28 de fevereiro de 2007

são bebés


Juro que nem eu estava em cima de uma cadeira, nem a Raquel estava de joelhos.
O impulso que têm de fazer confusão é, na verdade, a Infância. A vivacidade, a alegria contagiante, a cumplicidade que têm entre si... é lógico que a má educação aliada a isto tudo, faz desastres e eu fico fora de mim várias vezes. Mas no fundo, sinto pena deles. Pus em prática até hoje, todas as técnicas que conheço e de que me lembrei para tentar sossegá-los e discipliná-los sem eles levarem a mal. Sei que me adoram, até porque não são muito exigentes, mas também porque eu tento falar a língua que eles falam entre si. Para que frases como "CALEM-SE!!!! Mal-criados!", "Queres que mande um recado para a tua casa?", "Estou com vontade de me ir embora e só fico aqui hoje porque me pagam!" não ficarem a latejar na minha cabeça e no inconsciente deles, esforço-me por recorrer a outra frases, outras técnicas que surtem o mesmo efeito e não nos deixam zangados:
  • História de terror. Descrevo uma série de pormenores que alimentam a imaginação e trabalham a visualização e memória. Eles vão trabalhando e eu faço os sumários. No fim faço um concurso para ver quem se lembra dos pormenores todos. "Era uma vez uma lagartixa. Ela chegou a um casarão que tinha uma porta verde de 3 metros de altura e um batente dourado. Alguém sabe o que é um batente? (...) A lagartixa viu uma sombra e pegadas enormes, 20 vezes maiores do que ela, ouviu um som assustador e encostou-se a um canto cheia de medo." Olho para a turma. Tudo em silêncio, no entanto, de boca aberta e olhos esbugalhados, pincel na mão, mas sem pintar. No dia seguinte dizem-me que sonharam com a história mas querem uma pior ainda.
  • Conto até 10, de olhos fechados, depois de anunciar que ao abrir os olhos, quem não estiver sentado vai ter o nome no quadro. Devem associar às escondidinhas, adoram.
  • A boa e velha chantagem. Minha melhor aliada. "Só vem ao quadro quem estiver sentado com as duas perninhas para a frente, calado e concentrado!" Parecem militares.
  • "Quem consegue ficar calado?" Levantam a mão e ficam mudos.
  • Aula de pintura. Cada dois meninos tem direito a um prato de plástico - a nossa paleta. Passo pelas mesas com tinta, mas só dou a quem estiver mesmo mesmo calado. Para aumentar o grau de dificuldade, faço-lhes perguntas, às quais respondem instintivamente (pensando que não faz parte do jogo), ficando então sem tinta. É o delírio. "Não respondas! Não digas nada!!!" (Rui para o colega, depois de ter caído na ratoeira ao responder-me como se chamava).
  • Ópera. Apanham cada susto. Mas depois também querem cantar. Faço de conta que não fui eu quem começou.

verde



O verde definiu os meninos e eu pude entrar na parede para brincar também.

27 de fevereiro de 2007

dumbo



O filme mais triste e mais marcante que já vi.
O filme que me ensinou a gostar dos animais selvagens, gostar tanto que só os queria muito longe de nós, humanos.
Os elefantes, assim como muitos outros animais, criam laços afectivos com os seus familiares e amigos, sofrem com a perda dos seus queridos, visitam cemitérios e, às vezes, choram lágrimas gordas como as do Dumbo.
O filme Dumbo da Disney não merece ser pirateado. Merece ser comprado ou alugado e mostrado a todas as crianças e a todos os adultos (neste video, a música original, recebeu o Oscar - choro sempre). E para quem não gosta de bonecos como eu, fica este livro e este site.

felicidade II

É fácil imaginar porque comprei giz aos meus alunos.

mundo à parte

Turma do monte. Meninos que sabem o nome das couves e se cruzam com as vacas todos os dias na estrada. Digo qualquer coisa sobre um gato.
Rui: "Bato no cu do gato com um pau!"
Risota na sala.
Eu: "Vocês batem nos animais?"
Cláudia: "O meu pai bate no cão porque ele está sempre em cima da mesa."
Carla: "A minha mãe bate na vaca com um pau, quando vai na estrada, assim, para ela andar. Mas devagarinho."
Pedro: "Eu bato nas ovelhas! Não me deixam passar e eu PIMBA no rabo delas! Devagarinho..."

26 de fevereiro de 2007

giz

Hoje tiveram surpresa: giz de todas as cores e direito a ir ao quadro ilustrar uma história. Já tinhamos começado a história na 6ª feira e eu disse que guardassem os desenhos para depois continuarmos. Ora, houve três meninos que perderam os desenhos. Tiveram direito a humilhação pública e castigo. Orgulho-me de fazer da aula uma recompensa. Sempre que se portam muito mal, ficam sem fazer aula. Se vamos pintar, quem não trouxe o material (bata, copo de iogurte e pano velho) já não tem direito a tinta e pinta com marcadores ou lápis de cor. Coitadinhos, é remédio santo.
Hoje os três que perderam o desenho foram proibidos de ir ao quadro pintar com giz e ficaram apenas a copiar para o papel. Expliquei-lhes que daqui a 20 anos terão muita pena de ter perdido estes desenhos, que têm de ser organizados, pôr nome e data nos trabalhos e guardá-los sempre no mesmo sítio. Mas mais tarde, durante a pintura... o Daniel pôs-se de pé com jeitinho, para eu não ralhar e disse baixinho: "Ó Natacha, se nós que nos portámos mal, nos portarmos bem agora, podemos ir ao quadro?". Eu não respondi e tentei fazer cara séria, mas o meu coração partiu-se em bocadinhos e lá deixei os três criminosos irem também pintar, no fim.

celnorte


Todos os dias as vejo a ir para a fábrica. Todos os dias morrem. Todos os dias dão lugar a cilindros de diâmetro muito maior, cilindros gigantescos, nos mesmos camiões. Graças ao papel que todos usamos, elas continuam a cair. E o pior: quando morrem, vão para o céu.


Nunca acreditei no Pai Natal mas acreditei até muito tarde que a roupa que eu deitava para lavar, aparecia dobradinha por magia.
Hoje ainda gosto mais da minha mãe.

deficiente

do Lat. deficiente
adj. 2 gén.,
falho;
imperfeito;
insuficiente.

Trabalho actualmente com duas crianças deficientes (duas e meia, a terceira tem um problema não-assumido pela família, então não se sabe se é autismo, se é deficiência mental, se é não sei o quê). A primeira criança diferente com quem trabalhei tinha Síndrome do Alcoolismo Fetal. Desde aí que os trato como crianças perfeitamente normais, apenas mais novas do que a data de nascimento indica. Quanto mais os conheço, mais gosto deles. Ser criança durante mais tempo que a maioria, não me parece uma desvantagem. Falar mal e ter os olhos tortos, também não, principalmente se se arranjar modos de expressão alternativos. Sei que a maioria das pessoas não pensa assim. Ser diferente é muito duro e ter alguém diferente por perto, pior ainda. O inferno são os outros.
O Duarte tem Síndrome de Down. Não fala, talvez porque nasceu num meio que o considera um caso perdido. Mas percebe tudo. Tem um sentido de humor fantástico e é uma ternura. Infelizmente tenho-o no meio de outras tantas crianças que me sugam toda a atenção e energia. Mas orgulho-me tanto dos seus progressos! Quando fez a pintura simétrica (dobrar a folha e ver o que acontece) tornou-se um ás do pincel e desatou a falar num dialecto que me passou ao lado.
Uma vez dei-lhes caramelos de fruta e o Duarte teve direito a um e a assistência técnica: enquanto mastigava eu amparava a baba, que saía em bica. Estava tão deliciado, tão feliz. Os olhinhos longe e as mãos sujas a querer mexer no que tinha na boca. Na sala de aula ninguém estava preocupado com a baba dele e o Zé até me foi buscar mais papel higiénico. Nesse momento eu desejei que o Mundo fosse feito de gente igual a estas crianças que, apenas a 15 km da chamada civilização, não sabem o que são umas All Star nem imaginam o que é o cromossoma 21, mas sabem o que é tolerância e dão muito valor ao afecto.
O Duarte não gosta de estar ao pé dos outros meninos. Na primeira aula enfiou-se debaixo da mesa e não houve quem o tirasse de lá. Entretanto passou para a minha mesa, onde faz tudo para me distrair e aproveita para tentar apalpar-me e levantar-me a saia (a cara dele quando me vê de saia, não há palavras para descrever...). Há pouco tempo decidi levá-lo ao quadro, depois de todos os outros terem ido. E foi, comigo. E preencheu meio coração a giz, com tanta vontade, tanto afinco e concentração!... E batemos-lhe palmas como a todos os outros.

Deficiente. Que palavra infeliz para se tornar substantivo.

25 de fevereiro de 2007

imbicta

Tenho sentido saudades do Porto. Do nosso vizinho Sr. Figueiredo (que com cerca de 80 anos, é um homem tão carinhoso, tão atencioso, educado e moderno), do Sr. Rocha e da Dª Fernanda da mercearia, das janelas de guilhotina. Uma vez uma caiu-me no dedo e eu só tive tempo de dizer a palavra F - baixinho, para não acordar a Debinha e o Nuno - e ver muitas muitas estrelas antes de raciocinar. Nunca senti uma dor tão horrível. Tenho saudades da Rádio Nova (novaaaa... nova!), dos gatos do telhado que nos entravam em casa e da lata das pessoas. Tenho saudades do laboratório de fotografia, com a Patrícia e o David a cantarem "Dá-me lume" do Jorge Palma e dos coraçás com queijo aquecidos do Café Belas Artes. Dos jantares com a Carlita e a Bruxinha e das caipirinhas no quintal. Não sei porquê agora, tanto tempo depois. Tenho saudades.

felicidade

  • Ter €12.90 para mandar vir um pizza e comê-la na cama a ver o Malato.
  • Quando o sol nasce, entra pela janela da cozinha e me acorda devagarinho.
  • Ir ao Continente, arranjar logo lugar para estacionar e ter uma moeda para o carrinho.
  • 22h. Cama com seis almofadas. Desenhar bonecos no bloco até adormecer, já de pijama, e aparelho na boca.
  • Vir das aulas para casa a ouvir antena3 e sentir Paz.

bom humor

O britânico e o brasileiro.
O humor brasileiro é absolutamente delicioso. Vale a pena ir ao Brasil só para ouvir piadas espontâneas de fazer chichi nas cuecas. Ou então, ter amig@s brasileir@s, ou melhor ainda, casar com um brasileiro (quando ele está bem-disposto é mesmo muito engraçado). Perfeito: ter ido ao Brasil, ter amig@s brasileir@s (que incluem a sogra) e ter um em casa (a minha sorte).
Digo isto porque fui parar a este blog e a-do-rei (Lu, se não conheces, corre!).
Fiquei com muitas saudades do GNT.

24 de fevereiro de 2007

ovo-lacto-não-sei-quê

Quando eu ainda comia animais, sabia que mais tarde ou mais cedo deixaria de os comer. Era só uma questão de ganhar coragem para ver uma reportagem qualquer acerca de maus-tratos a animais (sempre mudei de canal a tempo). No entanto, quando comia camarões, eu tinha a certeza de que nunca deixaria de os comer. Tão deliciosos, tão suculentos, tão grandes, tão cheios de maionese com molho inglês!
Quando me decidi a ver a tal reportagem, estava no Porto, sozinha em casa e a comer. No telejornal diziam a frase do costume sobre as imagens chocantes que se seguiriam (de matadouros em Portugal) e foi aí que a minha vida mudou. Vi, sem pestanejar. Chorei muito. Tive náuseas. Chorei mais vezes ao longo do dia, ao recordar-me das ovelhas em rebanho a tentar proteger os bebés dos choques eléctricos. Decidi que não compactuaria com tal negócio e progressivamente deixei de comer bichos.
Sempre achei uma mariquice isso dos vegetarianos enjoarem só com o cheiro da carne, ficarem horrorizados só de ver qualquer coisinha animal. Mas! Qual não foi o meu espanto quando, num jantar de família em que todos se deliciavam com os camarões, eu senti um cheiro a peixe podre!? Não disse nada a ninguém e fiquei quietinha. Mais tarde viria uma reacção estranhíssima e alucinada ao fiambre, de o ver coberto de uma gosma que nunca tinha visto.
Hoje, caminho involuntariamente para o veganismo. Porquê explorar as ovelhas se há tanto acrílico e polyester? Porquê ser hipócrita ao comer os ovos (ou produtos feitos com eles) de galinhas exploradas até à morte? Porquê não beber leite nem comer iogurtes se depois como queijo (e quanto leite é necessário para fazer um queijo!!?) e devoro gelados (e quanto leite vai num pacotinho de natas?)? Pois eu não fiz promessa nenhuma nem quero ser fundamentalista, como já me chamaram. Não pretendo seguir uma ordem lógica nas minhas decisões. Quero simplesmente sentir-me bem e garanto que hoje sou mais feliz do que há 5 anos atrás.
Isto para chegar a quê? É que hoje... os gelados são como os camarões! Penso que poderei deixar muita coisa, mas sem gelados eu não vou ser feliz. A minha esperança reside na chegada destas maravilhas a Portugal, para poder fazer o desmame de Haagen Dazs e Ben&Jerry's.

Shark Tale

Nota: Com este post não estou a condenar ninguém. É uma questão pessoal e não pretendo fazer lavagem cerebral a quem me "visita". Já comi muita picanha a boiar em sangue e camarões então!... Simplesmente hoje, isso parece-me inconcebível.

na parede



Já estão todos desenhados na parede, ainda sem pormenores.
Mais fotos aqui.

23 de fevereiro de 2007

senhuora prufessuora

Hoje conversei com a turma dos 13 sobre os desenhos de ontem e chegámos à conclusão - para meu desespero - de que alguns até gostam do monstro (o Miguel de 8 anos então, já deu mais que provas) e que as coisas de que menos gostam são o barulho e que eu ralhe. Fico enternecida, apesar de estes meninos serem muito mal-criados (até a professora primária deles, que dá aulas há 30 anos diz que nunca viu nada assim), por ver que não gostam da barulheira que eles próprios fazem. Apesar de se portarem muito mal e às vezes me deixarem possuída, não é essa a intenção.

No monte já é diferente. São 21 e adoram tudo. Mostrar à senhuora prufessuora o que lhes desagrada na aula parecia-lhes absolutamente descabido, mas depois de alguns exemplos lá se libertaram e fizeram uns desenhos incríveis!
Durante o falatório dei um dos meus gritos líricos, que os apanha de surpresa e os deixa calados por uns segundos, num misto de estupefacção, vergonha e vontade de rir da minha figura. Então pus o chapéu de Carnaval de uma das meninas e cantei ópera para o meu público atento. Acho que eles nunca tinham ouvido nada assim, pelo menos de perto. Alguns tapavam os ouvidos mas o melhor foi vê-los absolutamente boquiabertos até ao momento em que eu me calava, para se começarem a rir, envergonhados. Só queria ter fotografado as caras. "Canta mais! Canta outra vez! Oh canta!"

maldito frio do monte

Hoje:
"Ó professora a minha mãe botou-me a máscara* ao lume!"


*máscara de mulher-aranha, feita com amor e carinho e pintada com tinta a pincel ao longo de horas.
Obrigada Mamã, por teres guardado cada gatafunho meu, feito no mais insignificante papel.

22 de fevereiro de 2007

sumário: avaliação

Avaliação da aula através de desenho e/ou texto: "O que gosto e o que não gosto na aula de Expressão Plástica".
Durante a aula, quem se portasse bem poderia ir ao quadro completar o monstro (desenhar o ranho, a cera, as remelas, as minhocas, as moscas, a baba, o fedor, o cabelo, etc.). Alta competição. Todos queriam ir deixar o monstro ainda mais feio. Ficam horrorizados com o resultado final e também se riem muito. Foi o delírio.


Miguel de 8 anos (o mesmíssimo do quadro)
(Não gosto: Professora a ralhar: "CALEM-SE!")


Sabrina
(Gosto: Professora feliz a ensinar, tinta, desenhos e desenhos no quadro feitos pela professora.
Não gosto: Monstro do quadro e professora a ralhar: "Não gosto de barulho!")


Carlos
(Gosto: Professora - devidamente identificada com o sinal no queixo - a desenhar no quadro e o Carlitos na mesa a portar-se bem, concluo.)



Miguel de 8 anos
(Gosto: Professora - devidamente identificada com o sinal no queixo - contente, meninos bem-comportados e ser o monstro do quadro.)

Atenção. E o Oscar vai para... MIGUEL DE 6 ANOS!

Este é o segundo desenho do Miguel. No primeiro desenhou o monstro e uma baba com um Não por cima ("o que não gosto") e encheu o resto da folha com o Berto (o colega que admira muito), a minha casa, o meu pai, o cão e tinta. Então eu disse-lhe para ir desenhar mais coisas de que gosta na minha aula. E ele foi. E voltou, muito satisfeito.

"Está aqui. O meu peito e uma bicicleta."
"Porquê, Miguel?"
"Porque gosto."


Miguel de 6 anos

habemus patetam

Comecei o novo quarto, com parte dos bonecos que tenho andado a fazer. O processo é maravilhoso e eu sou tão mas tão feliz com a minha profissão.
Os desenhos cozinham na minha cabeça, vejo os meninos a brincar, vejo-os em três dimensões e às vezes consigo ouvi-los. Tento segurá-los por um momento, para os desenhar. Ontem nasceu a composição da parede e isso é o melhor de tudo, porque depois não paro.
Uma vez fui ver preços de projectores, porque estava a fazer um orçamento para uma pintura muito complicada (uma das muitas que não foi concretizada, é que há clientes que evaporam) e achei que o investimento valeria muito a pena mas acabei por não o fazer.
Quando descobri outra técnica de projectar os desenhos na parede, esqueci a maquinaria. Fico a olhar e começo a ver. É como se houvesse uma tela transparente diante de mim, onde estão os desenhos e eu só tenho de passar por cima. Aconteceu-me isso no barco dos sonhos e eu senti-me abençoada e grata por ter tido professores (este, este e esta) que me obrigaram a desenhar tanto tanto tanto.

A minha cliente não é uma simples cliente. É uma "daquelas" irmãs e dá-me liberdade quase total. "Nat, aqui verde, ali amarelo, aqui rosa, ali umas letrinhas, aqui não sei. (...) tens de fazer um Pateta!" Ora como a B. é fã do Pateta eu tinha de o encaixar na pintura. Primeiro andou na minha cabeça, pelo meio dos miúdos, mas depressa foi parar a outra parede e assim que hoje a mãe babada e gravidíssima concordou comigo ao telefone, lá fui fazer o desenho. Fiquei a olhar para umas imagens impressas da net e pouco demorou até o ver em 3D também. E não é que ficou lindo? Não há como o universo Disney.

começou


Quando vejo nitidamente o quarto na minha cabeça, é porque estou pronta para começar.

21 de fevereiro de 2007

lol

Aqui está um passarito livre e tresloucado que deixa o o JB a chorar de tanto rir. De Jino Kang.

outros carnavais


No infantário. Eu e a minha Di*.
Amigas que são como irmãs, não é toda a gente que tem!

*Dá-lhe agora, chorona :)

amor para dar


Que todas as crianças de hoje abracem e beijem as árvores.


Que todos os soldados do mundo fossem apenas piratas de pijama.

20 de fevereiro de 2007

canarito II

Canarito na gaiola
Pôs a mamã a chorar
"Sabes Mãe, quando eu for águia
Vou voar voar voar!"

fotos velhas


Há 20 anos, quatro coisas que hoje são impensáveis para mim:
1 - Eu a curtir o Carnaval.
2 - Eu de penas (verdadeiras) na cabeça.
3 - Eu num jardim zoológico.
4 - Eu a alguns metros de um elefante sem chorar baba e ranho.


Há 20 anos, três coisas que hoje são rotineiras para mim:
1 - Pintar os rodapés sem querer.
2 - Pintar com ar de alucinada mas feliz.
3 - Pintar de bata e avental e mesmo assim sujar a roupa por baixo.

o carnaval das aves

Só vi tucanos duas vezes na minha vida: uma vez, no jardim zoológico de Lisboa. Eles comiam na minha mão através das grades e eu nunca me esqueci do seu esforço para não me morderem. Outra vez foi no Brasil. Vi um tucano a voar, livre e ainda hoje sinto vontade de chorar.
Sonho com um Carnaval sem penas verdadeiras. Sonho com cidades sem aves em gaiolas.

Na retrosaria:
Eu - "O que são aqueles saquinhos coloridos?"
Vendedora - "São penas. São muito bonitas."
A Cilu dá um salto, por me ler os pensamentos.
Eu - "São verdadeiras?"
Cilu toca-me.
Vendedora - "Sim sim! Quer levar?"
Eu - "Não, obrigada. Quando fizerem penas falsas, talvez."
Vendedora - "Oh! Quando fizerem penas falsas..."
E calei-me, para bem do coração da Cilu.

Andei aqui à procura de um documentário que vi sobre o comércio de aves exóticas mas como sou péssima no Google...
Adoro lojas de animais! Adoro animais decorativos, de preferência stressados. Adoro. Adoro o cheiro a animal selvagem encarcerado (das lojas cujo único intuito é fazer de nós seres humanos felizes, rodeados de animais coloridos que, às vezes, até falam!)

Como também adoro o Carnaval, lembrei-me de uma vez ter ouvido a Rita Lee dizer o número de aves que são mortas anualmente (só no Brasil) para que as suas penas sejam utilizadas na decoração de trajes numa festa de que não sei o nome (mais uma vez fico triste por não ser boa no Google). Mas nem tudo está perdido! No Carnaval do Brasil, há escolas de samba que usam penas e plumas sintéticas há já alguns anos. E outras que nascem já sem penas de avestruz, arara ou faisão.

Enquanto pesquisava as penas, encontrei um site sobre avestruzes que ensina a, como e quando as arrancar! Mais! Também ensina criadores a não se sentirem culpados pela reacção do animal e até a perceber que sangue não é necessariamente sinónimo de dor. Bastam três pessoas e um capuz para fazer uma avestruz "feliz"! É um veterinário que o diz, eu sou só uma pintora que tira conclusões lamechas.
"Estudos realizados recentemente comprovam que somente as plumas são responsáveis por cerca de 5 a 15 % do faturamento dos produtos do avestruz.
E somando-se a isso dados de importação comprovam que 80% do volume total das 60 toneladas de plumas importadas por ano pelo Brasil, são absorvidos pelas escolas de samba do Rio de Janeiro e São Paulo, e outros 20% ficam distribuídos entre empresas de espanadores, travesseiros e vestimentas." (avestruz.com.br)

Canarito, na gaiola, para a mãe:
"Quando for grande vou saber voar!"
E a mãe cantou, para não chorar.

18 de fevereiro de 2007

serviço de urgências


Ontem a minha mãe cortou o dedo com uma faca e quando espreitou para dentro do buraco viu "uma coisa branca", então ficou amarela e pronta para desmaiar. Eu fiquei vermelha com certeza e em pânico absoluto. Até foi a minha mãe que, só com uma mão, encontrou o número do centro de saúde na lista, porque eu folheava mas não via nada. Já uma vez no Porto, a Carlita teve um ataque de asma e pediu-me que fosse buscar a bomba à bolsa mas eu, quando a vi de olheiras e lábios roxos, a chiar, apenas consegui correr em câmara-lenta para o quarto e esbracejar à procura da bolsa nos sítios mais absurdos.
Depois de recompostas, eu e a Mamã rimo-nos muito no centro de saúde e nas urgências, porque eu não ajudei nada. Não tentei sequer olhar para o corte, muito menos fazer-lhe um curativo. Fiz questão de dizer a médicos e enfermeiros que eu é que precisava de assistência e que a outra senhora agarrada a um pano era só um apêndice meu.
Depois do centro de saúde fomos para as urgências do hospital e a minha mãe teve direito a uma pulseira amarela e a dois pontos!
Descobri que na máquina de snacks da sala de espera das urgências há mais água do que snacks e mais lenços de papel do que kit-kats.

amor à Arte

Quando vejo crianças a chorar, não sou como a minha avó: "Oooh!... coitadinho! Que foi? Que foi, minha riqueza?". A maioria das vezes em que percebemos que uma criança está a chorar é quando faz birra (aquele choro no super-mercado que, a mim suscita um ódio visceral pelos pais que não sabem reagir e que criam crianças mal-criadas). Fico tocada sim, quando eles choram por mágoa, por tristeza, porque o choro não é o mesmo. E é esse choro escondido que me corta o coração às fatias.
O David é um dos 20, muito esperto, pequenino e encasacado, com um sorriso de orelha a orelha. É bom aluno e sabe que o é. Muito exigente.
Quando deixam as coisas a secar (máscaras, pinturas, etc.), normalmente sabem reconhecer os seus trabalhos na aula seguinte. Mas às vezes confundem-nos.
Quando um dos 20 chora porque está mesmo triste, ficam em pânico e vem logo alguém a correr dizer-me, para que o socorro seja rápido. Eles distinguem melhor do que eu, a birra da mágoa.

"Professora! O David está a chorar."
Lá vou eu. E lá está ele, roxo.
"Ó professora, eu não sei da minha máscaraaaaa..."
Eu, igual à minha avó (mas sem lhe chamar riqueza), a fazer festas na cara e combatendo o pânico-de-perdi-o-meu-trabalho:
"Tem calma David, que a máscara está aí de certeza. Ninguém iria roubá-la. Alguém pegou por engano."
De repente alguém a encontra.
"Toma David, está aqui."
"É esta."

...

Momentos depois, já recuperados do choque e prontos para começar a trabalhar, vemos o David à cabeceira da mesa, já calmo e concentrado mas ainda a soluçar.

17 de fevereiro de 2007

engarrafamento no monte


Ontem havia muito trânsito à vinda da escola :)

praia


Quando chove em Viana do Castelo, há pelo menos dois patos que vão à praia.

translate

16 de fevereiro de 2007

anti-pedagógico



Este é, de todos, o pior castigo que consigo aplicar aos meus alunos (o mais eficaz). Na sala de aula há uma cana, mas eu nem lhe toco. A minha arma é o giz. E a humilhação pública. Eles adoram e eu, não desgosto.
Como não tenho formação pedagógica, baseio-me nas recordações nítidas que tenho desde os dois anos de idade e no que aprendo (tanto!) com os meninos. Quem falar, quem berrar, quem se levantar, quem fizer confusão, quem se portar mal... tudo sem autorização, é o boneco que está no quadro.
No início desenhava uma castanha podre (inspirada pelo magusto), depois foi o bolo-rei, o ovo de chocolate "da Páscoa do ano passado", um pudim... quem falasse comia a porcaria que estivesse desenhada no quadro. Como eu escrevo o nome do criminoso no quadro, eles acreditam.
"É verdade não é? Quem falar é o boneco!?"
"Claro que é! Então não?" - respondo.
Na turma do cimo do monte basta desenhar a coisa no quadro e a confusão acaba. Ficam mudos.
Adoro-os.

translate

nuno vestido de hamburguer


Cenário: aula na turma de 13 meninos que se portam muito muito muito mal. Professora furiosa a querer terminar os fatos de Carnaval e tirar as últimas fotografias. Nuno:
"Natacha, posso ir à casa de banho?"
"Não."
"Natacha, posso ir à casa de banho?"
"Não. Já estamos quase a acabar."
"Estou mesmo à rasquinha."
"Vou tirar-te a fotografia, depois tiras o fato, arruma-lo ali esticadinho e vais à casa de banho."

(Nuno vai)

...

(Nuno volta)

"Oh... cheguei lá, já estava mijado."

(Apesar da "pinguinha na cueca", veio dar-me aquele beijo no fim da aula e foi lá para fora pegar-se à batatada com outros meninos no chão.)

translate

já está


Acho que fiz todos os desenhos que imaginei... Ou talvez não. Lembrei-me de pôr uns meninos a correr muito rápido, como o "meu" Frederico. Isto nunca mais acaba e no fim vou ter de escolher os que merecem pertencer à parede. Oh! E um de joelhos a plantar uma árvore?!... Que coisa.

translate

15 de fevereiro de 2007

lá vem ela com os animais


Recuso-me a deixar aqui uma foto enternecedora de um elefante livre e feliz. Seria publicidade enganosa.
A última vez em que assisti a um espectáculo de circo com animais, tinha 10 anos. Depois de ver um cão ridiculamente vestido de super-herói a ter de subir umas escadas e saltar de uma altura de vários metros (a tremer de tal modo que mal se segurava em pé), decidi nunca mais ir a circos caridinalis e chénes (pelos vistos tenho esta mania do boicote desde cedo).
No entanto o que mais me revolta é o que fazem com os elefantes. Não acho que deva defender os elefantes mais do que qualquer outro animal mas, de facto gosto deles especialmente. Gosto tanto de elefantes que sonho com eles em cenários absolutamente maravilhosos, muito muito muito longe dos seres humanos. Há vídeos que ainda não consegui ver, mas sei o que neles se faz. Tal como fiquei com pena de comer polvo quando soube que é um animal extremamente inteligente, fiquei com mais pena ainda dos elefantes, ao ler este livro. Não consegui terminá-lo, porque já não chorava só ao lê-lo, chorava o dia todo.
Depois deixo aqui um post interessante sobre bastidores de circo. Agora vou para os meus meninos acabar as máscaras :)

translate

Foto do Care2

14 de fevereiro de 2007

quem vem e atravessa o rio


Hoje fui ao Porto. Mal cheguei vi um homem a atirar um papel para o chão como quem não fez nada e comecei logo a alucinar. Mas depois chegaram as saudades.
Campanhã. Quatro piscas. O dono de um carro prestes a ir embora: "Quer estacionar? Quer estacionar menina?"
Trânsito. Carros por todo o lado, filas, semáforos, estacionamentos inacreditáveis sem multa e sem nada. No Porto eu conduzo como quero, até pareço taxista e divirto-me com a minha Bruxinha agarrada à porta, apavorada.
No café: "SAI UM PINGUINHO DE SIMBALINO FAZ FAVOR!"
Papelaria da faculdade: "Já tem este porta-chaves há muito tempo, não tem? Eu lembro-me dele. (...) Tchau menina, tudo de bom."

translate

carnaval



Tenho ao todo 54 alunos nas escolinhas. Aqui estão 20, que se portam bem à base de muita chantagem. "Quem falar é um monstro verde cheio de remelas nos olhos e chulé nos pés!", "O último a entregar o pincel lavado e seco à sábia-professora-maravilhosa-linda-de-morrer, comeu um bolo-rei podre com larvas de mosca."...
Com estes meninos, que consigo organizar graças às boas educadoras e professoras por quem passaram, fiz máscaras de Carnaval "a sério". Fico muito feliz quando consigo convencê-los de que são capazes de concretizar tudo aquilo que imaginarem, com as próprias mãozinhas rechonchudas.

translate

mais alguns




Ainda falta uma criança abraçadíssima a um boneco... talvez amanhã.

translate

13 de fevereiro de 2007

joão

O João tem 6 anos. Às vezes parece ter 4. Anda depressinha, arrasta os pés em passos minúsculos, como uma geisha, gesticula como um travesti, o que me enternece profundamente (não enternecerá muita gente na aldeia, imagino). Sempre alegre, sempre aos gritos, uma das lapas que se agarra a mim quando chego e quando vou. Grita por mim sem vergonha nenhuma, com a cara vermelhinha e seca como uma lixa.
Uma vez que se portou muito mal, ralhei-lhe e ficou de castigo: não pôde pintar mais até ao fim da aula. Nesse dia a cara dele desfigurou-se e não lhe voltei a ver o sorriso, mesmo depois de conversar com ele no fim da aula, de lhe dizer que sou amiga dele e que por isso não posso deixá-lo portar-se mal. Dei-lhe a mão para irmos embora mas ele rejeitou-a. Queria era chorar. Quando eu já estava no carro e ele a subir o caminho para casa, olhou para trás e eu sorri. Ele continuou com o seu bico, muito triste e foi-se embora em direcção a quatro vacas que desciam...
No dia seguinte já tinha esquecido a mágoa e voltou com a alegria do costume. Muito exagerado, tudo é um acontecimento, até o lanche ser uma banana. A mandar em tudo e todos, a regatear, a ralhar com os colegas, sempre a fazer queixinhas. E sem dizer os L's.
Hoje, depois de decorarem a sala e a escola com serpentinas e máscaras, veio dizer-me como a sala deles estava linda.
"Natacha! Natacha! Não podes ver! Fecha os olhos! Quando fores uá acima, uá à nossa saua, vais ficar de boca avvverta!!!"

translate

12 de fevereiro de 2007

"Sôpessora! Toma um desenho!"



Às vezes os meus alunos querem contar-me coisas da vida deles, coisas tão especiais como "já durmo sozinho", "já tenho uma irmã", "fui ao médico", "já estou a tomar medicamentos para me portar bem" (hiperactiva), "caiu-me o dente!", "o meu primo abriu a porta e bateu-me com ela na cara"... Mas eu tenho sempre de contrariar o falatório, obrigá-los a falar um de cada vez, fazê-los compreender que não adianta levantarem-se e virem dizer-me as coisas de perto, só ouço quem levantou a mão, etc. O Nuno emociona-se especialmente a contar-me as coisas. Chega a ser cómico: fala tão alto que até olha para o lado, concentrado em berrar, revira as pestanas, deita perdigotos... "Nataicha isto, Nataicha aquilo... olha fiz isto... blá blá, fiz aquilo." E eu a tentar sossegá-los. Para o Nuno é como se só ele estivesse a falar. "Olha, o meu pai tem uma namorada, mas ela não tem o cabelo assim (exemplificando), como a minha mãe." Claro que não. A mãe do Nuno é muito melhor e foi assim que ele conseguiu dizer-mo.
Hoje, durante a aula:
"Natacha... Natacha... Natacha... tenho o dedo no ar!" (já triste).
"Sim, Nuno."
"Olha, a minha mãe disse que vamos ficar muito tempo na caminha, juntos, agora nas férias."

translate

grandes portuguesas

Eu e a Dona Celeste.
11h da manhã e lá fomos nós, eu de socas (ideia inteligente) e a minha querida vizinha de chapéu impermeável, as duas de gabardina e guarda-chuva, de mão dada a saltar pocinhas, em direcção às urnas.
Que duas mulheres de coragem, que saíram à chuva por uma razão tão insignificante... Ou então, que duas mulheres levianas, que anseiam fazer um aborto, mesmo tendo uma delas 62 anos e a outra nem sequer estando grávida.

translate

10 de fevereiro de 2007

e se te matassem pelo teu casaco?


Fur is dead

Este vídeo é uma pequena ironia que apenas faz rir quem sabe do que trata. Os outros vídeos são para quem tem vontade de mudar o Mundo.
A indústria da pele esconde horrores que estão para lá do limite da imaginação da maioria das pessoas.
"Ah mas eu não uso peles! Só uso ."

translate

pessessora

Quando vou para a escolinha do cimo do monte, os meninos penduram-se no portão a ver-me chegar. Como sou pitosga, só consigo ver o portão a abanar de alegria, mal o carro surge ao fundo da rua. Ontem ficaram à chuva a gritar o meu nome, depois agarraram-se a mim como lapas. "Estás tão quentinha! Tão quentinha!..." A Sabrina já tentou inspirar todo o meu perfume, com o nariz colado a mim. Achei que ia dar-me um beijo, mas nada. "Cheiras bem..."
Alguns são tão pequeninos que nem se esforçam por trepar por mim a cima e ficam-se pelos beijos nas mãos. Tanto amor. Tanta ternura por mim, que às vezes sou tão severa. Lindos, todos. Os que me dão mimos, os que não dão, os anjinhos e os que me levam à loucura. Todos na minha mão, dependentes e marcados pelas minhas atitudes para o resto da vida. Como eu admiro os verdadeiros professores, os bons! Os que passam o dia todo com eles, têm a paciência que eu sonho ter e sabem realmente educar.

9 de fevereiro de 2007

meu querido Sérgio Godinho

Ainda bem que respondeste... já estava a ficar preocupada.

8 de fevereiro de 2007

último post antes do referendo

De tudo o que tenho lido, as razões da Rosa, da Elsa e da Rita, são as melhores. Complementam-se e deixam tudo tão claro, na minha opinião...

Também o contributo de Júlio Machado Vaz e a importância do humor dos Gato Fedorento.
E como o professor Marcelo me desiludiu!!!!... com aquele "aborta porque sim"...

e agora?

E agora que a minha super-faringite-anual se curou sem o antibiótico do costume?
E agora que o meu novo médico não me ralha por ser vegetariana e até me dá receitas?...
E agora que ele não me condena por eu não conseguir parar de comer chocolate?
E agora que descubro medicamentos 100% naturais, mais eficazes que os outros? E agora?
E agora que fiz tratamentos naturais com resultados inacreditáveis?
E agora que começo a descrer da medicina tradicional?
...

inquérito

Sugiro que todos passem por aqui e respondam a algumas questões simples sobre o aborto, para que possamos fazer parte das estatísticas!

novas ideias




7 de fevereiro de 2007

toca a campainha...

De manhã, quando toca a campainha, só poder ser uma pessoa. Duas, na verdade. São senhores que me vêm falar num tom que eu odeio, de coisas de um deus com nome e me arrepiam.
Falei com eles duas vezes. Numa delas, ouvi-os e disse que não era religiosa. Mesmo assim tiraram conclusões sobre a minha vida, baseados no que puderam ver da casa por cima do meu ombro e deixaram-me uma revista. Na outra vez acordaram-me, falei pelo inter-comunicador e disse que não estava disponível. Também já conversaram com o Bruno e também lhe deram uma revista.
Agora, sempre que a campainha toca, faço de conta que não tocou. Olho pelo olho-mágico e lá estão eles. Penso: Conseguiram entrar no prédio! Vão-se embora, vão-se embora, vão-se embora...
Tenho medo deles, por ficarem ali colados à porta, sabendo provavelmente que eu estou em casa, escondida e calada, a fingir que não estou. A intenção deles é boa, querem fazer de mim uma pessoa melhor. Mas eu sou péssima. Não acredito no Deus dos homens. E se lhes disser o que penso e no que acredito? Nunca mais me dão revistas...

6 de fevereiro de 2007

o próximo quarto



rectângulos cor de rosa

... é só o que vejo das imagens que aqui deixo.
Deixem-me comentários, que eu adoro lê-los e paro logo de pensar que estou a falar para o boneco :)

bonnie



Ela era mais que um cão. Pelo olhar, pela compreensão, pelas palavras que sabia e dizia à maneira dela. Ela é eterna. O seu corpo cansado e doente não foi suficiente e então ela voou para o céu, no dia em que morreu. Voltou a ser um cachorrinho e foi levada por uma fada. Eu sei.

translate

5 de fevereiro de 2007

viana of the castle

Uau, agora que o meu blog é mundialmente conhecido, qualquer um vai poder lê-lo em inglês traduzido automaticamente.
Ahahahahahaahahaah! Vou mas é cortar madeira e fazer uma grade, que sentada aqui não ganho dinheiro.

translate

Teste de tradução

o livro está na mesa

translate

Abelha Maia

Fui à Somartis, uma loja muito antiga que há aqui em Viana. Quando era pequena, ir à Somartis era uma festa. Tinha póneis paranóicos presos a um carrossel para a gente andar, animais de quinta (acho que até tinha lamas) para ver e dar umas ervinhas (uma vez peguei numa ervinha e aprendi o que é uma urtiga) e tigres presos num "aquário". A Somartis deixou de ter animais e é por isso que ainda lá vou. Continua a vender tapetes, coisas para a casa, móveis de pinho, gás, batatas e tralha que eu adoro vasculhar.
No outro dia, ao vir embora, vi a Abelha Maia a olhar para mim e enchi-me de nostalgia até à ponta dos cabelos. Vou voltar lá para lhe tirar uma foto, ou a comprar, quem sabe...

Obras de arte

Rosa, não te disse, mas já fui à Casa Águeda duas vezes para fazer festinhas às tuas obras de arte :)

Vermelho locomotiva (e não devagarinho)

Às vezes gostava de ter um outro blog, onde pudesse dizer as barbaridades que digo diariamente e que só quem me conhece bem, não leva a sério.
Isto do referendo mexe comigo. Penso em muitas coisas, mas digo poucas. Às vezes parece-me que não vejo as coisas como a maioria das pessoas e isso faz-me sentir só e que se calhar estarei enganada. Mas há coisas que me parecem tão claras.
Isto da vida, do sim à vida, parece-me tão hipócrita. Este amor desmesurado por fetos de 10 semanas... e amor nenhum, mobilização nenhuma, atenção nenhuma a crianças já nascidas, a mulheres e homens, a velhos, todos eles vivos! Todos eles vidas humanas!... Não entendo. Desta vez não estou a ser irónica, estou triste. Triste com um mundo que me ridiculariza por dar tanto valor à vida dos animais. Esse mesmo mundo, de repente, é incondicionalmente a favor de uma vida que está ainda em gestação e despreza tantas outras formas de vida, também tão valiosas.
Os seres humanos vivem num planeta que não é a Terra, é um outro planeta só deles, um satélite da Terra, talvez.

O meu Sim vai para a liberdade de escolha, a tolerância, a educação. Também é um sim à vida. Por ser pela vida desejada, plena e digna, é que tenho também um Sim guardado para a eutanásia.

4 de fevereiro de 2007

Sábado à maneira

Vou fazer uma nova publicidade da oficina de artes. Às vezes fazemos coisas tão giras, coisas que eu gostaria de ter feito quando tinha 4, 6, 10 anos e não fiz. Com certeza há mais pais em Viana City que me queiram entregar os seus filhos ao Sábado de manhã.
Pintámos bolachas maria com chocolate :P
Enquanto esperávamos pelas bolachas, as meninas fizeram as caixas para as guardar e levar.
translate

Serra eléctrica para mulher eléctrica

Comprei um tico-tico com desconto de 50% em talão e arrumei-o sabendo que havia de fazer telas com a sua ajuda.
Ora, a oportunidade de o testar surgiu no outro dia, quando decidi cortar uma prateleira ao meio para a reaproveitar. E não é que a minha serra eléctrica corta madeira como se fosse manteiga? Já fiz grades para telas, cortei a 45º (e resultou!), cortei tirinhas de milímetros, cortei tocos, tentei cortar um parafuso por engano... Proclamei-me a Rainha do Tico-tico e não há quem me pare agora, que já comecei a fazer grades e a esticar telas por encomenda!!!

2 de fevereiro de 2007

Pato-cão em acção




Encontrei as provas de que estas histórias do Patim são verídicas.
Ele entrava em silêncio. Tornou-se especialista em não se fazer ouvir. Passeava pela casa à procura do seu amor, a Bonnie. Se lhe aparecesse um dos outros cães pela frente, ele já sabia como os enfrentar (uma vez voou escada acima atrás do Peter, outra vez pôs as duas patas em cima da Gioconda, bicou-lhe o cachaço e abriu as asas para sentir o vento da corrida). Quando via a Bonnie não havia quem o parasse. Subia para o sofá ou para o ninho dela, o importante era procriar. Depois de a violar, corria para a sua piscininha e refrescava-se vigorosamente!
As histórias são tantas que eu deveria tê-las escrito na altura em que presenciei estes acontecimentos. O Patim aprendeu a controlar o voo de maneira a perseguir cães, gatos e a coelha. As galinhas, simplesmente desprezava. Ele era o cão da casa, o super-cão, porque voava.
Agora tem uma namorada que põe ovos e eu desconfio que ele caiu em si quando a Bonnie morreu. Já não tem motivos para voar mas ainda conversa muito comigo quando me vê. Fala das boas recordações e depois despacha os galos com arrogância.

translate