30 de junho de 2007

porque é que eu ponho esta imagem aqui?

Porque se pusesse esta talvez espantasse 50% das pessoas que entram no blog. E o que eu quero é que vejam, leiam e assinem esta petição, se concordarem comigo.

Mulesing é o nome dado ao seguinte procedimento (vou falar grosso porque não sei explicar doutra maneira):

  1. Os produtores de lã (na Austrália, por exemplo) precisam de manter as suas ovelhas saudáveis
  2. (30% da lã mundial é australiana)
  3. As ovelhas merino produzem muita lã na zona que circunda o ânus
  4. Essa zona pode ficar porquita e atrair uma mosca que lá põe ovos que depois dão em larvas e que se alimentam da ovelha, o que dá em doença, logo, prejuízo para os produtores de lã
  5. O que fazer?
  6. Corta-se um naco de carne ao animal, o que é bastante inteligente, uma vez que onde é retirado um naco de carne, não deve voltar a nascer pêlo.
  7. Mais inteligente ainda é poupar dinheiro na não-utilização de qualquer anestésico em todo o processo
  8. (Produzir lã é um negócio lucrativo e inteligente. Não sei por que continuo a pintar feita parva)
  9. É escusado eu dizer o que faria aos senhores que praticam mulesing
  10. Também é escusado dizer por que fujo a sete pés de roupa cuja etiqueta diga "lã". Mas digo: é que o mais provável é que na percentagem de lã haja sangue. E a cor do sangue não me fica bem. Sou vaidosa.
Eu sinto-me na obrigação de dizer que é muito provável que muita da lã que vestimos venha de ovelhas mulesingadas. Também devo dizer que quando a lã das ovelhas australianas já não é boa, elas são exportadas para os nossos pratos. Fazem viagens infernais de barco porque o melhor método para manter a carne fresca durante o transporte, é mantê-la viva. Assim ou assim ou assim.

Também tenho de dizer que ao assinar a petição (digam o que disserem, eu amo, adoro, venero a PETA) estaremos a pressionar os produtores de lã para criar alternativas a este método.
E agora que já me apetece chorar e escrever palavrões e pragas aqui, vou embora.
Nota: Eu ainda tenho camisolas de lã, ainda tenho algumas sapatilhas de couro e ainda não sou vegana. Mas posso dizer que não tenho síndrome de avestruz e que quando sou alertada, abro a pestana.

link link link

Obrigada por me linkarem! É sempre tão bom descobrir que alguém gostou de vir aqui a ponto de recomendar :)

Patra :)* (oi!)
Rutinha :)*
Kelly :)*

... e ao dono de um outro blog que é privado :)*

Obrigada!

29 de junho de 2007

jovem!

Tens mais de 20 anos?
Sentes uma nostalgia dentro de ti quando ouves falar em Tom Sawyer, Pequenos Póneis e ANA DOS CABELOS RUIVOS?
Então junta-te a nós!
Gravavas episódios em VHS?
Guardaste as cassetes até hoje a pensar porquê guardar isto??
Procura urgentemente as cassetes e guarda todas as que tenham qualquer pedacito da Ana dos Cabelos Ruivos e contribui para que a série seja editada em DVD aqui em Portugal!
Se encontrares alguma coisa contacta-me e eu contactarei os meus superiores hiper-nostalgicos-psicotico-doentios para que procedam à recolha das cassetes!
É urgente!
Isto não é um forward! Sou eu que estou parva logo de manhã!



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P.S.: Enquanto vasculho nas minhas cassetes gravadas há 17 anos, encontro coisas maravilhosas como o Kissyfur. E não é que está no Youtube?

28 de junho de 2007

de volta do próximo

Para saciar a vontade-de-mais das minhas queridas Sandra Silva e Lena que já várias vezes me perguntaram pelo número dois do Histórias Pequeninas e também da Karla que ficou com pena de não ver a história do cotão no primeiro livro :) ... aqui vai uma espreitadela do próximo livro. Inclui as restantes histórias do Anjinho (cotão, óculos partidos, melrinho, índios e herói de bolso), a fábula dos gatinhos e outras que ainda não estão ilustradas.

Tenho de agradecer por todas as palavras simpáticas que me dizem aqui e por email. O ânimo cresce dentro de mim com a vontade de fazer mais e mais e de partilhar tudo o que faço.

Hoje fui enviar dois livros ao balcão dos CTT e estava lá um senhor a reclamar por correspondência que nunca mais chega (déjà vu...). Tive de enviar o livro que ontem me foi devolvido, em correio azul e registado, para não voltar a perder-se. Fiquei revoltada de novo.
A meu ver, não deveria ser necessário usar o correio azul para ter a garantia de que a correspondência chega em poucos dias, não deveria ser necessário enviar registado (beeeeeeem mais caro) para se ficar tranquilo que "a coisa é mesmo entregue", assim como não deveria ter de pagar outra vez para enviar uma encomenda para a mesma morada (que estava correcta) porque um carteiro não deu com a casa. Enfim, não deveria ser necessário desconfiar de um serviço público e do profissionalismo dos seus funcionários.

27 de junho de 2007

boa fé


Os livrinhos que demoraram uma semana a chegar aos seus destinos já me tinham sido encomendados há séculos. Ainda tenho uma listinha de encomendas mas espero conseguir (finalmente) fazer livros suficientes para ter em stock, em vez de os ir fazendo e enviando imediatamente, num processo a que a Lu chamou de "pão quentinho".

Lamento muito por ter ficado desconfiada do serviço dos CTT. Passaram-me várias coisas desagradáveis e injustas pela cabeça, antes de receber os emails de confirmação de que os livrinhos tinham chegado. Um deles voltou para trás, com indicação de que o lote onde vive a compradora "não existe" (embora exista pois a morada está correcta). Agora tenho de voltar ao meu pensamento positivo e acreditar que tudo continuará a correr bem.

Enquanto me habituo ao novo ritmo de trabalho, posso dizer que os livrinhos são o primeiro objecto na prateleira da minha lojinha virtual (ainda por decorar e abrir ao grande público) que podem espreitar aqui e onde pretendo partilhar tudo o que tenho em mente mas que está ainda por concretizar, para vender.

26 de junho de 2007

doce marta

Eu ADORO prendas fora de época mas esta chegou pontualíssima. Eu é que só abri a caixa de correio hoje de manhã, num ataque de fúria que me deu, por saber que há três livros que ainda não chegaram aos seus destinos. Coloquei-os no correio há uma semana e ainda não chegaram, o que me deixa muito frustrada e a pensar seriamente em enviá-los registados a partir de agora. (Se mais alguém recebeu o livro - ou não recebeu de todo!!! - com atraso de uma semana por favor diga-me, que é para eu ir zangar-me com os correios ainda hoje...)

Pois bem, fui cedinho ver o correio porque imaginei que os livrinhos pudessem ter voltado para trás. Em vez deles, encontro duas cartas de feliz aniversário. Uma da escola de dança e outra da querida Marta que me surpreendeu tanto... Nem sei como agradecer. Queria pegar em cada uma destas prendinhas e guardá-las dentro do meu coração palpitante. Tudo tão delicado e doce como tu, Marta. Uma ternura. Muito obrigada.
Muito obrigada a todos os que me mimam aqui e que me enviam boas energias. Bom dia :)

noite de pijama

O meu herói de bolso* (o lindíssimo #71) vive no espelho do quarto, perto dumas fotos dos cabeçudos e gigantones de cá de Viana. Nunca saiu da moldura do espelho até que, há uns dias, apareceu tombado. Coloquei-o no seu lugar e, qual não é o meu espanto, quando na manhã seguinte aparece de novo fora do sítio. Bastou isto acontecer apenas mais uma vez para eu perceber que não caiu sozinho...

O Anjinho foi atraído pelo mio de um gato. Apesar de nunca ter mexido em gatos e de ter medo das suas unhas afiadas, ganhou coragem e foi falar com o #71. Mas a Ovelha também foi.

- Olá! Ovelhinha, dá-me a mão (sussurrou).
- Porquê, tens medo? Ele é tão fofinho...
- Não é isso... dá-me a mão, por favor.

#71: Olá!
Ovelha: Olá. Olha, queres vir dormir a nossa casa esta noite? Eu faço sopa de cotão.
Anjinho (ainda a sussurar): Eu acho que ele já não tem fome. Tem um gato na barriga, Ovelhinha... reparaste?
#71: É meu gato de estimação. Pode ir também?
Ovelha: Claro!

O jantar foi tão divertido que na noite seguinte quiseram repetir. O Anjinho perdeu o medo do gato e até lhe fez festas. Pior foi colocar de novo o #71 no espaço estreitinho que lhe destinei, na moldura do espelho. Por isso decidiram simular a queda para cima da cómoda.


O gato morde?...

25 de junho de 2007

às minhas custas - 1º dia


Hoje é o meu primeiro dia de trabalhadora por conta própria.
Ainda não comecei a trabalhar porque tenho uma casa caótica para arrumar, duas toneladas de louça suja para lavar e um monte de roupa por passar que conversa comigo sempre que eu estou a menos de cinco metros dele. Estou a pensar muito muito muito seriamente em me dar por vencida e chamar alguém para passar a minha roupa a ferro semanalmente. O Brunim é esperto e passa a dele antes que o monte cresça. Eu adio até ficar sem calças para vestir. Existe algum truque para passar a roupa a ferro rápida, facilmente e com muito gosto?

Na última pintura que fiz dei-me conta do quão afortunada sou por ter escolhido a minha profissão. Estava sentada no chão do quarto do Simão. A porta da varanda estava aberta e entrava uma brisa muito quente. Eu sozinha, em silêncio e suja de tinta, de repente dei-me conta de que o quarto tinha vista para o mar. Bastou isso para sentir que vale a pena trabalhar até à meia-noite e ficar muito cansada, muitas vezes...

Hoje fui entregar o último recibo das aulas. Dentro de mim a certeza de que vai correr tudo bem, de que o meu talento me sustentará e de que o meu blog atrai pessoas boas e sensíveis. Estava no trânsito das intermináveis obras na estrada e vi o céu muito azul. A história dO Segredo é mesmo verdade: atraímos aquilo em que pensamos.

22 de junho de 2007

férias

Acabaram as aulas e com elas a minha experiência como professora em escolas primárias. Despedi-me dos meninos sem adeuses, sem lágrimas, sem discursos. Porque já foi tudo dito e porque hei-de visitá-los.
Todas as turmas estiveram especialmente insubordinadas nestes últimos dias. Prometi caramelos de morango a quem se portasse bem... somente os do monte tiveram direito.
Um dos 13 veio dar-me um beijo pela primeira vez e disse:

Eu queria ter mais aulas. Estas foram as aulas de que mais gostei. As minhas aulas favoritas.




21 de junho de 2007

publicidade enganosa

Eu desconfio muito dos blogs. Uma ideia que me fascina é imaginar a casa e a voz dos bloggers.
Da minha casa já dei muito a adivinhar. Uma casa com gente, roupa por passar, muita luz e todo o material de que preciso espalhado desde a cozinha até à casa de banho. Eu eléctrica e desarrumadíssima e o Bruno tão calmo e metódico...

Um dia destes vi e ouvi a Rosa* numa reportagem e, apesar de até ter correspondido ao que eu imaginava, é diferente.

Imagino um leitor deste blog a conhecer-me pessoalmente. Eu que falo falo falo. Falo alto! Digo piadas estúpidas e rio à toa de tudo e para todos. Falo sozinha, falo com pessoas que não conheço, falo com os outros condutores, gesticulo, imploro de mãos juntas para que me deixem entrar numa fila e atiro beijos de agradecimento se me deixarem. Eu que não tenho vergonha de quase coisa nenhuma. Digo sempre sempre sempre olá boa tarde, faz favor, obrigada, com licença, adeus boa tarde e levo a mal se não me responderem. Arregalo os olhos, gesticulo, faço caretas e imito. Imito vozes e gestos doutros e rio-me às gargalhadas. Falo pequenino com bebés e animais. Toco nas pessoas enquanto converso com elas. Faço perguntas até perceber. Falo falo falo e se não puder falar, penso.
Ao fim do dia caio morta na cama e durmo uma noite inteira quase sem me mexer.

Às vezes canso-me de mim própria. E quando me lembro de me observar, ainda fico mais cansada.
Desde que comecei a ver a Pucca ao fim-de-semana, senti que não estou sozinha no mundo. O melhor retrato que alguém me tirou com o Brunim: este.

deus de todas as coisas



O Homem é dono do Mundo.
Dono da Terra e do céu.
O Homem cortou o céu aos cubos.
O Homem inventou a prisão perpétua e aplicou-a a todos os seres.
O Homem inventou o Inferno e fê-lo na Terra.

Muito obrigada, Neftos, por isto. Sem palavras.

gostar

Que bom que é chegar aqui e ver tantos comentários tão simpáticos, cheios de ternura. Muito obrigada. Muito obrigada mesmo.

Hoje o dia foi bom. Fui fazer madeixas e tentar falar cabeleirês mas a coisa está difícil. Estou um bocado loira e assim que cheguei a casa tratei de molhar o cabelo e secá-lo à minha maneira, como sempre. Vamos ver se me habituo...

Aproxima-se o último dia de aulas. Os meninos começam a sentir saudades e eu também.
A Daniela dá-me sempre muitos beijinhos. Não é de abraços mas é muito de beijos: beijos ao ar, beijos ao ir e ao chegar. Beijos se eu passar por ela durante a aula e beijos implorados ("só mais um"). Ontem fizemos um jogo de sair sem fazer barulho enquanto eu estou de olhos fechados à porta, tentando ouvir o mínimo ruído. A Daniela não conseguiu passar por mim sem me deixar um beijinho fugido na mão. Hoje veio à minha beira no início da aula e entregou-me uma típica e preciosa carta de amor (envelope feito e mal colado à mão com desenho dentro muito dobrado e às vezes algumas palavras escritas):

Eu gosto muito de ti eu queria que gostaseis de mim como eu.

Hoje o meu coração encheu-se de luz. Dei tantos beijinhos à Daniela como gostaria de dar a cada uma das pessoas que me acarinha. Obrigada.

Esta semana foi de auto-retratos e enjoei da minha cara. A partir de 2ª feira os muitos desenhos que tenho na cabeça passarão para o papel. E o melhor: as muitas histórias serão escritas aqui.

20 de junho de 2007

a insustentável leveza da idade


Tinha um desenho tão lindo para ilustrar este post mas perdeu-se na minha desarrumação. Era um enorme bolo de aniversário com a vela dos meus 5 anos de idade, que fiz há 20 anos atrás.

Quando era pequena pensava que no ano 2000 seria adulta. Também achava que aos 60 anos se é avó. Recentemente, no meio de muitas gargalhadas com a Cilu, cheguei à conclusão de que a mãe dela, sendo assim, é avó sem o ser.

Já que sou tonta por sentir que o meu corpo está velho, serei mais tonta ainda quando me vir livre destes seres horripilantes que habitam a minha cabeça. Estes que se erguem no meio dos outros que são castanhos e pretos e loiros: os brancos. Estes que o Bruninho cata e que eu vejo no espelho sem conseguir arrancar. Que no cabeleireiro hão-de ser pintados de outras cores, ainda hoje. Hihihi...

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Parabéns Twin :)
Aqui vão as minhas novas versões do "Parabéns a Você":

19 de junho de 2007

voa patim

O Patim morreu hoje e eu lamento tanto. Tanto...
O meu Patim. Histórias dele.

Quando a Joana* morreu eu saí do veterinário ainda de olhos inchados e disse: "Se não fosse vegetariana ia ali ao hipermercado e comprava outro coelho.". É demasiado irónico estarmos a lutar pela vida de uma coelha albina enquanto do outro lado da rua se vendem dezenas de coelhas albinas esfoladas e embrulhadas em celofane. Pensei se a Dra. chegaria a casa e comeria coelho ao jantar...
Apesar de todas as coisas desagradáveis que tenho ouvido ao longo dos tempos por achar que a vida animal merece todo o nosso respeito, não posso deixar de dizer o que penso.
Depois de ver um pato e um coelho brincarem, mimarem-se e dormirem encostados um ao outro, tenho a certeza absoluta de que nós humanos, enquanto espécie superior, ainda temos muito que lutar para tirar os olhos dos nossos umbigos. Não há arroz de pato que valha um Patim numa fábrica. Não há rimel que valha uma Joana a ser torturada em laboratório. Não há casamento que valha um leitãozinho morto. E por aí fora...

18 de junho de 2007

gato amarelo: 21 anos antes

Este era o Marilho, o gato amarelo que tivemos quando morávamos num rés do chão, em 1986.
O Marilho saía de casa e voltava pela janela do meu quarto. Eu via-o lá fora, abria a janela e estendia-lhe os braços para ele saltar. Pegava nele e só tinha força para o puxar para trás das minhas costas, de onde saltava para o chão. Eu era pequenina e ele confiava em mim. Não me lembro de alguma vez o ter deixado cair.

Agora tenho em casa outro gato amarelo e penso muito no Marilho.

eu tenho um mealheiro


Há um ano eu estava prestes a ficar pobre. Em Agosto, já há meses independente e dona da minha casa, tive de pedir 20 euros emprestados à minha mãe. Felizmente ela emprestou-me 100.

Hoje sou perita em esticar o dinheiro.
Ofereci um mealheiro ao Bruno que ele recheou de moedas de 1 euro. Depois fiquei com inveja e comprei um para mim.
O conteúdo do meu mealheiro não faz barulho e já toca no topo. O JB enfiou-lhe duas moedas de cêntimos e um clip, às escondidas, o que me muito me irritou e me levou aos piores palavrões quando me apanhei a sós com a lata e uma faca na mão. Escusado será dizer que só descansei quando arranquei de lá de dentro os tesourinhos do JB. O meu mealheiro não faz barulho metálico e é muito leve, apesar de já estar cheio.

17 de junho de 2007

querida ana

Só eu mesmo para ir ver o correio ao Domingo...

Minha querida Ana. Uma das melhores coisas que este blog me trouxe é a nossa amizade. Quem diria não é? A vida é louca e nós também. Um dia destes sonhei com o nosso encontro. Tu aparecias atrás de uma porta de vidro fosco e mesmo antes de te abraçar eu já estava a chorar.
Já ouvi o CD duas vezes. Adoro. Tem também duas músicas que a Cássia Eller cantava e que eu adoro ouvir e cantar no carro. Não podia esperar até 4ª feira pois a minha pequena paciência anda de mão dada com a minha grande curiosidade. Que bela prenda. Muito obrigada, minha querida Ana*.

*Ana M.: a primeira leitora (desconhecida) deste blog com quem criei laços afectivos. Foi ela quem, por muitas vezes, comentou sozinha os posts (fazendo-me sentir que não estava a falar para o boneco) e descobriu como somos parecidas em tantas coisas. Depois veio a Marta (oi querida Marta:)*) e muitos outros. É sempre muito bom...

16 de junho de 2007

c'um canudo


Ontem chegou o meu diploma de licenciada.
Quando a Cilu me convidou para ser sua madrinha de fim de curso, eu fiquei toda lisonjeada e orgulhosa. O que é irónico pois a minha faculdade não tem tradição académica, eu (pessoalmente) acho aquilo tudo muito piroso e tenho uma opinião muito bem definida acerca da praxe e dos seus exageros. Mas cartolar a Cilu foi muito giro e, diz a Di (que assistiu emocionada e até chorou um bocadinho), que nós ficámos abraçadas muito tempo em cima do palco. Ora foi pela Cilu que eu voltei à faculdade para pedir o comprovativo de que estava licenciada (é que só se pode ser cartolado por licenciados; eu não sabia). Por mim não gastava um cêntimo no diploma. E levei com uma valente surpresa: "Se queres a declaração, também tens de pedir o diploma que custa 110 euros (mais coisa menos coisa)". Fiquei horrorizada. Paguei e calei.

O diploma demorou um ano a chegar. Quando a encomenda chegou às minhas mãos e ainda antes de a abrir, só me vieram à cabeça dois pensamentos absolutamente idiotas:
  1. Ai cruzes que para isto demorar tanto e custar mais de cem euros é porque é pergaminho! Ai que nojo!
  2. Esta caixa dos CTT é um amor. Quantas capas de livros irá dar?
Felizmente vem dentro desta caixa cilíndrica fácil de arrumar...

15 de junho de 2007

poder morrer

"A Suíça é o único país do mundo em que associações como a que dá título a este filme existem para prestar assistência aos doentes que, para não prolongar uma dolorosa agonia, pretendem pôr fim às suas vidas. Há mais de vinte anos que equipas de voluntários acompanham doentes crónicos e portadores de deficiências graves em direcção a uma saída que consideram mais digna. Neste documentário acompanhamos todos os passos de um processo longo e delicado, em que uns e outros enfrentam a morte. Não como um tabu, nem com um fim inaceitável, mas como uma libertação. Numa sociedade que tende a tudo controlar, eles colocam uma questão de ordem íntima: escolher a forma como se quer morrer não será a última manifestação de liberdade que lhes é concedida?"

EXIT - O DIREITO DE MORRER (hoje às 23h30 na RTP2)

Quando (em 1998) vi o Ramon Sampedro beber o cianeto eu fiquei marcada para o resto da minha vida. Desde esse dia que sou totalmente a favor da eutanásia (o "Mar Adentro" é um dos filmes da minha vida).

É por ser tão apaixonada pela Vida e por poder viver a minha vida como desejo que só posso sentir um enorme respeito por quem (pelas suas razões) quer morrer. Acho que o facto de vermos a morte dos outros como nosso sofrimento não pode ser motivo para os impedirmos de pôr termo à vida.

Uma vez vi um documentário sobre a eutanásia e como esta é aplicada em diferentes países. Penso que era na Suíça que permitiam a crianças doentes em estado terminal (internadas) decidir quando morrer. Era-lhes dado um comprimido e a possibilidade de o tomar assim que sentissem que estava na hora. Aquilo comoveu-me tanto. O médico dizia que elas sentiam exactamente quando devia ser.

Sei que este tema é demasiado polémico. Este é só o meu ponto de vista. Sou pela vida própria, pela dignidade, pelo respeito pela individualidade e pela liberdade de escolha. É também por estes motivos que sou contra a pena de morte. Mas sou, definitivamente, a favor da eutanásia.

Já sei que hoje vou chorar.

serei forreta?


Cada pedaço de papel autocolante que sobra é tornado fita-cola no embrulho do livro.

Estou sempre a pensar no lixo. E a culpa é da Expo98 que mudou a minha vida por dois motivos: descobrimos lá que as lebres do mar com que eu e os meus primos brincávamos (que saudades, Rité) na praia em Carreço reconhecem quem lhes dá de comer (no aquário). Parece um disparate mas quando nós íamos brincar na maré baixa, observávamos as "lesmas" nas rochas e a nadar. Muitas vezes elas carregavam os seus bebés às costas e deixavam-nos fazer-lhes festinhas. Ao vê-las na Expo98, foi como se o nosso afecto por elas ainda ganhasse mais razão de ser.
Mas o que mais me marcou foi o Pavilhão do Futuro, onde vimos projectado um vídeo sobre o futuro da Terra e o que estávamos (e estamos) a fazer-lhe. E nesse vídeo angustiante a reciclagem aparecia como salvação. Desde aí que me tornei uma paranóica da reutilização. E proteger o ambiente passa por ser poupadinho. É por isso que também sou maluca com a água e a luz e acima de tudo com o lixo. Para onde vai o lixo? Em quanto tempo morre o plástico?
Ontem ouvi no rádio que os sacos de plástico são uma ameaça tão grave ao planeta que há sítios onde já não são comprados na caixa do supermercado, são proibidos. Esta história dos sacos de plástico já é velha mas ouvir os números faz dela uma história de terror. Devíamos simplesmente deixar de os usar porque tanto a sua produção como a sua degradação só fazem bem aos senhores do petróleo. E vejam as alternativas: esta e esta, por exemplo.
Como o papel toma conta desta casa, já estou a planear fazer sacos de papel ultra-resistentes para ir às compras. Daqui a exactamente uma semana darei as minhas últimas aulas nas escolas e todos os projectos que tenho em mente vão ser concretizados. Oba!

P.S : E este saco (com instruções e tudo! há pessoas generosas) que a Ana me mostrou! Lindo! Obrigada Ana :)***

14 de junho de 2007

memória


Ontem bebi um iogurte que tinha esta tampinha metálica. Depois, no supermercado vi este copito que parece de iogurte, pus-me a ler e descobri que é uma gelatina que se põe nos vasos e que a terra vai absorvendo lentamente, não havendo necessidade de regar a planta durante uns tempos. Não é para mim. Vou dá-la à minha mãe pois recentemente (tenho imenso jeito para plantas) quase afoguei a minha hortelã (que agora está a conversar com os orégãos e o manjericão, no parapeito a ver a paisagem, tentando recompor-se do choque).

As duas tampinhas metálicas escavaram até ao fundo da minha memória e levaram-me até aos anos 80, em que comíamos iogurtes Agros em copinhos de plástico duro e de tampa metálica. Os líquidos tinham um copo alto. Dávamos duas dentadas na "latinha" com os incisivos: uma para fazer o orifício por onde beber e outra para evitar que se fizesse vácuo. Nos iogurtes sólidos, a tampinha era moldada à mão e fazia de colher. Às vezes cortávamos os cantos da boca.

Depois disto vieram imagens à minha cabeça em slideshow.
Eu no parque cujo escorrega era de madeira. Uma vez, ao descer, uma farpa espetou-se-me perna adentro e dias depois tive de ser operada.
Eu noutro parque (Jardim D. Fernando) a entalar a perna num carrossel arcaico para um adulto empurrar, onde todos entalavam uma perna de vez em quando e alguns devem mesmo ter partido.
Eu noutro baloiço absolutamente louco ao qual chamávamos "esticão" que também era de madeira e ferro (Nhocas, lembras-te?).
Eu com os meus pais e o meu irmão no carro, a ir para Lisboa pela estrada nacional, sem cinto de segurança e sem cadeirinha.

Daqui a outros vinte anos vou estar a dizer que tive um blog e que fazia uma série de coisas, naturalmente e sem medo ou peso na consciência. Qualquer coisa que daqui a vinte anos será impensável, proibida, sujeita a inspecções e coimas.

(P.S.: ... e o cantinho da costura no infantário, com agulhas e linhas à disposição. E a escola primária com um muro de 40 cm sem vedação, no monte.)

(P.S. 2: ... e as pastilhas elásticas feitas de cola Safel e UHU. E as amoras apanhadas e comidas na hora sem lavar.)

13 de junho de 2007

dona provisória

Tenho (temos) um gato! Chama-se Garfield e veio passar umas férias aqui em casa enquanto há riscos de o bebé recém-nascido dos seus donos apanhar Toxoplasmose. Não gosta lá muito de mim mas apaixonou-se pelos meus pés (o que eu devo ter de mais parecido com os seus donos). Se lhe mexo com as mãos rosna-me mas aos pés dá turras e até ronrona! Também deu uma valente turra à máquina fotográfica. Pode ser que ao fim do dia já tenha esquecido a mágoa e me deixe passar da conversa (o que eu já falei com ele...) ao colo.

Entretanto continuo nos livros e desenhos para o quarto de uma amiga.
Aconteceu um milagre (vantagens de ter um informático em casa) e já consigo ver o blogspots. Ufa!
Muito obrigada por todos os comentários tão simpáticos que me têm deixado sobre a última pintura. Que bom que é lê-los.

Parabéns querida Bárbara e Guga!!! Muitas felicidades! :)**

Parabéns Lu!!! Minha amiga linda.

Aqui vai a minha versão do "Parabéns a Você":

12 de junho de 2007

e agora vou dormir uma sesta





Acabei.
Passei muito mais tempo a pintar do que esperava. Às vezes faço mal as contas. Mas não faz mal. Neste meu trabalho solitário dou comigo rodeada de meninos feitos de tinta, a pensar muito muito muito (a às vezes, a falar alto) e a ter muitas ideias para a nova fase que se aproxima: sem escolinhas. Faço duas coisas ao mesmo tempo: alguma pintura e muitos projectos.
Delicio-me a fazer os retoques. Demoro horas. Depois assino e fotografo tudo.

Continuo sem ver o blog e os blogspot...
Vou nanar meia horita para aguentar a pedalada dos meninos de carne e osso.

11 de junho de 2007

papel e cartão e louça por lavar

A quem me encomendou livrinhos: eu estou de volta deles, só que os pedidos foram tantos que eu não tenho mãos a medir. Este fim-de-semana foi dedicado a raptar caixas de tudo (até mandámos vir duas pizzas... hihihi) e esquartejá-las cuidadosamente, para poder fazer o maior número possível de rectângulos de 15cmx11cm.
Assim que tiver livros prontos envio os emails prometidos e faço o anúncio aqui.

Entretanto, trabalho para esquecer o meu dom e a recente separação do meu grande amigo. Não consigo dizer o nome... é demasiado doloroso. Começa por açú e acaba e car. É que hoje de manhã a balança ganhou boca e falou comigo. Um horror o que ela disse.

Obrigada Fátima! Assim que tiver tempo faço uma receitinha vianense.

10 de junho de 2007

obrigada e travis

Estou com um grave problema informático. O meu computador não me deixa ver absolutamente nada que termine em blogspot.com. Isto significa que nem isto que estou a escrever poderei ver. Felizmente já posso postar. Anteontem à noite nem isso era possível. Espero que passe depressa.

Obrigada por me linkarem! (Não pude ir espreitar os nomes dos bloggers...) Muito obrigada:

Pontinhos da Noquinhas *
Avenida Central *
Maredien *
Insaturação *
Jojoruas *

Vou ter de ir a casa dos meus pais (o computador deles não faz birras) para vos visitar :)

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Alguma vez disse aqui o quanto gosto dos Travis e dos seus vídeos?


8 de junho de 2007

os fracos e oprimidos e a pessessora justiceira

Um dia destes estava eu a voltar à sala dos 20 depois de lavar pincéis e copinhos de iogurte e deparo-me com a seguinte cena: João e Pedro, um de cada lado da Filipa (a menina que tem um problema qualquer não assumido pela família e algum atraso no desenvolvimento) a colocarem-lhe um enorme saco de plástico azul na cabeça.
A Filipa é diferente. Hoje está muito melhor, antes quase nem comunicava comigo e eram poucos os exercícios que fazia. Agora faz tudo, à maneira e ao ritmo dela. Mas não deixa de ser diferente, de parecer uma totó, de ser motivo de chacota. E eu que já mais de uma vez defini muito bem a minha posição em relação ao assunto "fazer pouco dos outros" naquela turma, quando vi a Filipa indefesa no meio dos dois pequenos demónios da turma, tive um gigantesco ataque de fúria. Mandei um par de berros tão assustadores ao Pedro (que nesse momento estava empolgado a mostrar ao João como fazer) que os olhos dele imediatamente se encheram de lágrimas. Aproximou-se de mim com uma das suas boas mentiras (regras de sobrevivência de um menino muito pequenino que apanha forte e feio em casa): "Ó pufessora foi o João, eu estava a tirar!".
Respirei fundo. Ralhei. Expliquei o perigo do saco de plástico na cabeça, disse que não se incomoda os outros, não se bate, não se goza, não se arrelia. Não se faz nada que não gostemos que nos façam também.
Fiquei com a imagem da Filipa com aquele enorme e ridículo chapéu de cozinheiro azul, quieta, ainda sem reacção. Para ela aquilo nem deve ter tido importância. Mas para mim foi um soco no estômago.

Hoje, no monte, o Zé que fala baixinho e que não me dá confiança, estava a chorar baixinho. Magoado. "O que foi Zé? Tiraram-me a bola. E a bola é tua? É. E quem ta tirou? O Raul e o Diogo."
Dá-se o meu segundo ataque de fúria da semana. Os dois rufias da escola escolheram como vítima o Zé (que também não é santo mas é mais pequeno que eles, é só um, é magrinho e fala muito fininho e baixinho. E é o dono da bola.). "Anda Zé que vamos buscar a tua bola agora."
Toda a turma rejubilou. A professora estava prestes a meter medo aos meninos grandes de quem todos têm medo. Chegámos lá a baixo e o Zé foi cheio de coragem ao encontro dos matulões (um deles tem cara de homem, é rouco, tem braços musculados e cerra os dentes quando ameaça alguém de punho no ar, seja menino ou menina, da idade dele ou mais novo). Assim que me viram ("Olha quem vem aí!") atiraram-me a bola e quase fugiram mas já era tarde. Bombardeei-os com uma sequência de perguntas que só podia levá-los a dar-me razão e a, depois de uns segundos de silêncio, pedir desculpa ao Zé na frente dos outros meninos. Pura humilhação. Ainda houve espaço para uma ameaça de porrada no Domingo (missa?) mas eu estava ali, gigante, de bola na mão, pronta para ameaçar por cima com a possibilidade de falar com os pais. E já se sabe onde estes meninos vão buscar o uso da força para impor respeito...
Apesar da fúria, tive o cuidado de os fazer ver o lado do Zé: "Eu sou maior que vocês os dois juntos e não vos tiro nada sem autorização e sabem porquê? Porque não sou malcriada. Porque não sou injusta. Não sou má. (...) E se alguém vos tirar alguma coisa assim como vocês tiraram ao Zé? Ah leva logo um soco! - aproximei-me do Rambo - Então adivinha lá porque é que o Zé não te dá um soco a ti."
O Rambo começou a rir-se, atrapalhado e foi essa a nossa deixa para voltar à sala de aula, como heróis. Os meus pequeninos bochechudos estavam ansiosamente à espera de saber se eu tinha batido em alguém, está claro. Aproveitei para lhes perguntar se também vão ser como o Raul e o Diogo quando crescerem...

Sei que não poderia fazer isto com meninos da cidade, muito menos meninos com mais de 10 anos, pois aí o Zé não teria de esperar por Domingo para se arrepender de ter falado. Felizmente pude fazê-lo. Penso sempre em que adultos se irão transformar estas crianças.

Para desanuviar, desenhámos muito no quadro e o Duarte* também teve direito a mimo especial. Quando cheguei e ele veio pela mão da funcionária ao meu encontro, olhei para a sua cara suja de tudo (manteiga, migalhas, ranho, etc) e decidi, arriscando-me a desautorizar a senhora, pegar nele e ir lavar-lhe a cara (mesmo sem sabonete, que desse só há por milagre). E ele na boa. De repente aquela cara escura e seca parecia uma cara de criança e eu tive vontade de o ter mais tempo comigo só para o acarinhar.
Depois consegui fazê-lo ir ao quadro e por lá ficou até ao fim da aula, deliciado com o giz azul nas mãos... e na cara.

7 de junho de 2007

leonor


A vida passa a uma velocidade alucinante. Lembro-me de cantar no infantário "era uma casa muito engraçada, não tinha tecto não tinha nada..." a olhar para a Raquel. A Raquel que viria a tornar-se uma amiga-irmã e que hoje, 20 anos depois, tem uma filha. A minha Raqui, mamã. Sinto vontade de chorar. É muito bom e eu estou muito feliz.

fettuccine a la capricciosa à minha maneira




Aqui vai uma bela receita com soja. Há dias reparei que na aula de dança só eu e uma colega é que sabíamos cozinhar sojas e tofus e seitans. A soja granulada é boa para começar porque a textura é semelhante à de carne picada... enfim.
A soja pode cozinhar-se de diversas formas. Há quem a escalde, há quem a ponha de molho, há quem a deixe em vinha de alho ou a temperar durante umas horas. Eu vi um chef de cozinha fazê-la directamente na panela e adorei. Desde que o molho tenha bastante água, ela coze muito bem e o ideal é que absorva todo o suco dos legumes.

Quando me tornei vegetariana houve coisas das quais me despedi com pena, como salgadinhos, filetes, panados e esta deliciosa massa que comia na pizzaria mais linda daqui de Viana, a Dolce Vitta. Assim que percebi que praticamente tudo se pode fazer com os alimentos vegetarianos (graças aos deuses que não se pode imitar um porquinho bebé atravessado por um espeto), deixei-me de coisas e comecei a inventar. Este é o meu plágio do saudoso fettuccini com carne.

Ingredientes (para 4 gulosos):
  • 2/3 de chávena de soja granulada
  • 6 rolinhos fettuccine
  • 1 cebola picadinha
  • 1/2 pimento vermelho picado
  • 1 cenoura pequena ralada
  • 2 dentes de alho
  • 150 g de cogumelos FRESCOS laminados
  • 1 chávena de água
  • 200 ml de polpa de tomate
  • 200 ml de natas
  • 150 g de ervilhas congeladas
  • azeite
  • sal
  • pimenta branca
  • óregãos
  • tomilho
  • queijo ralado
Receita:
  1. Cozer o fettuccine
  2. Refogar a cebola e o alho num fio generoso de azeite
  3. Acrescentar a cenoura e o pimento e deixar cozinhar um pouco
  4. Acrescentar os cogumelos e temperar antes de eles soltarem a água
  5. Acrescentar a soja e deixar que ela absorva bem o molho
  6. Acrescentar uma chávena de água e a polpa de tomate
  7. Deixar a cozinhar em lume brando para apurar. Este preparado é uma óptima bolonhesa de soja, boa também para rechear empadão, rissóis, etc.
  8. Acrescentar as natas e as ervilhas e deixar cozinhar até que estas cozam.
  9. Verificar o tempero. Eu acrescento mais sal e alho em pó, depois das natas
  10. Juntar o fettuccine ao molho e deixar repousar por uns 5 minutos em lume fraquinho
  11. Polvilhar com queijo ralado

6 de junho de 2007

ainda não...




... mas quase.

Hoje, de volta da bonecada inspirada nesta e da paisagem inspirada nesta, senti um cansaço (não físico, que a esse já nem ligo) que me pôs a pensar. Senti que está na altura de o meu trabalho mudar. Mudar em termos de imagem e mudar em termos de orçamento. Na maioria das vezes o trabalho sai exactamente como eu o imaginei. Nunca me surpreende. E felizmente nunca tive um cliente insatisfeito. Acabam todos de olhos brilhantes a dizer que está maravilhoso, que ainda é mais bonito do que nas fotografias e no fim pagam de sorriso na cara. É muito bom.

As minhas pinturas em parede têm preço de artesanato (a arte dos pobres, uuuuuuui a discussão e o preconceito que isto envolve) mas o processo é artístico. Acho que este meu desconfortozito tem muito a ver com a falta de tempo. O tempo que me foge e atrás do qual eu corro desesperadamente por umas horas de descanso. Tempo que se tornou demasiado precioso.
Eu não cobro um cêntimo pelos desenhos e orçamentos. E já perdi a conta aos clientes muito interessados (praticamente decididos) que nunca mais me disseram nada. Nada. É certo que eu fico com os projectos para mim e com as ideias já no papel, prontas para outra parede, quem sabe. Mas as horas de recolha de imagens, consulta de livros e concepção de várias soluções para a mesma parede em desenhos, aguarelas, recortes e colagens ninguém me paga. Daí me parecer justo (agora que o tempo não me sobra e a ideia de projectar uma pintura para depois não a fazer me parece uma perda de tempo) começar a cobrar pelo trabalho tido nos desenhos e projectos. Ehehe agora que penso nisso, tenho de cobrar antes de o cliente fugir. Que horror.
De resto, parece-me bem manter o preço (orgulho-me de já ter pintado para pessoas que não nadam em dinheiro; pessoas que amealharam para decorar o quarto do filho e que em vez de uma mobília nova, compram uma das minhas pinturas), parece-me bem deixar os clientes totalmente à vontade para criticar e pedir uma alteração ali ou acolá. Parece-me bem trabalhar aos fins-de-semana e feriados, almoçar pão com queijo sentada no chão e deixar que os meninos vejam a pintura, interrompendo-me e distraindo-me (ai o dono deste quarto é a coisa mais fofa do mundo e ri-se e palra, de fralda de um lado para o outro e vem ao meu colo e eu faço-lhe cócegas e dou-lhe beijos).

Em termos de imagem, preciso de fazer qualquer coisa. Tornou-se tão mecânico fazer a composição, desenhar os bonecos e escolher as cores (tornou-se muito fácil, demasiado fácil) que preciso de fazer qualquer coisa nova. Um registo novo tal como o dos olhudos mas desta vez que me surpreenda a mim. Preciso de uns bonecos que não tenham as minhas mãos e as pernas do modelo de Desenho e Figura Humana da faculdade. Preciso de paisagens mais elaboradas, de cores mais fora do comum. Preciso de inovar. Por ser minha patroa e minha funcionária, tenho de tratar eu deste assunto.

5 de junho de 2007

voltas e voltas

A tourada é daqueles assuntos ao qual se dá a volta tão facilmente, numa discussão, que até já enjoa discutir. No entanto eu não me canso de bater no ceguinho e enquanto puder ajudar alguém a definir bem a sua posição (seja contra ou a favor da minha), melhor para todos.

Fiz a petição em formato de site para que a mudança comece por algum lado (e para quem não sabe, Viana City não está no CidadeAntiTourada, embora devesse estar) mas ainda assim foram centenas de pessoas as que entraram e não assinaram. Talvez porque não concordem com a abordagem, talvez porque não sejam de Viana (então não lhes interessa o que aqui se faz).

Bem, aqui está o vídeo polémico.

A última volta que se deu ao assunto foi uma coisa deste género:
Ai que ofensa tão feia às mulheres! Ai córror a compararem os direitos dos animais com os direitos do Homem! Ai que ofendem a Nigéria! Ai que estupidez falares da tourada! Já viste a indústria alimentar, o que faz com os bichinhos??? Se comes carne não podes defender os touros! És hipócrita!

Outra volta muito bem dada que se dá a uma bela tradição de cá da terra, é a ida aos copos em nome de uma vaca torturada. As pessoas da minha idade que nem sequer gostam da Vaca das Cordas, correm para Ponte de Lima em busca de finos baratos. Não vêem a vaca, pois não, mas patrocinam tão bem a festa. Não gostam de ver os animais sofrer mas gostam tanto de uma noite bem passada.
Eu adoro, amo Ponte de Lima. 364 dias por ano. No dia da tradição não vou lá nem que me paguem. Não dou um cêntimo por coisa nenhuma e não vejo os patos que adoro, enquadrando-me no cenário pitoresco e tão turístico e tão cultural.
No Brasil também se mantém a tradição dos rodeios às custas de concertos dados por bandas muito famosas. E lá vai tudo ver. Não que gostem dos rodeios (não que se faça mal ao bichinho, aquilo são só uns saltinhos e uns laços, é a brincar) mas não se pode perder a festa.

Já devo ter dito isto aqui antes: Quem quer ser touro numa tourada? Quem quer ser touro em Ponte de Lima? Quem quer ser touro num rodeio? Quem quer?

4 de junho de 2007

no chão (ou de rastos)

Assim que desenrolei o papel autocolate tive de me deitar em cima dele. Também comprei 6 metros de plástico-bolha mas ainda não me atrevi a desenrolá-lo.
Quando vivia na casa dos meus pais deitava-me no chão do terraço ("Oh Natacha o chão está todo sujo!..."). Sentia a gravidade a puxar-me e olhava para o céu a pensar no Universo, em ETs e na vida. Às vezes adormecia. Às vezes (muitas) a Gi corria apressadamente para debaixo dos meus cabelos (quando eu tinha cabelos) e ríamo-nos muito muito muito.
Agora, se me deitar no chão, só penso no que tenho para fazer e em como fazê-lo no menor tempo possível. Hoje plastifiquei duas folhas (4 páginas) de cada vez. E comi bollycao ao lanche...

Tenho de preparar o cesto (tintas, rolos, trinchas, pincéis, paleta, copos, copinhos, garrafão, fita crepe, t-shirt de trabalho, calças de trabalho, avental, pano, toalha, lençol e máquina fotográfica) para ir pintar amanhã e não me posso esquecer de fazer a medicação anti-alérgica.

Hoje os 13 começaram a fazer uma faixa do mesmo género da que eu fiz* mas com uma frase "deles". Estenderam-na no chão e todos trabalharam afincadamente a contornar as letras para depois podermos pintar (sob a ameaça de que se voltarem a ser desorganizados e desobedientes se acaba logo a pintura). Estão a esforçar-se e ficam muito felizes quando os elogio.

Amanhã, outro dia igual ao de hoje. Mas com ensaio. Estou cansada... acho que vou desenrolar o plástico-bolha.

trabalho trabalho trabalho

Comecei hoje o novo quarto. A mãe babada entusiasmou-se tanto com o meu portfólio que já pediu mais umas coisinhas. Esta menina (inspirada nesta) vai ficar "sentada" na mesinha de cabeceira.
Esta semana tenho todas as manhãs ocupadas com a pintura e todas as tardes ocupadas com os livros. Tenho saudades de ir ao supermercado e de comer com calma.
Boa semana!

3 de junho de 2007

descoberta do dia

Um artista demasiado talentoso... não cabe nas palavras.
Ainda não me cansei de olhar para este desenho.


Ilustra a história da menina cega que andava de mota com o cão-guia e que nunca chocou contra nenhuma árvore (porque até essas fugiam dela ao ouvir a mota aproximar-se).

Quando for grande quero ser assim.

1 de junho de 2007

criança


Dentro de mim há esta batalha com a chegada dos 25 anos. Não sei porquê mas será a confirmação de que cresci. Que agora sou criança apenas dentro de mim.
Queria nunca ter crescido, até porque nunca fui pequenina de tamanho. Fui sempre das mais altas da turma, fui muitas vezes maior que os rapazes, não me lembro de vestir um S e o M vesti durante muito pouco tempo. Grande por fora, desde sempre...
Não quero deixar de adorar desenhos-animados, nem de saber falar a língua das crianças, nem de me emocionar com coisas assim. Sou pequenina e rodeio-me de coisas e seres pequeninos.
Vivo às minhas custas, vivo casada com um pai divorciado na nossa casa, cozinho, lavo e tento passar a ferro. Vivo do meu trabalho e tento aprender a gerir o tempo. Mas isso é tudo mentira porque eu sou é pequenina.


Hoje o JB e a Tocas pintaram e no fim cada um comeu um brincadeiro.
Quando o JB ainda mal falava fiz um dicionário do seu dialecto. Abu, toboio, fumim, Móni, Dedé... Hoje (para mais tarde recordar) ainda fala à thupinha de matha e diz que os super-heróis são vantásticos, que é muito cuidadoso, que existe uma floresta assustadora na casa do vizinho, que os dinossauros são muito fortes e maus, que o homem-aranha tem cola nos pés, que a mãe dele é muito mais grande do que eu, que não tem medo de nada e, nas suas crises de vilão ("não é vilão, é thuper-herói muito mau e coradotho") diz que é mau para as pessoas e os animais e que bota fogo nas casas.
Ser pequenino é muito bom e é por isso que este dia há-de ser meu até eu morrer.

E parabéns minha cunhadinha!!! Gosto muito de ti! :)***

expressão

Hoje jogámos a este jogo de desenhar para os outros adivinharem. As profissões. Vejo como os meus meninos se desenvolveram. Penso mais uma vez no sistema de ensino e em como a Arte (em especial o Desenho) puxa por eles a todos os níveis. É surpreendente.

Dentista e Condutor de autocarro

Astronauta

Professor

Treinador

da coxa grossa


Ontem a Cilu filmou-me no ensaio. Vejo tantos erros, tantas imprecisões nos movimentos, tanto cansaço em alguns gestos que até se torna mais fácil pensar em fazer uma ginásticazeca todos os dias de manhã, a ver se fico mais preparada para me mexer com genica naquele palco. Pensei em youtubar o vídeo mas qual quê. Que vergonha. Queria congelar uma imagem de mim em movimento, a fazer qualquer coisa que prove que eu danço e nem isso consegui. A única de que gostei foi esta em que estou parada. E mesmo assim photoshopava-lhe os pneus que se alojaram no meu tronco.
Apesar deste olhar crítico com que me observo ainda tenho esperança de fazer boa figura de bibe preto a saltitar de uma lado para o outro. É uma questão de empenho. E mais filmagens. E menos chocolate. Bolas...