30 de setembro de 2007

acordo cedo mas é sem querer

Não sei o que é isto que me dá de manhã, que acordo e salto da cama tipo gafanhoto meio bêbedo. Com uma cara horrível para a qual tenho de olhar, pois o espelho está em frente à sanita. Parece que a cama tem migalhas ou que dá choques. Simplesmente não consigo ficar deitada depois de abrir os olhos. Acho que este estado de gafanhoto bêbedo - porque acordo com um salto mas tenho dificuldade em andar e ando numa triste figura (nua e descabelada) pela casa - é a minha essência. Sou movida a impulsos.
Estive aqui a olhar para a parede do escritório (aquela que eu queria pintar) e a pensar como deve ser difícil lidar comigo, se não se for movido a impulsos também. Eu de caracol tenho muito pouco e assim que decidi pintar a parede, tive de o fazer. Bastou o Brunim concordar com a côr.
A Cilu estava no computador, eu estava a arrastar o sofá e no momento seguinte já estava de cuecas em cima dum banco a pintar o limite da parede. Sem tempo para roupa de trabalho (em casa de ferreiro...) nem muito mais que a fita crepe no rodapé e o lençol no chão. "Lá está ela nua." - disse a Cilu cheia de paciência.
Agora a parede está meia acabada, pois aqui o lado do computador tem prateleiras pesadíssimas e sozinha não consigo tratar do assunto. E também tive de pendurar as molduras, mesmo vazias. Babo-me toda a imaginar qual a fotografia ideal para cada moldura, a ver as almofadas no sofá e a pensar iiiiiiiiii-keeeeeeeeeee-aaaaaaaaa...

Vou pôr aqui uma foto do lado bonito da parede. (Mais uma vez, o fascínio dos blogues... do "só mostro o que quero mostrar" e por isso mostro uma foto cortada da minha vida. As pessoas, baseadas no que podem ver, imaginam o resto. E só se eu disser é que imaginam que o resto da parede ainda está branco e que a secretária não é nada Ikea. Adoro.)


29 de setembro de 2007

obrigada :)*

No dia em que criei este blog não acreditava que ele pudesse ser lido regularmente por alguém e muito menos recomendado... é por isso que fico sempre muito grata e babadinha quando me linkam. Saber que existem mais pessoas com quem partilho os mesmos pontos de vista, sentimentos, gostos, ou o que quer que seja, é o que me prende ao mundo dos blogues.
Muito obrigada:

Alice

Analog Girl

Carla Delgado

Chana

Framboesa

InConsciente

Joana Mano

Marta Figueroa

Paulo F Correia

Pedro M

Rosa

Rute Carla

Sofia Quintela

Sónia

Tereclopes

Tulicreme

28 de setembro de 2007

eu comprei

Eu faço a minha parte para mudar o mundo. Se não faço a minha parte toda, faço pelo menos, parte da minha parte. O que já não é mau de todo.

Aproveito para dizer que, desde que falámos aqui de salvar a Terra e a querida Marta nos deu a ideia brilhante de guardar a água fria do início do banho, eu o faço todos os dias. Quando vivíamos no Porto e o nosso esquentador pifou, uma das primeiras coisas que fiz foi pôr o balde de lavar o chão ao lado da banheira. Isto porque era mesmo muita água fria que corria antes de chegar a quente. Ainda bem que começámos a fazê-lo aqui também (obrigada Marta!), pois com a aparentemente pouca água fria que nos sai do chuveiro, lavamos o chão todos os dias, se for preciso.

Na foto: o novo papel higiénico reciclado da Renova.
Os produtos RenovaGreen já gozaram de vida anterior. Resultam da nossa floresta urbana: papel recolhido em arquivos de escritório e sortidos de papel velho.
Papel e embalagem são 100% reciclados.

27 de setembro de 2007

sonho (juro que não tomei nada)

Raramente me lembro dos meus sonhos. E na maioria das vezes em que me lembro, lembro-me de ser perseguida em corredores labirínticos de lojas de roupa ou de andar à pancada com assassinos, disputando uma arma ou uma espada ou um punhal (já cheguei a ser alvejada por uma metralhadora)... eu que deixei de ver o telejornal (guerra) no dia em que sonhei com uma batalha campal em que as crianças que eu tentava salvar morriam ao meu lado no momento em que uma bomba destas explodia ao nosso lado... hoje tive, talvez, o sonho da minha vida.

Sonhei que nadava num rio. Havia árvores enormes e a luz do sol era amarela e morna e passava por entre as folhas. Tudo cintilava e o silêncio era profundo. Os ramos faziam pontes por cima do rio que era estreito mas fundo o suficiente para que eu saltasse, sem medo nenhum, do cimo dum ramo alto. Se não chegasse à tona a tempo de respirar, respirava dentro de água e era muito bom. Havia muitas flores e erva fina e plantas na margem. Tinha duas pessoas comigo mas não me lembro de quem eram. Comigo nadavam pelicanos verdes e castanhos com os seus bebés, que eles abraçavam com as asas enquanto flutuavam, sentados à chinês, à tona da água. Quando abriam as asas elas eram às riscas. As fêmeas eram completamente diferentes. Pequenas, esguias e brancas, com contornos azuis, amarelos e vermelhos nos olhos. Mergulhavam e passavam muito perto de mim, de propósito. Depois apareceram lontras que eram tão meigas e ingénuas que se deixavam tocar. Fiz-lhes festinhas e os olhos delas eram tão brilhantes. De repente pensei Se puser o pé no fundo, será lodo, pedra ou areia? E pus o pé e era uma areia tão fina e suave que parecia farinha. Depois vi-me noutro sítio a descrever à minha mãe as penas castanhas e verdes dos pelicanos para de seguida dizer a uma amiga "se sentisses, por uma vez, a felicidade que eu senti ali..."

26 de setembro de 2007

ou mai gode

Hoje nasceu-me um pneu na barriga que me olhou nos olhos e disse "Mamã!". E eu pensei seriamente se devia comer um Magnum Double... ou dois.

é oficial: vou à capital


Vou a Lisboa (e arredores, entenda-se) pintar quartos de crianças.
Também pinto outras coisas! Espreite aqui o portfolio.

Quem viver entre Viana do Castelo e Lisboa e quiser uma pintura por mais de 70 euros, que me contacte, por favor: natachavc@hotmail.com




Aqui vai todo o meu charme para o Google:

Pintura pintar pinturas pintora pinto pintainho de da do das dos quartos quarto parede paredes tecto tectos mural murais móveis mobília mobiliário decoração decorativo decorativa criança crianças bebé bebés recém nascido cor côr cores esqueça o papel de parede e as faixas e as colas por favor!
Encomenda encomendas orçamento orçamentos desenho desenhos projecto projectos perspectiva outubro viana do castelo braga porto aveiro coimbra leiria santarém lisboa setúbal. Ufa!

Se faltar alguma palavrinha chave, acudam-me escrevendo-a em forma de comentário, sim? :)

25 de setembro de 2007

para nunca me esquecer

Houve rotinas na minha vida que eu observei tão atentamente e com tanto prazer que nunca julguei ser possível esquecê-las. (Tenho recordações muito remotas. Uma das que mais gosto é de ter dois/três anos e ver os adultos de baixo. Isto porque o meu tempo de pessoa baixa passou com a infância e lembrar-me nitidamente dos meus pais com o tecto como fundo é sempre giro.)
Lembro-me de adorar ver a minha mãe a vestir-se e da sucessão creme-desodorizante-soutien-camisola interior. E da minha avó à noite a desmaquilhar-se e a pôr os rolos quentes no cabelo. Lembro-me da panela onde ela os fervia.

Há uns dias senti que se não fosse naquele preciso momento, nunca mais me lembraria dum dos rituais mais doces da Bonnie. Viver 13 anos com um animal que fala é torná-lo gente e família.
A Boni tinha um ritual do sono que repetia todos os dias da sua vida, desde que os outros dois chegaram. Adormeciam os três no mesmo ninho, onde ficavam encaixados. Um de nós (humanos) tinha de estender metade do cobertor no ninho e deixar a outra metade de fora para os cobrir. Primeiro entrava a Boni que dava uma marradinha no cobertor e se deitava com uma pata no ar para que a Gioconda entrasse e se encaixasse entre as suas pernas e barriga. Aí cobríamo-las com o cobertor e por fim vinha o Peter que só nos dias de muito frio queria entrar para o choco. Ele ficava em cima da Boni. E ela, cheia de paciência, adormecia assim com os seus bebés. Todos os dias. Todos. E eu quase varria isso da minha memória.

23 de setembro de 2007

domingo



Há dias em que me orgulho tanto de não ter feito viagens de sonho, nem comprado roupas que adorei. Ter o dinheiro para a renda é uma felicidade que se repete a cada mês. Lar, nosso doce lar. Devagarinho vai-se compondo.

21 de setembro de 2007

binhas binhas

A minha avó - sobre quem escrevi afundada em baba e ranho há uns meses - dava uma comédia. (Se alguém pensa que eu estou prestes a explorar a velhice duma senhora de 82 anos, acertou em cheio.)
A Binhas é um dos meus ídolos. Primeiro porque garantiu uma grande parte do meu mau feitio e segundo porque foi dela que herdei a mania de dar a opinião, a falta de vergonha na cara e a capacidade de envergonhar pessoas em público. Mas a minha avó é, de longe, muito mais cómica que eu. E ela não se esforça.

Muitos dos grandes ataques de riso da minha vida foram proporcionados pela Binhas. Minha avó, perdoa-me, que nem sabes o que é um blog.

A Binhas tem um bloquinho onde escreve tudo tudo tudo. Números de telefone, de telemóveis, datas de aniversários, crítica de cinema, anedotas e poemas. O bloco já está a decompor-se e por isso ela guarda-o dentro dum saquinho da farmácia e enrolado numa borracha. Um dia, emocionada, escreveu a letra do "Sozinho" que ouviu pela voz do Caetano Veloso e cuja melodia esqueceu por completo. Então hoje o "Sozinho" é um poema e a Binhas recita-o.
Há dois anos eu ainda morava com os meus pais e tinha comigo a minha querida amiga Raquel a passar férias. Foi num dia à noite, em que eu estava a cortar tomate para o jantar, que a minha avó apanhou a Raquel a jeito e lhe mostrou o seu bloquinho. Eu bem avisei que estava para chegar o "Sozinho" mas isso não mudou nada.
A Binhas pôs-se de costas para a Raquel por precisar de luz directa no bloco. E começou:

"Às vezes, no silêncio da noite, eu fico imaginando você." - eu começo a rir-me às gargalhadas. Ela continua: "Eu fico aqui, sonhando acordado, juntando o antes, o agora e o depois" - a Raquel quer rir-se mas engole. Eu rio-me cada vez mais e já não consigo cortar tomate nenhum. E eis que a Binhas faz um belo tom de interrogação, não fosse ela professora primária: "Por que você me deixa tão solto???... - e eu caio para cima da banca enquanto a Raquel treme e chora desesperada lágrimas de riso.

"Cala-te ó! Estás a rir-te de quê? Deixa-me ler!" - diz a Binhas, e continua: "... por que você não cola em mim? Estou me sentindo muito sozinho..."

Infelizmente tive de interromper o recital, por piedade da minha amiga, não fosse a minha avó começar a cantar "Eu não sei que tenho em Évoraaaaaaaaaa..."

20 de setembro de 2007

onde começa a intimidade?


Penso muitas vezes em quem serão as pessoas anónimas que lêem este blog e por que razão voltam a entrar. Penso se estarei a expor-me ou se na verdade, limitada pela censura, não estarei a criar uma versão de mim, muito mais interessante do que eu própria. Há dias senti-me muito observada por uma mulher na padaria. E depois de percorrer na minha mente todas as possíveis razões para que ela continuasse a olhar para mim, decidi: Ela lê o blog e está a ver se eu sou eu.

A verdade é que tenho medo da internet. Imagino monstros horríveis. Monstros que roubariam daqui uma foto dum dos meus alunos, ou do JB para fazerem montagens e as usarem da pior maneira. Roubariam fotos da minha casa ou da vista da minha janela, para descobrir muito facilmente onde eu moro. Monstros cheios de tempo livre para vasculhar blogues em busca de pedacinhos de intimidade que formam um puzzle. Desconfio que estes monstros não passam de bichos-papões. Pelo sim pelo não, não espreito para debaixo da cama.

Não tenho medo que quem me lê descubra que eu adoro provocar a minha avó com arrotos, gases e beijos na boca e lhe minto dizendo que também sou porcalhona na frente de todas as outras pessoas, que sou ainda mais teimosa do que aquilo que escrevo e que ganzada pareço deficiente mental.
Tenho medo do que a mulher da padaria possa ter feito. A intimidade não começa onde eu páro de escrever.



Os ignorantes não sabem que esta cadelinha adorável, além de ser assassina de aves, ratos e um gatinho bebé, já mordeu gente inocente e aterroriza algumas pessoas. E tem um hálito dos infernos...

19 de setembro de 2007

o monstro camufla-se



- Anjinho! Nunca estive num sítio tão alto. Onde estás?
- Estou aqui dentro! Acho que ele me engoliu.
- Não tens graça. Tira-me daqui que estou com vertigens.
- A sério, Ovelhinha, estou na barriga dele.
- Mas tu não disseste que isto era a Serra da Estrela?

18 de setembro de 2007

este feitio que vive dentro de mim

As raízes dos meus cabelos brancos apareceram, o que torna as madeixas ainda mais deprimentes. Estou velha.
O meu irmão fez anos e a Cilu também. Estou velha.
Reencontrei um amigo de infância, mais de 12 anos depois. Estou velha.
Estou barriguda e preciso de ir para o ginásio, pois a dança não me basta e pretendo parir um filho daqui a três anos sem atingir os 80 kg. Estou velha.
Fui ao Ikea mais uma vez mas não posso falar nisso que o Brunim diz que eu estou obcecada.
Por falar nisso, vou pintar a parede do escritório antes de o remodelar todo todinho.
Hoje ao jantar tive um momento de inspiração profunda, desenhei desenhei desenhei e escrevi. E já só penso em partilhar aqui a concretização da "coisa".
Estou furiosa com o anúncio das cápsulas-maravilha-para-a-máquina-da-louça em que o marido é um idiota e a mulher grávida é uma dona de casa exemplar, assim como com outro em que uma raposa diz que a Teresa é esperta porque faz três coisas duma vez: limpa, limpa e limpa. Também odeio o dum champô em que mulheres sofrem horrores ao tentar disfarçar a queda de cabelo. Eu cá boicotaria tudo, após redigidos e enviados uns emails de protesto. Estou velha mas não estou cheché. Já alguém reparou em como 90% dos anúncios são dirigidos a mulheres e em como 100% deles pretendem fazer de nós donas-de-casa-magras-bonitas-e-burras? E o pior é que quase* me convencem.



*Amanhã mostro onde o monstro decidiu aparecer...

17 de setembro de 2007

lar



Há dias em que me apaixono pela minha casa.

16 de setembro de 2007

jino kang

Por favor, por favor, alguém me diga por que tanto procuram o Jino Kang!!! E por que todos os dias entram no mínimo 3 pessoas aqui no blog vindas do Google, à procura do Jino Kang. E porquê de repente? Dum momento para o outro, começou tudo à procura do Jino Kang e eu, quando vou pesquisar, só vejo interesse mesmo é no tal passarito de que falei há séculos, aqui. Acudam-me. A minha curiosidade mata-me.

Depois de escrever Jino Kang tantas vezes, ainda subo mais no Google... que totó.

14 de setembro de 2007

rio até chorar

Há coisas que, inesperadamente, me fazem rir muito muito muito. Chorar de tanto rir. Estas duas têm em comum o Barry White. Admito que só tenham mesmo muita graça para quem adorava a Ally McBeal e para quem deteste telefonemas daqueles muito chatinhos em que nos impingem qualquer coisa que não queremos. Vou rir-me mais um bocadinho.



Este post do Vida de Casado, um blog que quase me faz cair da cadeira de tanto rir.

13 de setembro de 2007

jingó béu jingó béu

Já comecei a pensar no Natal. Basta ter deixado de ir à praia.
Deixei de gostar do Natal por vários motivos. O que mais pesa é o facto de ter vivido no Porto, pois foi lá que descobri o que é ter frio a sério, frio de congelar as mamas ao ponto de achar que os mamilos me cairiam, vestir dois pares de meias, duas calças, dois casacos por cima do resto da roupa, um cachecol de três metros e ainda assim ter frio. Dormir com botija e estudar perigosamente colada ao aquecedor. Ver os sem-abrigo a dormirem na praça dos Poveiros, em bancos de pedra e pensar no que é ter frio, afinal.
Depois do dia em que, por medo, não fui falar com um homem que tinha como vizinho, que dormia num cartão e fazia chichi num garrafão e que surpreendentemente continuava vivo, dia após dia, eu deixei de poder gostar deste Natal que me apresentam. Da chuva de prendas, das toneladas de papel (=árvores mortas) poluente, da comida que não acaba, do exagero de luzes e de sons e de publicidades olhos adentro que quase me fazem esquecer desse dia e desse homem. E do Natal dele.

Eu sonho com um Natal diferente e sei que hei-de me reconciliar com o Inverno. Vinha aqui dizer que tenho tido muitas ideias de coisas giras para partilhar/vender e promover o meu Natal de sonho, como papel de embrulho feito de jornal, embrulhos sem fitas de plástico, prendas baratas (porque também odeio a associação caro=bom), postais e lembranças-mini-mini. Mas acabei por ouvir uma música da Joni Mitchell que é das coisas mais bonitas que há e que ouvi pela primeira vez numa versão dos Travis. Uma depressão natalícia que diz I wish I had a river I could skate away on. I wish I had a river so long I would teach my feet to fly.

12 de setembro de 2007

azul

Um dia destes fomos a Ponte de Lima namorar. Quando entrei com o carro na auto-estrada olhei para a paisagem à minha volta e senti uma paz profunda. O anoitecer era azul, o verde dos montes era azul e o cheiro era azul. Desliguei o rádio e inspirei. E ao fechar a janela para começar a acelerar, fui arrancada desse momento egoísta por uma pergunta que aterroriza tanta gente e que por momentos me aterrorizou também:

O que é que eu faço aqui?

11 de setembro de 2007

papel de parede sem papel

Fui ao Porto pintar o quarto duma amiga, o que é muito bom, já que fui muito bem recebida. E controlada por três cães adoráveis.
Depois dumas horas de simetrias e assimetrias, comecei a trocar os olhos, talvez influenciada pelos três metros de pé direito do quarto, associados ao escadote tremelicante e às vertigens que tento esquecer. Sinto-me muito cansada.

Recentemente o meu cérebro deixou-se de ritmos alucinantes, prova de que somente agora - tarde demais - está preparado para as férias.


Gosto muito das pessoas que vêm aqui. Das que comentam e das que ficam caladinhas. Beijinhos.

9 de setembro de 2007

acabei e entreguei

cena da vida privada

Eu ao volante, o Tio Fernando ao meu lado, o Bruno atrás. Os três no carro parado, à espera de alguém e eu a queixar-me de não saber puxar arrotos. O Tio a mostrar-me calmamente como fazer, enquanto arrota sabiamente, eu a engolir ar como uma idiota e o Bruno a arrotar o alfabeto.

8 de setembro de 2007

pipocas à minha maneira

Atençom! As pipocas à minha maneira são como o Pudim Abade de Priscos: mais vale comer sem saber a receita.

  1. Cobrir o fundo dum tacho alto com milho para pipocas.
  2. Deitar óleo suficiente para que o milho fique coberto.
  3. Polvilhar a superfície do milho com açúcar. Fazer isso cinco vezes. Não mexer.
  4. Pôr ao lume forte.
  5. Quando as pipocas começarem a estourar, agitar o tacho sobre o lume, em movimentos circulares. Sempre com lume alto.
  6. Assim que acabar o bombardeamento, desligar o lume para que o caramelo não queime.
  7. Ter cuidado para não queimar dedos e bocas porque o açúcar carameliza (ver na foto a cicatriz do meu polegar) e é por isso que as pipocas ficam unidas venceremos. Adoro.

cabeça de vento

Ontem fomos à feira. Eu, inspirada pelo Ikea, fui decidida a comprar umas almofadas para o sofá e umas rodinhas para a mesa de cabeceira (na loja de ferragens ao pé da feira).
Somente depois de chegar a casa, pôr as almofadas no sofá, sentar no sofá, aparafusar as rodinhas à mesa de cabeceira, virar o quarto de cangalhas a ver se ficava mais "Ikea", arrumar tudo tudo tudo, tirar roupa do estendal, varrer e ver televisão... somente depois disto tudo, apercebo-me de que não tenho a minha carteira comigo. E conhecendo o meu magnífico cérebro, soube que era bem provável que durante a arrumação a carteira tivesse ficado na caixa de ferramentas, numa gaveta, no frigorífico, no lixo... Revirei tudo. Tudo! E nada. Comecei a pensar no B.I., no cartão multibanco, na carta de condução, nas notas de 20 euros que me lembrava de ver lá dentro e comecei a ficar com um nó na garganta, pois não me cabia na cabeça poder ter deixado a carteira largada num balcão ou numa das tendas da feira.

Liguei para a loja de ferragens, após uns minutos dramáticos de páginas amarelas. Nada da carteira. Só me restava ir até à feira. E depois passar na polícia. Merda pá, agora vou ao sol da uma, vou ter de procurar lugar para estacionar, vou ter de isto e de aquilo e no fim não há carteira para ninguém! Bem feita por seres desarrumada. Bem feita por andares com a mochila aberta. Bem feita! E de repente lembrei-me da ladra mijona e do Sr. Avelino que afinal não era Avelino. E ainda com o nó na garganta, comecei a pensar que não. Que eu sou é boa pessoa. Que jamais ficaria com uma carteira encontrada, que jamais roubaria uma notinha, mesmo que encontrasse 500 euros. Jamais. E depois pensei no senhor da loja de ferragens e em como ele embrulhou as rodinhas, e na simpatia do senhor das almofadas. E senti que eu mereço estar rodeada de boas pessoas, honestas como eu e que a minha carteira apareceria.

Cheguei à feira.
"- Escolha, menina.
- Boa tarde, eu vim aqui de manhã, levei duas almofadas quadradas, lembra-se?
- Ah sim.
- Eu perdi a minha carteira!...
- Ah então é sua! "

O meu alívio.
A carteira intacta, o cuidado do senhor ao pedir-me que primeiro descrevesse a carteira, o quase-pedido-de-desculpas por ter mexido nos documentos à procura dum número de telefone, o Veja se está tudo direitinho e os meus duzentos muito obrigadas. O nó na garganta que não se desfez porque eu queria mesmo era abraçar o homem e dar-lhe uns beijinhos ou comprar-lhe mais almofadas, mas vim para o carro, e outros três feirantes viram tudo e eu pensei Vêem que bem? Isto é a lei da atraçom!

A verdade é que eu acredito que tudo o que faço, volta multiplicado. Acredito em coisas a que muitos chamarão Deus. Mas não falo nisso porque quem fala muito nisso com alguém que não está receptivo, passa por muito tolinho e eu já tenho a minha reputação em risco.


5 de setembro de 2007

só para implicar

Eis que vou fazer uma afirmação mais polémica que a do meu sim ao referendo:

Eu detesto o Dr. House.

Aqui em casa não há TvCabo. Eu não vejo televisão durante o dia (a não ser os meus adorados desenhos da rtp2, de manhã) e à noite gosto é de ver um concurso para me aperceber de que sou mesmo uma inculta. Depois da novela da Sic (que eu até vejo, embora não saiba o que se passa ali, só sei que há a gémea boa e a gémea má, então lembro-me das Mulheres de Areia, do Tonho da Lua e enquanto digo para mim Aaaaaaaaaã Rutchinhaaaaã éeeeeeee bouaaaaaaaã aaaaaaaã Ráquéu éeeee maaaaaá, aquilo acaba) dá uma coisa que dá pelo nome de Vingança e que já me levou às lágrimas de tanto rir. O que eu quero é o CSI mas como sou chata, quero o Las Vegas, que o Miami tem o Horatio e eu tenho um ódiozinho de estimação pelo Horatio. E quando passo no Dr. House, e páro para ver, é que me salta a tampa. É que eu sou péssima nos concursos mas sou óptima a adivinhar finais de filmes, séries e afins. E quanto ao House, aquilo é tão nível 1 que até dá sono. Os médicos atenciosos e meigos passam dois dias a tentar salvar alguém da morte certa e quando já se perdeu a esperança, o malcriado e arrogante está sentado na retrete e desvenda o mistério. Salva o doente e acaba o episódio.

Ontem vi a Anatomia de Grey e chorei um bocadinho, por isso ainda há esperança para mim que, desde a Ally McBeal, não sigo uma única série.

Adoro dizer retrete.

4 de setembro de 2007

lá fora

Tranquei-me em casa. O sol e o calor entram pela persiana. Só queria ir à praia. Mas há encomendas com meses (meses!...) que tenho de entregar. Mesmo contrariada, vou terminar tudo o que há para fazer, que odeio deixar coisas para trás. Porque é que Agosto chegou em Setembro?
Hoje pusemos à porta do prédio um estendal enferrujado, um frigorífico velho e um colchão pré-histórico, que as fadas do lixo levaram, depois de falar com uma delas ao telefone. Ao limpar a casa, limpo a alma também.

Pinto, contrariada, uma paisagem onde gostaria de estar.

chocolate

Ser dependente de chocolate é ficar desesperada por não haver em casa nem sequer do de culinária e comer nesquick seco à colher. Sair à rua de porta moedas na mão decidida a comer dois magnuns ou seis serenatas de amor, ver que o café está fechado, pensar pataqueparéu e seguir rumo à padaria. Não comprar nada, voltar frustrada para casa, encontrar um chupa-chupa britânico que a querida bizinha trouxe, metê-lo à boca e verificar que é de menta, dizer pataqueparéu, mesmo assim comê-lo todinho até ao fim, sabendo que o sangue distingue muito bem o chocolate do resto.

Uma meia hora antes da eutanásia, dei chocapic à Bonnie :)

3 de setembro de 2007

saudades de ser pessessora

Lembro-me muito da Sara, uma menina que poucas vezes me dirigiu a palavra mas que foi a primeira a tirar-me do sério (pôr-me roxa, a suar, a esbracejar, a desgoelar-me, a ficar como só quem passa por isso sabe). Mas lembro-me dela pelas melhores razões.
Uma vez fiz um concurso. Tinham de fazer um desenho e o melhor receberia um prémio. Disse-lhes que não precisavam de entregar o desenho terminado, até porque tínhamos pouco tempo. Apesar disto, eles desenharam e pintaram à pressa, mais ainda ao ouvir-me dizer que já estava na hora de entregar. A Sara entregou-me um desenho a lápis e ainda por pintar, calmamente e sem pretensão nenhuma. E eu nunca me vou esquecer da expressão de felicidade que invadiu a carinha dela quando eu disse à turma que ela era a vencedora. Tive de lhe dizer que viesse receber o prémio, pois ela continuava sentada.

A Sara era magrinha, alta e morena. Uns olhos enormes, pretos e pestanudos. Nunca foi de muitos abraços e beijos mas criou um ritual comigo: saía da escola e dizia-me adeus ao ver-me entrar no carro. Sorria sempre. E enquanto eu fazia a inversão de marcha para descer a rua, ela ia andando em direcção a casa, atravessava a estrada principal e às tantas atrasava o passo e punha-se a olhar para trás enquanto andava, que era para me ver passar de carro. E eu passava e dizia-lhe adeus, e ela a mim, de muito longe, e ficava tão feliz que eu nem entendia porquê. Fazíamos isto todos os dias e eu ainda hoje sinto vontade de chorar ao lembrar-me dela na beira da estrada e de mochila às costas, à espera que eu passasse.

juro que esta música me arrepia as unhas dos pés

destes dias


Amanhecer na varanda e anoitecer na lagoa.
Ficar perdidamente apaixonada pelo Ikea de Matosinhos. Querer a casa toda assim. Encontrar motivação para trabalhar muito.

2 de setembro de 2007

mamã

A minha mãe e eu somos mamíferos. Ela porque me deu de mamar e eu porque a mamei até ficar gigante. A minha mãe imagina-me, assim como ao resto das pessoas que ama, pequenina, para me poder guardar dentro do coração. A minha mãe faz umas massagens que são só dela e que acabam com um beijinho.

Amor da minha vida
Daqui até à eternidade
Nossos destinos foram traçados
Na maternidade*

1 de setembro de 2007

ser muito tonta

... é parecer uma adolescente ao ouvir e ver o John Mayer tocar uma música que, se fosse cantada em português, roçaria o piroso. Ainda assim, ouvi-la uma e outra e outra vez. Decorar a letra e cantar também.
É a bida...