24 de janeiro de 2012

note to self

Sorrir.
Dar beijos e abraços. Se não há família e melhores amigos por perto, há colegas de trabalho receptivos.
Fazer alguém rir.
Brincar e gargalhar.
Celebrar as mais pequenas coisas.
Tomar um bom pequeno almoço.
Passear e ver coisas.
Ouvir música.
A felicidade pode estar mais perto do que se imagina.

17 de janeiro de 2012

cream tea

Cream tea. Ou "a ignorância emagrece".
Ninguém viveu a sério até comer um scone carregado de natas coalhadas e compota de morango, acompanhado de chá. Eu comi o primeiro aqui, e desde então é ver-me fazê-los em casa e devorá-los às dúzias. Este país está a entranhar-se-me no sangue (as análises di-lo-iam, se acaso as fizesse). Até já prescindo do café, e tomo um chai com leite.
Se não fossem as escadas do trabalho e as trezentas vezes que as subo e desço diariamente, não sei... não sei não.

Acho que já estão cozidos. Adeus.

11 de janeiro de 2012

onze de janeiro de dois mil e doze

Choro baba e ranho de saudades da minha avó.

6 de janeiro de 2012

dia a dia

O despertador toca e eu não sou eu. Às 4h45 acorda uma parte de mim que é pessimista, que quer fazer birra de sono e de frio. Que quer demitir-se e que tem inveja do holandês que ainda vai dormir mais três horas. Às cinco da manhã sou branca como cal. Em 2011 este corpo não viu praia. As olheiras têm cor e relevo. A viagem de autocarro é tão rápida, quando se tem sono. Depois chego ao café vou directa para o frigorífico...

O resto de mim acorda por volta das nove. Todos os dias me sinto grata por trabalhar com pessoas amorosas, e por ninguém se chatear com as minhas palhaçadas. Todos os dias faço um esforço consciente por ser gentil com todas as pessoas com quem me cruzo.
O meu inglês é fraco. É incrível como noutro país, noutra língua, somos outras pessoas. Os meus colegas concordam comigo. Um colombiano, um francês, uma costa-riquenha, uma checa, uma polaca, um italiano, um espanhol. Enrolar os Rs, fazer soar os Hs. Distinguir beach de bitch, sheet de shit. Em Portugal i é i. Expresso-me mais do que nunca por imagens, por gestos, porque as palavras não me vêm à cabeça, muito menos à boca. O meu sotaque é outro, a minha voz, provavelmente também. Pareço ainda mais estúpida. Ainda assim, sinto que as pessoas gostam de mim. Tenho conhecido pessoas maravilhosas. Delicio-me com a disponibilidade que a maioria das pessoas tem para sorrir. Para falar descontraidamente com estranhos, para dizer uma graçola. Hipócritas ou não, dizem muitas muitas vezes desculpe, com licença, por favor, obrigada. Adoram filas. Nunca vi nada assim. O londrino adora uma fila e respeita-a religiosamente, e às suas regras intrínsecas, às variações, às filas duplas, à ordem de chegada. Nesta cidade, quem vê uma fila, mete-se nela (!). Diz a minha amiga Paz que podemos começar uma fila para lado nenhum, a qualquer momento, que com certeza alguém se vai meter nela sem saber para que é.
Há coisas de Portugal que se vêem muito melhor ao longe. Todos deveríamos experimentar sair de casa, de país, de língua. Para depois voltar, ou não. Mas para ver melhor. Para dar o devido valor às coisas.
Sou muito feliz em Londres.