ter "Natacha toma-me" gravado em cada uma.
Vou ali tentar fazer as pazes com a balança.

14 de janeiro de 2008

ando introspectiva sim

Quando eu era pequenina o meu projecto de vida era comer chiclets. Como os meus pais não me deixavam, sempre que tinha a oportunidade de comer um gelado, pedia um Epá.

Nunca fui fã de gelado de nata.

13 de janeiro de 2008

coisas minhas de que me orgulho

Um dia tinha cinco anos e decidi que ia aprender sozinha a andar de bicicleta sem rodinhas. Bastou uma manhã, a minha mãe dentro de casa e dois ou três tombos pequeninos.

Um dia entrei para o 10º ano e falava-se de praxes humilhantes. Fui sozinha para o liceu no primeiro dia de aulas.

Um dia decidi licenciar-me em Pintura. Bastaram-me cinco anos para sair de lá. Ainda não sei em quantos anos aprenderei a pintar.

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Desta não me orgulho mas rio sempre: um dia (tinha uns 13/14 anos) deram-me uma bofetada na cara - a única que levei na vida. Subiu-me uma lava vinda das profundezas do meu ser doce e meigo que saltou palma fora e assentou na cara daquela tonta que se atreveu a tocar-me na auto-estima.

mimi e o mar




quando a casa se apodera da dona

Depois de muita chuva, surge um raio de sol e a dona de casa só pensa em encher a máquina de roupa... é quando a casa é dona da dona da casa.

E agora que estendi uma máquina e enchi outra, vou levar a Mimi à praia, que vê-la a correr-quase-voar é terapia.

12 de janeiro de 2008

mais



Ainda dos meus sonhos: já tive a sorte de sonhar várias vezes que voava. Tenho a sensação gravada na minha memória como se tivesse voado mesmo. E voava à Peter Pan, sem asas nem esforço, ora pois.

11 de janeiro de 2008

o meu barco dos sonhos

O Barco dos Sonhos é a pintura de que mais me orgulho. Nasceu dum sonho que tive, em que via uma pintura linda numa parede e pensava "Quem me dera ter sido eu a fazê-la". Era uma fila de animais de peluche a flutuarem no ar, lutando por se manterem juntos dando as mãos, agarrando as caudas uns dos outros, as trombas (havia um elefante que não me saiu da memória e que deu origem a este)... e havia um barco de papel suspenso por balões. Na mesma altura, dois amigos queridos (Nhocas+Twin) trouxeram-me da Nazaré um barquinho de pesca. Quando o pus na minha mesa de cabeceira dei-lhe um destino diferente. Hás-de pescar os meus sonhos (que eu raramente me lembro dos melhores) e nunca peixinhos.
Comecei a desenhar. Trabalhava numa secretaria, atrás duma secretária onde muito desenhei para os primeiros quartos. E foi lá que tive, juntamente com a Cilu, um brainstorming delicioso. Nasceu uma (proposta de) pintura à qual a cliente não resistiu. E ainda bem.
Embora pareça uma arca de Noé, nunca o imaginei assim. Imagino antes animais que morrem e vão - literalmente - para o céu. Um céu cheio de nuvens fofas e estrelas que se podem tocar. Também imagino um grupo de pescadores que se esforça por apanhar sonhos (as estrelas), acabados de chegar ao céu e pasmos com tudo o que vêem.

Uma das próximas pinturas pode vir a ser o barco (ou a floresta), mas em duas paredes. Comecei a desenhar bichinhos. Aqui ficam :)



empirismo vegetal


As plantas de cá de casa são os meus animais de estimação. Estimo-as, o que não significa que tenham qualidade de vida. A teoria sobre como tratar de plantas não me serve. Observo-lhes as folhas e a terra. Na terra germinam ervinhas intrusas que eu adoro. São umas lutadoras, as minhas plantas. Mutilo a salsa para a comer e sinto que a traio.
Tenho vários cactos. Disseram-me um dia que os cactos querem pouca água. Um dia descobri que os meus estavam mirrados, em sofrimento. Comecei a regá-los muitas vezes. Desataram a inchar, a inchar, a crescer, a ter bebés. Um dos meus cactos oferece-me flores que só abrem à noite. Comove-me, o meu cactinho. Falo com ele, mas sou suspeita, que eu falo com tudo.

(suspiro)

8 de janeiro de 2008

javali pequenini

Que gosto de todos os animais já todos sabemos. Gosto de aranhas, salvo moscas de afogamento, pego nas cobras que o gato caça, defendo os touros, choro só de ver elefantes, odeio gaiolas e aquários, daria mais e mais beijos a todos os patos e coelhos do mundo, não vou ao zoo, não vou ao circo, etc.. Mas ainda tenho aquele sentimento do "queria um pónei" (no sentido de gostar tanto tanto que até guardo o bichinho lindo numa montra, de tanto que gosto dele que o quero só para mim, no sentido de gostar tanto tanto do canto do canarito que até o condeno a uma perpétua, de gostar tanto tanto do leãozinho que até o enfio numa jaula de cimento). "Queria" um macaco, "queria" um golfinho e também "queria" um porco (um porco hei-de ter). Hoje desenhei este javali bebé como proposta para a próxima pintura e apaixonei-me por ele.

Queria um javali.

7 de janeiro de 2008

meus pulmões. minha pele. minha roupa. meu cabelo.

Entrei no café daqui da frente.
O fumo era nenhum.
É inacreditável.
É um sonho.

Hoje dou-me conta de que nunca escolhia a mesa no restaurante sem antes verificar o conteúdo das mesas já ocupadas. É que nos restaurantes escolhe-se o que se come mas não o que se respira enquanto se come.
Mas isso era dantes.

5 de janeiro de 2008

auto-retrato

Enquanto eu comer chocolate e beber água, é porque estou bem.
No dia em que um elefante me pisou o coração, comi só uma sopa e a água vinha-me dos olhos, salgada.

4 de janeiro de 2008

o riso alheio

Há uns tempos participei num workshop de Técnica de Alexander, orientado por um homem especial (que me ensinou a perder o medo do escadote). O sorriso dele marcou-me. Não se ria muito como eu, muito menos às gargalhadas. Era tímido mas tinha um sorriso tão sincero que me fez sentir curada de todos os meus males só de olhar para ele. Um anjo.
Pus-me a pensar em como o (sor)riso dos outros é importante para mim. Como afecta directa e intensamente o meu bem-estar. Como me move.
Tenho sangue de palhaço. Fui perdendo as vergonhas ao longo da vida, só para me poder rir mais de tudo. De mim e dos outros. E para fazer rir os outros. Por isso alguém que simplesmente não ri, que nem chega a sorrir, nem sequer com os olhos, é logo à partida alguém de quem eu desconfio e um alvo muito fácil para as minhas piadas-mentais-impiedosas. Não fosse rir o melhor remédio... :)

3 de janeiro de 2008

lavar as entranhas

Hoje fui fazer a segunda hidrocolonoscopia da minha vida. Faço-a para me redimir... e porque toda a gente devia fazê-la. O médico contou-me que existe quem se veja livre de quilos (!) de coisas acumuladas ao longo de anos nas paredes do intestino e consequentemente, de uma série de outros problemas. Oba oba!

2 de janeiro de 2008

neurologia retórica

O que é que ocorre no cérebro quando se sente um aperto no coração?