26 de julho de 2007

80s

Dias seguidos a desenhar. Adoro. Esta pintura juntará na mesma parede muitos amigos meus de quando eu era pequenina. Cada boneco uma banda sonora que eu me farto de ouvir enquanto desenho. Esta, esta e esta. E tantas outras.
Eu que cresci a ver "bonecos" e que tenho a mente minada por animais que voam e se abraçam e sorriem, sinto saudades destas séries de animação dos anos 80. As que tinham grandes enredos e que nos prendiam ao ecrã para não perder pitada da história. E que eram não só desenhadas de outra maneira, como sentidas. Mexiam com os meus sentimentos e com a minha imaginação. Hoje parece que só se pensa em programas didácticos, interactivos e de apreensão fácil. E eu que adoro uma boa dose de sonho/disparate, acabo por ficar farta de ver o Noddy a falar inglês, bonecos a pedirem-nos para contar e dizer nomes de coisas e fico com pena do meu enteado... Será que o conceito de aprender mudou assim tanto?
Eu sei que se não tivesse visto os pequenos póneis a voar e escorregar num arco-íris tantas vezes, não seria tão feliz hoje. Isto não significa que não tenha visto a Rua Sésamo vezes e vezes sem conta, sem enjoar, até aos 12 anos.



Muito obrigada por todos os comentários tão queridos que me deixam.

25 de julho de 2007

3/4





Três quartos para pintar. Um deles com bichinhos aquáticos que aprenderam a voar e que se vão juntar ao barco. Os meus peixes não têm medo dos barcos porque nas minhas pinturas só se pescam sonhos e estrelas.

Assino com o nome do site na esperança de o terminar rapidamente...

24 de julho de 2007

eu conheço pessoas talentosas

O meu querido amigo Nuno. Que me faz chorar 80% das vezes que o encontro, simplesmente por me aparecer à frente. Que se emocionou com o meu livro e o elogiou muito. E que ainda por cima toca blues.

A Joana. Que já conheço há tanto tempo, com quem tenho em comum a faculdade, a cidade e amigos. Que faz coisas mesmo bonitas.

23 de julho de 2007

coisas

Estar em casa para trabalhar com vontade de férias é difícil mas muito bom. Depois de horas em frente ao computador a projectar quartos para pintar, sinto que estive a tarde toda a divertir-me e não a "trabalhar".
A minha Tocas ligou-me a dizer que não vinha à aula: "Tatacha, sou eu! Cu-cu-cu-cu-cu-cu-cutá cabelo! Tau tau beijinho!"



Hoje estou solidária com a querida Marjorie (uma das ilustradoras mais talentosas que conheço... talvez a que mais me emociona) que viu recentemente o seu trabalho roubado da net e vendido sem aviso ou autorização. É uma vergonha. Uma vergonha e eu prefiro não pensar que alguém me possa vir a fazer o mesmo (longe de mim comparar os meus desenhos com os da Marjorie!).
Odeio pirataria e odeio a facilidade com que se cai nas suas garras.

21 de julho de 2007

ai quimoçom!



Filmei os magníficos mergulhos dos bebés e mais, consegui pôr os vídeos no youtube! Estava ansiosa por partilhar estas delícias em movimento.

A mãe fala continuamente com os bebés. Se, por exemplo, eu me aproximar demasiado de um deles, ela solta um quá e todos correm para junto dela. Adoro.

20 de julho de 2007

verão

Este frio que se faz sentir só me faz pensar no estado do planeta e nas férias que não voltarei a ter tão cedo (daquelas férias de não fazer nada e de ficar de papo para o ar). Lembrei-me de nadar nua. Uma vez, há 11 anos, com as minhas irmãs na aldeia, apanhámo-nos a sós com uma lua cheia gigantesca que fez da noite dia. Eu e a Di (na foto) atirámo-nos à piscina e o mais engraçado foi sentir que a pequena diferença entre estar de fato-de-banho e estar nua, dentro de água, não é pequena coisa nenhuma. É uma sensação indescritível, daquelas que não se pode morrer sem experimentar. Rité, e nós de cu pró ar no mar de Carreço?

19 de julho de 2007

ôbo mau

A minha aluna Tocas aprende e ensina-me coisas incríveis todos os dias. Faço com ela tudo o que gostaria que uma professora particular fizesse comigo em tenra idade. Entre os desenhos, pinturas e cozinhados, há tanta brincadeira, tanto miminho, tanta tolice e palhaçada (só minhas, que ela é uma mulher séria) que às vezes divirto-me eu mais do que ela. Trocamos de papéis e ela transforma-se em professora má (é nessas altura que eu me faço de muito burra e trenga: não consigo pintar, pinto por fora, deixo espaços em branco e ela, possuída, exemplifica e faz tudo, exercitando aquela mãozinha rechonchuda para a escola primária). Somos mãe e filho muitas vezes (ela é sempre a mãe e eu sou filho homem não sei porquê), somos canetas que conversam e se beijam enquanto pintam, transformamos restos de papel em cartas de amor enfiadas por baixo da porta, ou escondidas em qualquer canto para jogar ao "quente-frio".

Pô-la a colorir é de facto o mais difícil, para além de a pôr a escrever e ler. À medida que puxo pela cabeça, inventando exercícios divertidos que a ponham a desenhar e memorizar as letras, aprendo tanto sobre psicologia infantil que dou graças à vida por ter esta menina com Trissomia 21 nas minhas mãos. Costumo dizer que a Tocas é uma licenciatura. Fala uma língua de trapos que eu aprendi rapidamente, é dona de um sentido de humor que eu só tenho visto em meninos deficientes (não me perguntem porquê), teimosa como uma mula, pensa que só faz o que quer e eu, professora-aluna dela, finjo que isso é verdade, enquanto a ludibrio.

As primeira birras que fez deixaram-me horrorizada. Um dia decidiu riscar a mesa de propósito, enquanto me olhava em tom de desafio. Mandei-a limpar a mesa. NÃO! Peguei na mãozinha dela, coloquei-a firmemente sobre a toalhita e obriguei-a com a minha mão a limpar. As duas enraivecidas. Eu respirei fundo, pus um sorriso na cara e um tom docinho e entusiasmado na voz. E disse "Então e agora, o que vamos fazer?!". Ela entrou na minha, fez de conta que não nos tínhamos zangado e começou a trabalhar. Nesse dia ela aprendeu que não vale a pena ser má para mim e eu aprendi que depois de ralhar e ser firme, só se amua mesmo é com adultos.

Ontem, depois de pintar um pouco, disse uma das palavras que diz melhor."Cansada..."
Desconversei e disse-lhe que levantasse a cabeça da mesa e ela ficou zangada, até porque eu continuava a pintar cheia de entusiasmo ("Já viste como eu pinto bem? Nunca vou por fora! Nunca nunca nunca! Olha só, nem um espacinho em branco. Eu pinto mesmo bem."). Levantou a cabeça mas foi para me babar a mão e seguidamente me olhar nos olhos como quem Toma!. Para surpresa dela, eu sorri e disse "O que foi?". Voltei a pintar, falei mais um pouco da história que estávamos a ilustrar e ela desatou a trabalhar para não parar mais até ao fim da aula. Plastificámos personagens e cenários, recortámos e fizemos um teatro.

18 de julho de 2007

post para ilustrar

Eu pé ante pé em direcção ao ninho.
Eles são sete e ela é uma e é cega de um olho.
Ela é cega mas não é parva e assim que me vê, baixa a cabeça e esconde os seus tesourinhos debaixo das asas e do peito.
Eu falo baixinho e faço as minhas declarações de amor.
Ela olha para mim como quem me quer matar. Meninos, jogo da estátua!
Eles são umas bolinhas de pêlo com bico muito bem mandadas. Família estátua.
Olhos postos em mim até eu virar costas.

Horas depois...

Nós somos duas mulheres que se babam e três cães que se babam também.
A mãe continua à defesa enquanto conta os bebés que, desenfreados, mergulham nas tigelas de comida e de água.
A apenas um palmo do ninho, julgam-se os donos do quintal. Bicam ervas, correm e tropeçam, tentam comer e caem de rabo na ração. Correm para a mãe, enchem-na de beijos e voltam a fugir.
São pompons. Pompons de olhos brilhantes e eu já só penso em vê-los na piscina.

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Horas depois...

Cresceram horrores desde ontem.
Com um dia de vida já tiveram a primeira aula de natação.


truque

17 de julho de 2007

a herança



Tenho vontade de escrever apenas para quem sabe perfeitamente do que estou a falar mas, ainda assim, deixo este link para contextualizar o que se segue.

As fotos são de 2005, quando o Patim chegou.
Um dia destes encontrei um vídeo que fiz dele com a sua namorada, a Menina. Sinto vontade de chorar porque o Patim morreu de uma forma tão disparatada (fez frente aos três cães, como sempre, mas dessa vez não contava com a corrida furiosa deles para ladrar aos cães da vizinha e foi atropelado). Eu sempre achei que o Patim duraria 10 anos. Que teria uma vida maravilhosa na nossa futura quinta pedagógica e que faria muita gente sorrir, para além das pessoas que lêem o meu livro.

Antes de morrer e em segredo, o Patim fez um testamento. Deixou um tesouro ao cuidado da Menina, que ela protegeu corajosamente dos três galos com quem divide o quintal. Há uns dias ficou choca e hoje houve festa no quintal.



O Patim está vivo no meu coração e nas minhas palavras. E a partir de hoje está vivo porque é pai.

Prometo que quando os bebés sairem do ninho, eu filmo e ponho o vídeo aqui :)

16 de julho de 2007

copa quê?

Ontem fui ao shopping e vi biquinis tão baratos que não resisti a ir tentar a minha sorte de mulher mamalhuda. Ficaria surpresa se houvesse o meu tamanho. Tudo copa B.

O meu último trabalho da faculdade foi sobre números e representação e sobre o modo como os números que criámos assumiram o controle das nossas vidas. Um dos desenhos que fiz chama-se 38D. Alguém sabe o que é um 38D? Vou fazer uma síntese preconceituosa e generalista:
Copa B é o que a maioria das raparigas da minha idade usa. Dá direito a toda uma variedade de cores, tecidos, alças, almofadinhas, rendas, fechos, etc..
Copa D é sinónimo de soutien da avó. Com alguma sorte, dinheiro e paciência, arranja-se um D sexy mas o mais provável é arranjar um destes. No estrangeiro talvez seja diferente, na internet também. Mas em Viana City é assim. Quem não é mediano, ou muda de corpo, ou compra roupa interior no hipermercado, como eu. E as mulheres da copa E para cima, não sei onde a compram. Talvez numa cave secreta, ao abrigo do olhar e do conhecimento dos outros, dos "Olha, emagrecesses! Olha, faz dieta, vai para o ginásio! Olha, azar.".
Eu tive a sorte de voltar à copa C, o que me permite comprar soutiens mais giros. Mas biquinis não. Há dois anos corri tudo à procura de um que acabei por comprar num outlet e cujo preço inicial passava dos cem euros. Ser diferente da média é um pecado pelo qual se paga caro. Fugir à norma é ser anormal.
Penso em mim (com este problema tão grave) de soutien cor de carne, ou preto, ou branco, por ter mamas a mais e penso no meu tio Fernando de cadeira de rodas, aos trambolhões passeio fora, sobe e desce degrau, por ter uma perna a menos. Dois anormais. Coitadinhos.

Ver grande (números carimbados sobre papel)

13 de julho de 2007

quase fim-de-semana


Trabalhar com crianças já é muito bom. Trabalhar com crianças talentosas e criativas é maravilhoso. Sou privilegiada. Vejo-as em dúvida, com medo de errar ou de não ser capaz de fazer coisas que proponho, sabendo perfeitamente que são capazes de muito mais. É como se eu fosse a rede e elas andassem no trapézio. Digo sempre: "Faz que tu consegues. Eu ajudo-te.".

Depois de duas semanas a trabalhar com crianças e adolescentes volto ao ritmo normal. Tenho uma lista de coisas atrasadas para fazer (algumas delas já devem ter passado do prazo, que vergonha). Entre o cumprimento de cada uma delas, vou fazendo livros, ilustrações e qualquer coisa que me desvie do caminho do ferro e da roupa por passar. Sei que o monte de roupa está prestes a cair-me em cima e que estou prestes a ficar nua mas finjo não perceber.

São tantas, tantas as ideias que tenho por concretizar. Tantas coisas que penso em fazer e partilhar/vender aqui. Só penso em ter mais tempo livre para trabalhar (chama-se tempo livre?). Ultimamente, graças ao sol que chegou (há dias em basta olhar para o céu azul e sentir um cheiro a verde para me sentir profundamente feliz), sinto saudades das férias da escola. Três meses de férias. Três meses, ahahaha! E eu que hoje conto os minutos! Bem, sinto saudades dos 15 dias no sul de Espanha com a família. Turismo reles ao mais alto nível. Aqueles prédios em cima da praia (os únicos de que gosto tanto), os gelados e a fruta, a pele tão morena, as t-shirts I love Mallorca e a rotina absolutamente deliciosa: acordar, pequeno-almoço, praia, mar, sol, hotel, piscina, almoço, sesta, praia, mar, sol, hotel, piscina, jantar, passear, dormir.

Agora vou jantar antes de dar aula.

festa brava

Que bonita a festa. A tradição e os aplausos.
Que bonitas as pessoas que tanto gostam dos touros.
Que bonita a cor e os famosos nas bancadas.
Que bonita a música e que lindo relato.
Que linda a arte de bem torturar.
Que lindo canal de televisão que patrocina isto.
Que linda a estrelinha dos morangos a dar a cara às câmaras.
Que vergonha a minha.

O que eu queria é que cada toureiro fosse amarrado às costas de um touro e levasse com as bandarilhas umas atrás das outras.
Queria que cada forcado fosse transformado em cavalo e corresse às voltas até não aguentar mais.
Queria que cada aficionado fosse, depois de bem toureado, objecto de gozo de uma série de homens ridiculamente vestidos que se pendurassem no seu corpo e se amarrassem - à falta da cauda - a um penduricalho fálico qualquer e o puxassem violentamente até que ganhassem a incrível luta.
Queria que o público extasiado batesse palmas incessantemente até que estas sangrassem tanto quanto a carne do único animal corajoso da praça.

Queria não ter de ver isto quando mudo de canal: homens virados para o céu a fazer o sinal da cruz.
Realmente cada um inventa o deus que quer. O deus dos toureiros não é certamente o mesmo deus do touro. E também não é o meu.

12 de julho de 2007

gato amarelo

O Garfield tem um feitio especial. Não gosta de colo nem de estar encostado a nós. Talvez por se sentir trocado pelo bebé dos seus donos, às vezes fica revoltado com a vida e morde-me quando eu lhe faço festas. Às vezes, nas nossas brincadeiras, excede-se e magoa-me muito. Depois fecha os olhos e recolhe as orelhas, porque sabe que fez mal e que eu me posso vingar com uma palmada na sua patinha que continua no ar de unhas de fora.
No fundo sinto pena dele. Deve perguntar-se por que continua aqui.

O Garfield é o meu nadador salvador. Todos os dias, enquanto eu tomo banho, ele toma conta de mim. Deita-se no tapete da casa de banho e fica atento ao que se passa do outro lado da cortina, não vá eu afogar-me. No fim, quando me vê toda nua e encharcada diz: "Estás bem? Não sei por que continuas a fazer isso...". Depois deita-se relaxado e lambe cada uma das gotinhas que caem do meu corpo no dele. Espreita para dentro da banheira, encolhe os ombros e vai à sua vida.


À noite o Garfield dorme sozinho porque nas poucas vezes em que o deixámos dormir connosco ele aproveitou para observar de perto (com direito a lambidelas no nariz e unhadas nos pés) o ser estranho que também habita esta casa e que não gosta especialmente de gatos: o Bruno.
De manhã, mal abro a porta do quarto, o Garfield corre ao meu encontro e deita-se no chão a rebolar. Como não é de lamechices, pergunta-me logo pelo pequeno almoço. Mas um dia destes, quando passei a mão no peito dele, senti o seu coraçãozinho palpitar com tanta, tanta força que tive a certeza do quanto ele gosta de mim.

11 de julho de 2007

blackle

Assim que me disseram que existia um google de fundo preto para bem do planeta* eu senti-me culpada por ter um fundo branco no Vermelho Devagarinho.
E se todos nos mexêssemos para poupar energia?

10 de julho de 2007

corações pelos olhos

Quando eu era pequenina apaixonava-me a torto e a direito. Chamava namorado a uma série de meninos do bairro que apenas via passar (eu tinha 4 ou 5 anos) e dizia que deitava corações pelos olhos quando os via.
Acho que cresci com essa coisa, pois quando me emociono ou gosto muito de alguém vejo-me rodeada de corações e ondas de amor e carinho que declaro sem pudor ou medo.

Hoje recebi uma prenda maravilhosa. O meu coração não cabe dentro de mim.
Há meses atrás escrevia pela primeira vez a alguém muito especial e que tanto me inspirou a criar este blog. Alguém que eu viria a descobrir ser muito mais do que (tão) talentoso. Quando vi no Flickr e depois no Wishes&Heros esta foto pensei "sortuda da comilona!"... E hoje o Brunim trouxe-me do correio - estava eu aqui sentada com o chocolate ao lado - a melhor surpresa do dia, da semana e, quem sabe, do mês. Muito obrigada, querido Ricardo. A perfeição, o detalhe, a tua combinação de cores preferida, a criatividade, a ternura e a enorme generosidade... tudo para mim?!!

O ronras 42 é meu e eu vejo corações por todo o lado. Obrigada obrigada obrigada :)*


doce lar

Há pouco mais de um ano decidi procurar um apartamento pequeno que tivesse uma sala relativamente grande e luminosa, para fazer dela o meu atelier. Depois de me mostrar um apartamento o senhor da agência disse: "Ai gostava de fazer da sala um atelier? Então venha comigo ali.". E trouxe-me àquela que viria a ser a nossa (minha e do Bruno) casa. Assim que entrámos na sala o senhor pôs os óculos de sol e eu fiquei cega por não ter os meus comigo. Trinta metros quadrados de luz. Um mês depois o apartamento ainda estava livre e eu achei que era um sinal divino. Na altura eu trabalhava como secretária e pintora. Só tinha três alunos e se um deles deixasse de ter aulas comigo, eu deixaria de ter dinheiro para pagar a renda. Arrisquei. E ainda bem.

9 de julho de 2007

palco: dia 2

Isto já não são horas de estar acordada mas como amanhã posso dormir até tarde, preparando-me para mais uma semana de oficina de artes de Verão, aproveito para já deixar aqui as fotos dos bastidores (as que mais me fascinam) de hoje.
Voltei a cometer um erro logo na primeira dança (a abertura do espectáculo...) e mais uma vez tentei disfarçar muito muito muito. Mas acho que hoje a nossa coreografia correu melhor. Esmerei-me. Até esbocei um sorriso enquanto dava um salto e rezava para não cair. Estou ansiosa por ver a filmagem. A julgar pelos elogios que ouvimos, este foi um belo espectáculo. A julgar pelo relatório da minha mãe, foi perfeito e maravilhoso e eu danço tão bem que até sei voar e a nossa dança foi a favorita dela e até ia chorando mas não chorou... Mamã.







Bom mesmo é o ambiente de bastidores. E as palmas e os gritos e a cortina que desceu e subiu para mais uma vénia. E depois de arrumar tudo e carregar os carros com a tralha, brindar com os técnicos do teatro, ficar bêbeda com três golitos de espumante e rir muito por motivo nenhum.
Em 2008 lá estaremos de volta.

8 de julho de 2007

palco

Quem assiste a um espectáculo não imagina o que se passa nos bastidores, a não ser que já tenha passado por isso. Quando eu comecei a trabalhar na D&C não sonhava sequer com o que era organizar as coisas lá atrás. Durante três anos fiz parte da organização (não dancei) e agora que pouco organizo e muito danço, acho que entrar no palco e dançar é bem mais fácil do que gerir tempo e músicas e organizar dezenas de pessoas (incluindo crianças de 3 anos) para entrarem e saírem na hora certa e, "de preferência", em silêncio. É muito interessante imaginar que quem assiste, sentado e relaxado, está apenas a alguns metros de quem, às escuras, transpira, sussura, comunica com técnicos e director, cronometra cada segundo, coloca crianças em fila, puxa corda, desce cenário, pergunta pelos adereços, bebe água, tropeça em colegas que fazem o aquecimento, etc., etc., etc.

Ontem foi o primeiro dia de espectáculo. Na 6ª feira foi o ensaio geral e eu enganei-me tantas vezes na minha coreografia (com direito a falhas de memória, desequilíbrios, gargalhadas e palavrões ditos baixinho como se continuasse na sala de aula) que a minha auto-estima de bailarina se foi muito abaixo. A inclinação do palco - que permite às pessoas da plateia ver-nos os pés - é uma verdadeira ratoeira. No ano passado um dos nossos colegas nem caminhar em linha recta conseguia (coisas do corpo e da mente humana que surgem com a idade; é que os miúdos dançam dançam e não se passa nada).

Felizmente ontem à tarde voltámos a ensaiar e eu, que tinha estado a fazer meditação e uma série de afirmações optimistas, consegui recuperar a auto-estima e confiança, depois de dançar relativamente melhor.
Depois disso vim para casa leve como uma pluma. A Cilu penteou-me muito penteadinha enquanto o Bruno fotografava e depois lá fomos. Já no teatro, pintei-me tuoda e de tal maneira que as meninas do ballet (do tempo em que eu era secretária) olhavam para mim como se eu fosse uma aparição (é que "Natacha" e penteado chique, base e pó na cara, olhos pintadíssimos e reluzentes, não conjugam).





Quando entrei no palco ia tão confiante que logo no início enganei-me brutalmente. Felizmente disfarcei o mais que pude e continuei optimista. As restantes falhas estão todas anotadinhas para hoje, segundo dia, serem corrigidas. E a coreografia que eu tanto temia (a da coxa à mostra) correu bastante bem.
Lá atrás, enquanto outras turmas dançavam, nós, as frequentadoras deste blog, ainda nos rimos muito muito muito às custas das nossas próprias tolices e dos apalpões de rabo que trocamos na sala de aula e que levámos também para o palco, longe do olhar do público.

Agora vou tentar pentear-me sozinha que hoje há matiné.
Até logo :)

6 de julho de 2007

soninho, munto soninho

Continuo morta de cansaço.
Ontem morri em cima da cama vestida e sem cumprir o ritual nocturno. Hoje acordei morta mas levantei-me e terminei dois livros.
Os meninos hoje vão fazer rissóis doces e salgados, depois ponho aqui a receita e fotografias.
Amanhã é o primeiro dia de espectáculo de dança. Vamos ter ensaio geral e eu já me estou a ver de perna à mostra debaixo das luzes.
Quem me mandou perguntar por Julho? Agora vem o belo do calor e eu começo a esguichar suor por cada poro (saudades dos meus alunos: "Ó pufessora estás molhada aqui debaixo do braço!")

Depois de dormir tudo o que tenho para dormir, voltarei com certeza à minha forma original.

Este jogo é viciante :)

5 de julho de 2007

eu amo o jô soares



A primeira anedota é o que me fez pôr o vídeo aqui. A segunda, contei à minha avó e ela riu-se muito.

4 de julho de 2007

o cansaço é um monstro e devora-me

Estou exausta. Dei sete horas de aulas de uma assentada.

Vantagem de dar aulas em casa: poder trabalhar de pantufas. Desvantagem: ouvir o chamamento da cama e tentar ignorá-lo.

Tenho alunos adolescentes e as conversas deles sobre televisão passam-me ao lado pois só conheço o Jackass. Os outros programas têm nomes demasiado estranhos para me conseguir lembrar agora e além disso não tenho tvcabo.

22h: Fiz o correspondente ao alargar a gravata de um homem: desapertar o soutien.

Já me perguntei onde está Julho e se irei ter férias. Não sei responder a nenhuma das duas perguntas.

O Garfield mordeu-me a sério e quando virei costas voltou à carga atacando o meu tornozelo com unhas e dentes. Dei-lhe uma palmada e ficámos amuados durante uma hora.

Quero ir dormir mas tenho um livro para fazer.

Queria pôr uma fotografia bonita aqui. Acho que vou pôr uma do Brasil.

3 de julho de 2007

volte sempre

Na loja onde compro a madeira para as telas há um funcionário que é o motivo por que volto lá.
Há uns tempos, na caixa, a funcionária que faz tudo a correr e ao mesmo tempo mantém a sua tromba firme, passou-me o verde-código-verde para a mão tão à bruta que nem viu que em vez de marcar €21.20, marcou €2.12. Eu, assim que vi o valor, disse que estava errado. Ela corrigiu e virou-me costas imediatamente. E eu ouvi ecoar dentro da minha cabeça uma voz grave a chamar-lhe um nome que não me atrevo a escrever aqui.
Normalmente eu não reclamo com funcionários. Simplesmente não volto ao estabelecimento. Se bem que houve uma vez, no Porto (lembras-te Di?), em que fomos ao centro de saúde da minha freguesia para a pobre Di (moribunda de amigdalite) ir a uma consulta. O senhor da recepção foi tão, mas tão, mas tão malcriado connosco - a Di morava noutra freguesia mas naquele momento ardia em febre na minha - ao dizer-nos que ela que fosse à área de residência dela, que eu senti um vulcão entrar em erupção dentro de mim. A minha irmã pequenina e febril quase a chorar, com a garganta tipo bola de dor e ainda a ouvir desaforos dum funcionário que finge cumprir o seu dever enquanto maltrata doentes. Não sei exactamente o que disse mas sei que o meu tom de voz se alterou consideravelmente e que coloquei a mão em cima do balcão como se estivesse prestes a galgá-lo para estrangular o homem. E fomos atendidas.

Adiante. O senhor que corta a madeira e me escuta atentamente (eu sou muito chata: "esta ripa, três de 80cm e estas três, quatro de 60cm") é um amor. Eu vou sempre a rezar para que seja ele a atender-me. É sério, profissional e atencioso. Para que seja fácil eu transportar a madeira, pega nos pedacitos todos, coloca-os uns sobre os outros cuidadosamente e ata-os com fita-cola. Corta-a usando a caneta e eu babo-me a ver o seu ritual e a contar as voltas que ele dá com o rolo em torno da madeira. No fim olha-me nos olhos e diz adeus. E quando a madeira é muita ajuda-me a carregá-la até à caixa onde a elefanta me espera.

Eu adoro bons profissionais. Eles são ímans para mim. Quero a menina dos CTT de volta...

2 de julho de 2007

ah feitiozinho


Eu adoro a minha profissão. Sou tão feliz a fazer o que faço (pintura, desenhos, retratos mais ou menos pindéricos, dar aulas a grandes, dar aulas a pequenos, blogar e fazer livros, fazer grades e esticar telas...). Sinto-me uma estrela brilhante e comprei uns óculos de sol de 10 euros estupidamente grandes que deixaram o meu vizinho de boca aberta assim que me viu sair do elevador.
Hoje foi um bom dia. Acordei cedo e fui à madeira (há quem vá ao pão, eu vou à madeira). Depois fui à drogaria (parafusos, cola, lixa... adoro) e pelo caminho deixei dois livros no correio. Fiz telas para os meus alunos da oficina de artes de Verão e combinei cinema e pipocas com o Bruno ("Balde grande, Nat? Claaaaaaro! Cocacola de um litro? Nem pensar. Recuso-me a contribuir para isso...*").

Trabalhar com crianças que querem trabalhar, gostam de Arte e me dão ouvidos é uma bênção. Não é que não precisem de ser orientadas, que não fiquem frustradas e cansadas de vez em quando, que não amuem um bocadinho. Mas querem mesmo estar comigo e concretizar ideias. Também é muito bom chegar ao fim do dia e pensar "vou pintar, desenhar ou fazer livros?". Isto só é possível porque trabalho nas férias, trabalho aos fins-de-semana e trabalho até à meia-noite muitas vezes. Mas vale tanto a pena. Tantas vezes disse ao meu pai que só havia de fazer na vida (emprego) coisas de que gostasse.
Há dias em que tenho medo de perder a pedalada. Há dias em que me atiro para cima da cama, vejo desenhos-animados para conseguir parar de fazer as listas mentais e adormeço exausta e frustrada de não saber gerir melhor o tempo (enorme desvantagem de trabalhar em casa).
A minha teimosia - o meu pior defeito - às vezes fica a meu favor e é o que me põe a mexer.

1 de julho de 2007

divertido


Divertido mesmo é comprar uma dentadura destas e pô-la uma e outra e outra vez. Lavá-la e pedir a alguém (pai, mãe, maridim e irmã) que a ponha também. Tirar fotografias, falar no msn com a câmara ligada e rir até chorar.