31 de dezembro de 2007

na celulite duma mulher

... e não na pele.
Eu não sou nada de sexismos. Não sou. Acho que as diferenças entre homens e mulheres são tão óbvias que discuti-las é uma perda de tempo. Mas ser mulher num mundo de mulheres de plástico não é brinquedo. Ter a obrigação de não ter um bigode. Ter de ter uma boa pele aos vinte e cinco anos. Ter de estar bonita e de preferência magra. E todo o resto.
Há uns anitos vi na televisão um repórter a ser submetido a um electrocardiograma em directo. Despiu-se e deitou-se na marquesa naturalmente. Tinha uma grande barriga e a mim só me ocorreu E se fosse eu a repórter com a minha barriga flácida e o meu duplo-pneu-dorsal abaixo do soutien? - é que era escândalo nacional. E não é justo.

Hoje a Cilu aplicou-me tortura veet. Ainda bem que éramos só as três tontas do costume na cozinha e que eu lhe posso chamar todos os nomes começados por p e acabados em a, porque caso contrário e dependendo de mim, eu entraria em 2008 com cara de Frida Kahlo. Também fomos em busca de roupa nova e eu confrontei-me com um tsunami de celulite em toda a pele que vi naquele maldito espelho da loja. Agora não posso fechar os olhos que o que vejo é isto. Pensam os homens que fazer chichi de pé é o melhor. Não sabem. Nem sonham.

30 de dezembro de 2007

um ano

Este blog faz hoje um ano. Eu que nem sabia o que era um blog até me viciar no da Rosa e no do Ricardo (a culpa é toda deles), criei este sem fazer a mínima ideia do que aí viria. Posso dizer que o Vermelho Devagarinho mudou a minha vida. Descobri que não estou assim tão só na minha maneira de pensar e de sentir, descobri que há pessoas que se dão ao trabalho de vir aqui todos os dias e que me apoiam mesmo não me conhecendo pessoalmente.

Muito obrigada a todos os que me visitam. Os que comentam e os que ficam caladinhos. Aos que se deram ao trabalho de me escrever emails de que nunca me esquecerei. Aos que me fazem rir às gargalhadas, aos que discordam e se manifestam e aos que me linkam. Como já disse aqui, o meu blog não é só meu. Parabéns para nós!

28 de dezembro de 2007

birra de natal

Já passou. Sinto sempre uma angústia semelhante à que antecipava as injecções de penicilina, quando era pequenina e ficava doente da garganta e sabia, desesperada e impotente, que tinha de ser, que ia acontecer quer eu quisesse quer não, então nem adiantava chorar. Hoje posso fugir e bem podia vir o enfermeiro demoníaco, com a sua voz calma e meiga e de seringa, que eu correria de própolis na mão.
Não gosto do Natal e nem adianta dizerem-me para eu deixar de ser parva, que eu não mando no que sinto no fundo do fundo. Não gosto. Gosto do ideal e ainda tenho esperança de vir a gostar do todo. Mas há uns dias imaginei-me a fugir do Natal. A ir para uma ilha paradisíaca qualquer e a passar os dias 23, 24 e 25 só na praia a torrar ao sol e a nadar nua num mar azul. Não é fugir do que o Natal tem de melhor (que tem, eu sei). É fugir dos "apêndices".

Agora vem o ano novo e disso eu gosto porque adoro recomeçar, projectar e agendar. Há um ano fiquei bêbeda pela primeira vez na vida. Um horror. Mas cómico, como todos os momentos atribulados da minha vida.
Penso nos meus muitos projectos e recupero logo o ânimo.


O meu blog tem dois Dezembros :)

23 de dezembro de 2007

the night before christmas

Gosto tanto tanto tanto deste desenho animado que não tenho palavras para explicar.


A todos os que passam pelo Vermelho Devagarinho, um Natal muito feliz, cheio de Alegria, Amor e Paz. Beijinhos e abraços :-)

22 de dezembro de 2007

desejos de natal


Um lindo livro ilustrado pelo querido Ricardo. Uma bela prenda de Natal para quem tem as compras atrasadas! Este é meu meu meuzinho. Fui vendo no Flickr os pedacinhos das ilustrações a juntarem-se, ansiosa por poder ter nas minhas mãos um exemplar. E claro que tirei uma fotografia de família com as restantes obras de arte que temos cá em casa made by Wishes&Heros!


21 de dezembro de 2007

pelo menos hoje

Ontem fui fazer uma iniciação ao Reiki. Foi muito interessante, até porque como sou uma optimista muito tonta, já me imagino a curar meio mundo através das mãos.
Os cinco princípios fundamentais do Reiki são de uma enorme sabedoria. Tocam-me pela simplicidade. A minha mãe costuma dizer "Pelo menos hoje, não me vou preocupar." - o que é mesmo prático e inteligente, se pensarmos que vivendo um dia de cada vez, da melhor maneira, podemos mudar a nossa vida. Eu tenho a mania de agradecer. Ficar grata pelo céu azul, pelo lugar para estacionar, pela simpatia do funcionário dos CTT...
Aqui ficam os princípios:

Hoje abandono a raiva.

Hoje abandono as minhas preocupações.

Hoje trabalho honestamente.

Hoje dou graças pelas muitas bênçãos recebidas.

Hoje sou bondoso para o meu semelhante.

19 de dezembro de 2007

o jardim


O jardim que fui pintar e para o qual andei a desenhar bichinhos bochechudos. Fiquei muito satisfeita com o resultado. É raro ficar surpreendida com a pintura. Isto porque tem de ficar sempre exactamente como eu a imaginei. Mas confesso que estas flores (que a uma gulosa como eu só fazem lembrar Hansel e Gretel) me encheram os olhos, assim que comecei a pintá-las sobre o verde da relva. A parede transformou-se numa enorme página cheia de buraquinhos brancos à espera de ser preenchida por autocolantes. Diverti-me muito.











18 de dezembro de 2007

voltei



Estou cansada (como sempre quando acabo uma pintura) e com problemas no computador. Amanhã deixo aqui mais fotografias.
Este quarto ficou uma delícia e é uma pena que as fotografias nunca dêem a noção do que é a pintura ao vivo... as dimensões, as cores, os restinhos de lápis, as pinceladas, a caneta bic. Bom mesmo é cruzar-me com pessoas amorosas e crianças de olhos brilhantes.

15 de dezembro de 2007

até já

...vou jardinar ;)
Bom fim-de-semana!

14 de dezembro de 2007

eu mulher

Cenário: Zara.
Eu num quartinho de vestir, a experimentar camisolas de menos de dez euros. Na última vez que lá estive, palhaça, encontrei uns sapatos de tacão número 39 e calcei-os sem meias. Andei para a Cilu ver e nos rirmos feitas parvas.
Vem a Di e traz-me um vestido chique.
Vem a Cilu e traz-me outros 39 com mais de 10 cm de tacão. Calço. "Ó Nat tira as calças!" - começo a desfilar de pêlos à mostra e a falar num tom autoritário e estupidamente pausado:
"Não. Admito. Barulho. Nas minhas aulas!

Ahahahaha! Chama o Bruno! Chama o Bruno! Ahahahaha!"

Vem o Bruno e tira-me fotografias, claro está. Dispo a fatiota e saio da loja com uma camisolinha no saco e dois pés destruídos.

13 de dezembro de 2007

saco "bolsa"

Inspirada por um saco que a minha bizinhazinha me emprestou e por um que fiz para mim com restos de pano, fiz este.

... e tem etiqueta! Oba!

11 de dezembro de 2007

movimento pijaminha

Nunca tinha pensado que existem crianças vítimas de doenças oncológicas que ficam sem o que vestir quando internadas. Sempre fui mimada. Sempre tive muitos pijamas e muitas pantufas.

O Movimento Pijaminha é um projecto que nasceu duma iniciativa privada. Alguns amigos juntaram-se para recolher pijamas de Inverno e oferecê-los à pediatria do IPO de Lisboa. Devido aos tratamentos a que as crianças são submetidas, os pijamas que usam estragam-se rapidamente. Este é o terceiro ano em que a iniciativa se repete. Recebi um email onde estava disponível um número de telefone para o qual liguei a ver se era mesmo verdade. E atendeu-me uma simpática senhora chamada Carla Pereira, que me autorizou a divulgar aqui este projecto do qual faz parte.

Desta vez os pijamas, robes, pantufas, chinelos, meias e fatos de treino vão ser distribuidos por mais pediatrias de hospitais de Lisboa. Acho maravilhoso. Quem sabe se para o ano que vem já vão chegar a pediatrias de outras cidades?
É com pequenos gestos que mudamos o mundo. Acho que até um par de meias fofinhas fará a diferença para uma criança doente.
Para participar basta enviar os pijamas e/ou afins para a seguinte morada:

Apartado 45
EC - Cacém
2735-999 Cacém

Em caso de dúvidas, contactar Carla Pereira: 968 205 015

peixinhos


Para uma parede estreitinha. Considero os peixes animais amorosos. Têm bochechas, o que é meio caminho andado para que eu tenha vontade de lhes dar beijinhos.

Gosto de aquários quase tanto quanto gosto de gaiolas. Mas quero fazer um pedido a quem tiver, ou conhecer quem tenha um aquário de água quente, bem grande. Há dias fui a um restaurante onde dei de caras com um enorme (cerca de 30 cm) peixe destes. Não se mexia. Não tinha espaço para se mexer. E assim ficou durante todo o tempo em que eu e a Di estivemos a tomar café e a observá-lo. Fiquei mal disposta e revoltada a ponto de ir em busca da legislação que diz respeito a aquários e peixes em aquários. Felizmente consegui falar com um dos donos do restaurante, que para além de muito simpático e educado, me explicou que aquele peixe veio de um aquário ainda mais pequeno e que nesse sim, não tinha por onde se mexer. Mesmo assim eu sugeri que o dessem a alguém que tivesse um aquário maior. E ele aceitou! Agora ando em busca dum aquário com estas condições e de mais informação. Agradeço muito se alguém me puder ajudar e responsabilizo-me por levar o peixe até ao seu novo lar.

amanhecer

De manhã, metade da casa fica amarela e a outra metade fica branca. A luz embala-me sempre. Há dias em que me enche de força e vitalidade, há outros - como hoje - em que me empurra de volta para o choco.

10 de dezembro de 2007

o meu desenho animado favorito deste momento

Chia e Mia (Toopy and Binoo). Um ternura. Dois amigos, um rato e um gato. Um tagarela e outro mudo. Muito meiguinhos, muito queridos e muito tontos. Fazem e dizem coisas que me arrancam gargalhadas. Gostava que todas as crianças vissem este programa e que todos os adultos gostassem tanto quanto eu.
Na rtp2, às 12h30, durante a semana.

Boa semana!

pela taxa sobre os sacos de plástico

Eu já assinei a petição.

7 de dezembro de 2007

mau feitio é o que eu tenho, seja lá o que isso for

Quando estou na estrada a tentar entrar numa fila ou a virar num cruzamento difícil e a minha grande oportunidade se perde por causa dum pisca que outro condutor não pôs, lamento muito por o meu monstro não ter carta de pesados.

O mau humor de hoje deve-se às dores que tenho do queixo até ao peito (que nem viro bem a cabeça), nas costas, nas pernas, nos pés, nos abdominais e nos braços, que se devem ao facto de ter pintado durante seis horas em cima dum escadote e a olhar para cima. E se as vertigens causassem dores, acho que agora estaria de cama.

os meus cabelos brancos

Tenho muitos. Arranco-os sempre que posso. Peço que mos arranquem sempre que podem. Não me interessa se nascem mais. Odeio-os. Crescem espetados, brilhantes e sorridentes. Preferia ter piolhos. Até porque o Quitoso deve ser mais barato que a tinta que hoje comprei...

(suspiro)

5 de dezembro de 2007

meninos



O terceiro quarto que pintei e que me fez começar a publicitar o meu trabalho foi o quarto de dois meninos que gostavam de fórmula 1. Não é, de todo, um tema de que eu goste. Talvez por isso nunca tenha posto aqui estas fotografias.
Pior seria se me pedissem futebol (não gosto de futebol, nem de desenhar homenzinhos, nem uniformes...), o que me põe a pensar nos limites do que faço, dos meus princípios e da qualidade do meu trabalho (e do prazer em executá-lo). Nunca disse que não a um tema. Talvez porque nunca me tenham pedido um jardim zoológico ou um circo com animais. Esses sei que, por mais fofinhos que eu pudesse pintá-los, simplesmente recusaria fazer.

Apesar de não achar graça a carros de fórmula 1, pensar nos dois meninos a quem vou pintar o próximo quarto, na mãe gravidíssima e muito simpática e no modo como ela e o marido aprovaram o projecto e me chamaram logo para o concretizar, deixa-me realmente satisfeita. Amanhã lá estarei, com muito gosto.

3 de dezembro de 2007

muito obrigada

A quatro meninas queridas que, a troco de nada, fizeram publicidade ao meu trabalho nos seus blogs:

Birrinhas

Li*Azevedo

Sapatinhos de Verniz

APO (bem-trapilho)

Muito obrigada!
Se mais alguém fez publicidade e eu não me apercebi, é favor avisar-me, que isto não fica assim :D


________________________


Sara!!! Apanhei-te ;D
Obrigada :)*

mais do porto

Quando eu e a Carlita comprámos o exaustor mais barato que havia no hipermercado, levámo-lo para casa, eu apanhei-me a sós com o armário da cozinha alugada e fiz-lhe uma cratera. Fomos à drogaria, comprámos tubo de exaustor e fita-cola para isolar o tubo de exaustor. Fizemos furos na parede e a meio tivemos de parar para eu telefonar a um electricista amigo e lhe perguntar se o cheiro a borracha esturricada que se tinha instalado na nossa cozinha era sinal de alguma coisa muito grave.
Continuámos. Depois de eu transpirar rios e a Carlita ficar com asma, instalámos, finalmente, o nosso exaustor. Quando o pusemos no máximo e o máximo dele era fraquinho fraquinho, a Carlita disse que aquilo não era um exaustor, era um exausto. E rimo-nos tanto.

2 de dezembro de 2007

este monstro dentro de mim

Ia na rua. Vi quatro adolescentes. Um deu rebuçados aos outros e todos se puseram a comer. Somente um deles deu dois passos para deitar o papel ao lixo. Os outros atiraram tudo para o chão.
O monstro saiu. Pegou no caixote, rodou rodou e pimba na boca deles. Tão cheios de estilo e tão gulosinhos. Tão de dentes partidos.

Estava no cinema. Sentada e quieta como uma múmia. Eu e o Denzel gangster, aquele pão. Eu a imaginar-me traficante de droga e a lutar contra os "maus". Atrás de mim uma mulher de longas pernas. Um pontapé no meu encosto. Dois. Três. Vinte.
O monstro saiu. Levantou-se. Partiu as duas pernas à mulher. Pegou nela, rodou rodou e devolveu-a à Pontapelândia.

1 de dezembro de 2007

o meu Porto

Vivi na rua Coelho Neto. Depois na de Santo Ildefonso. Fui vizinha de casas de albergue, de muitos bêbedos e de barulhos estranhos. De taxistas porta fora de ferro na mão... Vivi em ruas mal frequentadas. Fui tão feliz. Ia a uma mercearia tradicionalíssima onde me acarinhavam, o dono e a dona, em que me cortavam o alho-francês e me impingiam a coelha de estimação que "coitadinha fica tanto tempo sozinha e consigo, menina, ficava melhor". Nessa mercearia encontrava muitas vezes as minhas vizinhas transexuais, que mesmo com mais de 40 anos, ainda pareciam homens gordos de peruca, ainda tinham voz grossa e eram uns amores sempre na conversa. A típica mercearia da baixa, o dono de bigode, a dona baixinha baixinha, os transexuais e a estudante de Belas Artes. Que saudades.