30 de agosto de 2007

bate na areia e desmaia


O Mar. Enquanto o vir diariamente, terei de escrever sobre ele. Hoje decidi entrar em silêncio, a ver se conseguia. Nem um pio. Só inspira-expira. Uma luta. Fechei os olhos. Pedi-lhe que me lavasse o corpo e a alma e que me embalasse.
Seria perfeito se depois do primeiro mergulho de cabeça não ficasse com a nuca paralisada/congelada. Mas depois vi que, antes mesmo de ter entrado, já estava a nadar debaixo de água há muito tempo.


28 de agosto de 2007

chamemos-lhes "incompetências básicas"

A Alecrim e a Nice começaram. Eu ri-me ao lê-las e ao procurar as minhas incompetências. Surpreendi-me ao ver que consigo fazer tudo o que elas não conseguem mas que me sinto incompetente numa série de coisas bem mais sérias. A verdade é que a lista das minhas incompetências básicas começa com um ar de graça mas acaba em defeitos graves. Reconheço. Aqui estão elas:

  • Jogar qualquer coisa que implique pegar numa raquete e acertar numa bola.
  • Jogar futebol.
  • Fazer contas de cabeça sob pressão. Bloqueio to-tal-men-te.
  • Esperar.
  • Manter o espaço em meu redor minimamente arrumado.
  • Estar calada.
  • Controlar o humor-negro-escuro-sádico-horripilante que me invade a mente a cada desgraça.
  • Trabalhar em grupo (o que inclui trabalhar em par).
  • Controlar o sono. Ser capaz de me manter acordada quando tenho sono. Num sofá qualquer, no planetário, no cinema, no teatro, no ballet. E no Amália.
  • Fazer crochet e tricot. Porque queria ter feito logo um cachecol lindo e fiz apenas uma pequena "coisa".
  • Tocar clarinete. Porque se não for para tocar logo a música do Fabuloso Destino de Amelie, então não quero aprender.

eu linko, tu linkas, ele linka

Ser lesma é só descobrir a internet em 2004 e saber o que é um blog em 2005.

Sou lesma mas sei o que é um link. E fico sempre tão lisonjeada por alguém falar do meu blog ou do meu trabalho, mais ainda por o recomendar. Obrigada. Muito obrigada.

Costinhas
Paulo Vinhal
Rql
Birrinhas
Tulaunia
APO
Nikitacortez
Citrag
Rutinha
Alface à beira mar plantada
FIA
Indiasun

27 de agosto de 2007

à deriva

Eu tenho esta mania de me sentir profundamente feliz por coisas muito pequenas. E a consciência disso faz-me sentir milionária.

Hoje fiz-me ao mar de novo. De novo sozinha. De novo aos gritos. Depois de muito se mexer para não congelar, o meu corpo entrou num estado de dormência. Deitei-me à tona da água, imergi as orelhas e quase adormeci embalada pelas ondas. Se flutuar numa piscina é relaxante, flutuar no mar, sozinha, é o paraíso. Um silêncio que não é silêncio, das ondas, da minha respiração, das bolhinhas de ar nos meus ouvidos. Abrir os olhos e ver o horizonte, as gaivotas, os meus pés descontraídos. É como voar. E eu queria que toda a gente na praia pudesse sentir o mesmo, em vez de sentir só frio.

25 de agosto de 2007

no minho bamos àiágua

Hoje fui pela primeira vez à praia, desde o ano passado. O mar do Minho merece fama mundial. É tão frio que não é frio, é granizado. Deve apanhar uma corrente qualquer vinda do Pólo Norte, só pode.
Eu entro na água fria em câmara lenta. Molho os pés, monho as canelas, molho as coxas e quando a água ultrapassa a linha da anca e se aproxima da barriga, dou início ao meu recital de canto lírico. É uma vergonha, especialmente se se mora numa cidade pequena onde se conhece de vista cerca um terço das pessoas que estão na praia. Mas em silêncio é-me impossível entrar no mar. Aliás, em silêncio é-me impossível praticamente tudo. Dizem os venenosos que até a dormir eu falo.

Hoje fui ao mar sozinha. Na minha caminhada lenta de única-pessoa-da-praia-que-se-atreve-a-ir-nadar, desci um degrau de areia sem querer e, quando vi uma onda a aproximar-se, soube que era o fim do tronco seco. Felizmente tinha o Bruno e o JB a verem-me e um amigo nosso a quem dizer "anda comigo anda comigo anda comigo".

Lembro-me do constrangimento que sentia aos 13/14/15 anos, na praia. Dos pêlos, da celulite (mal eu sabia o que aí viria), das maminhas (inhas ontem, onas hoje), de encontrar alguém conhecido e pensar "estou nua, ó pá porque é que eu vim?!". Dez anos e mais de dez quilos depois, quando a força da gravidade não perdoa as outrora inhas, levo o biquini que não faz milagres e auto-estima protecção 50. No dia em que me livrei do peso do olhar dos outros, fiquei leve, livre e muito mais feliz.

24 de agosto de 2007

dia de férias



Ter tempo para almoçar tarde.
Deixar a louça por lavar.
Nadar no monte.
Ver dois Joões a nadar.
Apanhar sol.
Ver peixes.
Jantar com a família.
Comer mousse de chocolate.
Lastimar a barriga mas não muito.

Telemóvel do meu pai na minha mão.
Máquina da minha mãe na mão do meu primo.
(quase)

23 de agosto de 2007

rodilha 9


Disponível. Devia estar na loja mas a loja ainda não abriu oficialmente. Há-de abrir com os sacos de compras dos meus sonhos. Já os tenho na cabeça. São de pano, fortes e bonitos. A minha contribuição para o fim dos sacos de plástico.

Viver devagarinho é ver o amanhecer na cozinha, tomar o pequeno almoço calmamente, ensinar um menino a lavar a louça com muita espuma e ter vontade de desenhar.

21 de agosto de 2007

imaginação

O nosso herói tem quatro anos, fala à sopinha de massa e tem uma espada que brilha azul-verde-vermelho-super-abichanada-mas-eu-só-penso-não-digo. Tem vergonha de brincar às lutas incríveis na frente do pai, então fecha-se no quarto comigo e salva-me de todos os monstros horríveis que eu descrevo. Põe uma voz grave, franze o sobrolho e diz "eu vou combatê-lo!".
Primeiro matava tudo. Cortava os inimigos que eram ursos. Mas depois de eu mostrar muita pena deles e de começar a preferir o robôssauro, desatámos a afugentar monstros com várias cabeças e pernas, olhos de mau e bocas cheias de dentes afiados que deitam fogo. Em vez de morrerem e ficarem ali no chão, morrem (porque morrer é ser derrotado) e vão embora para a casa deles. Soltam puns de medo. São almofadas, cabeceira da cama, cómoda, cortinas, cesto da roupa suja, ar e vento.

A thpada máthica thu notho herói tranthforma-o em monthru, fath-me uma catha com árvorth que dão cadernuth e canetath... e na hora thu banho, lava-o com mathia para ele poder continuar a brincar.


O nosso herói desenhou um pássaro e foi entregar-mo à cama com jeitinho. E eu quase me esqueço das birras que me tiram do sério.

20 de agosto de 2007

sinónimo de férias

A sensação de férias é difícil de alcançar. Ainda não fui à praia e só me senti realmente descontraída com o facto de não fazer nada, por uma ou duas vezes. Hoje vim para a aldeia e a piscina está gelada, sob um céu cinzento.
O mais difícil é gastar dinheiro dias seguidos, sem ganhar. Quem é patrão de si próprio, na maioria das vezes, não tem férias pagas. Não tem subsídios de nada. Tira férias que não são bem férias. Mas hoje fui ver uma parede. E é numa sala de jantar!

Sorte a minha: poder deixar maridim e enteadim em casa e fugir com duas irmãs para a aldeia. Beber caipirinha e comer bolo de chocolate. Fazer mímica e rir muito. Ter conversas que só as mulheres têm.

Azar o meu: ser aliciada a dar um mergulho às oito da noite. Desconfiar que vou mesmo dá-lo. É que os meus gritos histéricos soltados a cada centímetro do corpo mergulhado na água, são famosos por aqui. E não posso pôr em risco a minha reputação.

Nhocas: minha irmã. Parabéns. Muitos muitos beijinhos daqueles bons no pescoço. Muitos abraços e muito amor e carinho. Minha Nhocas.
Ju: Parabéns amiga querida. Começo (continuo) a achar que estou velha. Conheço-te há 25 anos. E a Nhocas há 22. (temos de repetir a dose de sexta à noite. Acho que não me ria tanto há mais de uma semana, o que é grave...)

Beijinhos a todos os que fazem anos hoje (conheço mais) e a todos os que "me" lêem.

(Penso nas Festas d'Agonia, muitas vezes, com uma raivinha. Da agonia do touro que já deve ter morrido, das pessoas que estacionam nos passeios, separadores centrais e passadeiras, como se aqui não houvesse cadeiras de rodas, carrinhos de bebé e invisuais. E como se não houvesse seis parques de estacionamento livres. Mas não escrevo isso hoje, que revelo este mau feitiozinho.)

17 de agosto de 2007

arudimadaminaso (a rodilha da minha sogra)

É o que a dona Ana Rosa borda à volta de algumas rodilhas (também chamadas de sogras). Não são tão lindas? Aqui estão (estavam) oito para vender. €10 cada, incluindo portes de envio. São todas diferentes e desconfio que únicas também.
Entretanto já vendi algumas e a linda artesã encarregou-se de vender as restantes. Sobrou a nº 7.


ver grande

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1 (vendida)


2 (vendida)

3 (vendida)

4 (vendida)

5 (vendida)

6 (vendida)

7

8 (vendida)


a minha rodilha


Ontem fui à feira de artesanato que todos os anos acontece no lindo jardim público daqui de Viana. Encontrei lá caras conhecidas e conheci também a linda senhora que faz as rodilhas que há meses fotografei para mostrar à Mary e à Rosa. Ela é tão querida e humilde que eu não resisti a comprar-lhe uma rodilha (para usar como base para recipientes quentes) e propor-lhe vendê-las aqui no blog e no Flickr. Ficou radiante. Vou fotografá-las hoje.
Entretanto, fiquei cheia de vontade de ter lá uma barraquinha, no ano que vem.

16 de agosto de 2007

procuro quartos para pintar em Lisboa e arredores

Pinto quartos de criança. E não só. Espaços ocupados por crianças. Escolas, parques infantis, salas de espera, consultórios. Paredes, tectos e móveis. Desde 70 euros. Procuro quartos em Lisboa para pintar muito muito muito. Pretendo passar uns tempos na capital em busca de fama.
Se estiver interessado em decorar um espaço através de uma pintura contacte-me!

natachavc@hotmail.com

Palavrinhas de que o google gosta:
pintura decorativa quarto criança mural pintura de quartos parede paredes tecto móveis mobília mobiliário esqueça o papel de parede barras de papel e coisas coladas e furos na parede pintura quarto infantil bebé cores cor tinta barato barata aranha spiderman

14 de agosto de 2007

o barco dos sonhos voltou


Juntámos o barco dos sonhos com água pelo joelho, peixinhos sorridentes e chuva de estrelas. Vantagem de pintar coisas fofinhas: depois de algumas horas a olhar para a parede, é tudo verdade. As nuvens são consistentes, descem e boiam no mar, as estrelas são pequeninas e caem do céu, os peixes divertem-se fora de água e as pedras são de todas as cores. E eu adoro. E fico muito feliz.





13 de agosto de 2007

tourada viana do castelo

Se procura neste blog informações sobre a tradicional tourada das festas d'agonia (ou da agonia), assim como horários de autocarros e transportes como AVIC e Turilis, etc. e tal, com direito a lanche ou coisa que o valha, DESENGANE-SE!
Este post é uma ratoeira para adeptos de tourada mal informados que usam motores de busca na internet. Acaba de perder o seu tempo e de entrar num blog 500% ANTI TOURADA.

Saiba que se lhe cair uma bandarilha em cima ou se cortar mesmo a sério com uma faca, haverá pelo menos uma pessoa feliz com isso: eu.

(Ritinha Martins, não fiques triste. Quando formos avós, só haverá tourada nas fotografias. Beijos, querida.)

Peço desculpa pela descarga de ódio visceral. Às vezes os blogs servem para isto.

1/4 e pouca paciência

Um quarto para um lindo bebé. Madruguei, conduzi o carro do meu pai até ao cimo do Minho, pintei e vim embora. Exausta.
E o trânsito que apanhei, das pessoas que voltam da praia.

Se há coisa que eu nunca, mas nunca, mas NUNCA faço, é furar filas. E depois de muitos quilómetros, se há coisa que eu odeio é que, numa fila, apareçam seres mais inteligentes do que eu, que desprezam a mim e ao sinal de cedência de passagem, que me passam ao lado direito sem sequer me olharem nos olhos como quem "posso?", aproximando-se perigosamente e cheios de pressa, esticando a minha cólera até ao infinito e fazendo-me colar o focinho do meu carro ao rabo do carro da frente. Não peço que quase metam a cabeça de fora com um sorriso parvo e grandes agradecimentos, como eu. Mas olhar e levantar a mãozinha, para mim é obrigatório. E enquanto eu não for a rainha do código da estrada, farei justiça pelas minhas próprias mãos (e pelo próprio carro do meu pai).

Caro amigo que tinhas um carro enorme mas não maior que a tua má educação:
Roguei-te uma das minhas poderosas-super-pragas-imaginárias. É bom que saibas que se fores um dos que no Domingo vai à tradicional tourada da nossa bela Romaria, o touro há-de se enfiar bancada adentro para te fazer qualquer coisa semelhante a um clister.
Se não fores à tourada, então a esta hora já te deu a diarreia galopante e eu já me estou a rir só de imaginar o banco do teu super-carrão-chique.
Se soubesses que eu já tinha feito 140km a apreciar asneiras tipicamente agosteiras e dezenas (milhares!) de cartazes da tourada de Domingo, talvez não tivesses feito o que fizeste. Agora cheguei mal disposta a casa e continuo a recordar o momento em que não te deixei entrar na fila.

11 de agosto de 2007

nunca diga a um vegetariano

1. Ah não comes carne mas comes ovos e queijo! Ah toma que isso também vem dos animais.
2. Ah tens pena dos animais? E das plantas que comes, não tens?

Com duas frasezinhas apenas se estraga uma discussão. Eu sou do tempo em que se respondia pacientemente Pois mas custa-me ver os animais serem maltratados durante a vida e a morte... e é mais fácil deixar de comer carne e peixe, os ovos e o leite estão em imensos alimentos... não temos muito por onde escolher... pois mas as plantas não sentem nem expressam dor, nem medo, nem sofrimento... acho menos mau matar uma planta...

Hoje em dia, assim que alguém (de bife no prato e algum preconceito na cabeça, que é o costume) me vem com uma destas afirmações brilhantes, eu dou por terminada a conversa e faço-me de estúpida (que é o que fazem de mim ao dar-me a novidade Os Ovos e o Leite são Produtos de Origem Animal).

Mas se a pessoa estiver mesmo numa de discutir com a pintora romântica que não come bichinhos, ainda lança a terceira:

3. Ah mas é a lei da selva! Somos omnívoros! O homem é um predador.

Normalmente a esta eu respondo... é que o romantismo é tanto.
Sem dúvida que somos omnívoros. Sem dúvida que uma carninha é boa (eu nunca enjoei da carne, eu tomei uma decisão, que é diferente). Mas camuflar as fábricas, os matadouros, os viveiros, os antibióticos e a quantidade de sangue, fezes e urina em que vivem os animais que comemos, por trás do Homosapiens caçador ao ar livre, é um insulto à minha inteligência.

Vivêssemos todos dos animais criados em casa, que vivem em paz antes do dia de ir para o prato, e talvez eu não fosse vegetariana há cinco anos.

Quando eu for rica, assim que alguém me vier com uma destas três pérolas do conhecimento, saco dum computador portátil e ponho este vídeo. Depois fico a ver se o meu interlocutor consegue comer o seu bife. E lavo as minhas mãos.

10 de agosto de 2007

quando...


... uma mulher de 25 anos se sente observada por um inimigo imaginário e sabe que um simples espirro pode desencadear uma violentíssima avalanche de roupa por passar, essa mulher deve tomar uma atitude: escrever um post sobre o assunto. *

9 de agosto de 2007

posso dizer uma coisa?

Estou com um torcicolo.
Desenhar um losango.
Um quilograma, um hectograma, um decagrama, um grama. Duzentos gramas de queijo, por favor.
Quando uma mulher agradece, diz obrigada.
Quando um homem agradece, diz obrigado.

(Ufa!)

7 de agosto de 2007

quando eu perdi a chave do carro

Encontraram-no a dormir profundamente. Eu andava a resmungar dum lado para o outro e a esbracejar e a dizer que sou a pessoa mais desarrumada do mundo. Felizmente há a chave suplente mas que não tem comando, o que aumenta a probabilidade de eu deixar o carro aberto em cerca de 120%...

Enquanto isso, eles sussurravam:

"Anjinho: Olha! Está a dormir.
Ovelha: Sabes, parece que o conheço...
Anjinho: Parece um gato. Ou será um tigre?
Ovelha: Um tigre sem riscas?
Anjinho: Sim.
Ovelha: Um tigre sem riscas é uma leoa, Anjinho.
Anjinho: Ah... pois é."

já disse que adoro burros?

Andamos em busca da casa perfeita para os patinhos. Eu sonho com eles livres, a voar para onde quiserem e a nadarem muito felizes. Hoje fomos a Cerveira, a uma quinta pedagógica deliciosa, onde conhecemos o Benjamim e o Mirandinho. Eu que acho que todos os animais parecem cachorrinhos, senti-me muito tentada a dar beijinhos nos burritos. A pele do beicinho deles é macia como veludo.

Nota: Achava que o vídeo estava muito longo mas afinal nem um minuto tem. E as minhas festinhas parecem palmadas violentas, a julgar pelo som amplificado. Ainda bem que não falei no meu tom de voz normal...
Nenhum animal foi ferido para fazer este filme.

6 de agosto de 2007

histórias de gatos

O Garfield deixou saudades no meu coração.
Apesar de eu ser especialmente apaixonada por cães, reconheço que os gatos são muito especiais. Sentem e expressam-se dum modo único. O Garfield fazia uma careta feia quando eu ralhava com ele. Franzia o sobrolho e ficava mesmo muito sério. Amuado.

Houve outros três gatos que viveram provisoriamente comigo. Ficaram comigo no Porto, durante as intermináveis obras da casa do seu dono, meu amigo. Um preto, um branco e uma malhada. O branco, o Alonso, é o protagonista desta história.

Os gatinhos dormiam comigo. Foi um belo Inverno, visto que, apesar da casa ser gelada, eu tinha um scaldasono na cama. Um dia, do nada, a Fluffy e o Sheba começaram a desprezar o Alonso e a dar-lhe umas bofetadas. O Alonso, grande e gordo, fazia-me ainda mais pena por não se defender. Afastava-se, muito triste. Eu ralhava com os outros dois palermas que depois de chamarem gordo e feio ao Alonso, se lambiam abraçadinhos na cama. E o Alonso passou a dormir na prateleira, ignorando os meus chamamentos de voz fininha.
Um dia ele deixou de se lavar. O seu pêlo perdeu a luz. Dei com ele a observar os outros dois na marmelada e nunca me vou esquecer da expressão na cara dele. Tão, tão triste. Quase a chorar.
Decidi enchê-lo de mimo à força e tentar copiar as lambidelas que os outros dois trocavam, com os meus dedos. No focinho, nos olhos, nas orelhas, vezes e vezes seguidas. Depois atribuí-lhe o lugar privilegiado dentro dos cobertores, comigo.
O Alonso ia para o fundo da cama e ficava aos meus pés. O scaldasono no máximo. Os dois a cozinhar enquanto eu via televisão ou desenhava. Passados uns bons minutos, ele subia até perto da minha barriga. E quando já não aguentava mais o calor, arrastava-se cá para fora cozido, de nariz e orelhas muito vermelhas, a arfar. Eu ria-me tanto que ele acabava por se rir também.


Quando recuperou a auto-estima e voltou a brincar, os outros dois pediram-lhe desculpa. Juntaram-se os três num abraço de família e depois de muitos beijinhos, adormeceram. E eu rezei para que não voltassem a parecer-se tanto com pessoas.

5 de agosto de 2007

obrigada :)

Obrigada pelos comentários tão simpáticos à última pintura... e por todos os outros comentários que adoro que me deixem aqui. Nunca me sinto sozinha em frente ao computador.
Os desenhos preparatórios para a pintura eram da Ana dos Cabelos Ruivos, da Flora e da Milady (que não é a Candy Candy nem a Carmen San Diego. Hihihi...). Fiquei à espera que alguém acertasse... a Rutinha e a Sofia bem tentaram :D

Este espaço tornou-se tão importante.

Obrigada por me linkarem:
Sapinho Cor-de-Mel
Lipa
Isabel
Karura
Sara

Bom Domingo.

4 de agosto de 2007

tau gáfiu

O que me entristece nem é a casa que subitamente ficou vazia. O que me entristece é a possibilidade de ele não ficar com os donos por o bebé poder ser alérgico/asmático... e hoje dormir numa garagem e não no sofá daqui de casa... e eu querer ficar com ele. E não ouvir mais a Tocas a despedir-se no fim de cada aula. Tau Gáfiu.

Alguém quer (muito) ficar com o Garfield?


3 de agosto de 2007

2 de agosto de 2007

volto já

(Quem escreve este ditado é o Bruno)
Vim até à aldeia. Estou com duas irmãs e uma avó, à base de piscina, sol, broa de Avintes com manteiga e azeitonas. E estou muito bem porque tenho dois dias de férias. Até amanhã.

1 de agosto de 2007

voltei

Na 6ª fui para o Porto, rumo à parede dos anos 80. Contava escrever um post no Sábado a avisar que só voltaria hoje mas a Di "fugiu" com o computador e eu fiquei subitamente sem net, sem mail, sem blog, sem tudo.
Durante quatro dias pintei de manhã até à noite. Dez horas por dia. No primeiro dia - o mais difícil de todos - desenhei até já não me aguentar em pé. O desenho é um acto mental (a pintura também, já dizia o da Vinci) tão violento que eu gostava de ver o meu cérebro examinado enquanto desenho. Cheguei a casa da Di, deitei-me e dormi 12 horas. No dia seguinte a mesma coisa, de maneira que na terceira manhã de trabalho, quando me vi ao espelho, tinha a pele mais maravilhosa que a dum bebé, os olhos vivos, brilhantes e uns lábios de top model (nunca pensei que a treta do sono=pele bonita fosse tão verdadeira).
Na 2ª fiquei sozinha também na casa da pintura. Horas e horas sozinha. Pincéis, tinta, lanchinho, água, parede parede parede. As únicas palavras que me saíam da boca eram das músicas dos desenhos animados que estava a pintar e um ou dois palavrões ditos à boa moda do Minho, de cada vez que me enganava ou ficava com as pernas adormecidas. Acho que nunca estive tanto tempo sozinha. Brunim... Garfield... o meu blog... o meu blog... o meu mail...
Dormia na casa da Di e trabalhava na casa do João. Duas casas tão arrumadas, o silêncio das horas e horas em frente à parede, o fim do dia com a televisão. E salame de chocolate para me consolar. Quase tive uma crise existencial.

[Numa das manhãs, ao tentar cortar um pão duro, fiz pontaria ao pão, enfiei a faca no dedo (o pão a rir-se), o dedo começou a jorrar sangue como eu nunca vi, enfiei-o debaixo de água e ele não parava, corri para a casa de banho e pensei no CSI a analisar as gotas no chão, o dedo a esguichar, eu a falar sozinha e a descoberta de que na casa duma enfermeira não há pensos rápidos nem gaze nem adesivo. Valeram-me o papel higiénico e uns momentos de mão para o ar a ver bonecos na rtp2. Depois fiz um penso com fita crepe e pintei normalmente.]

Anteontem a Di voltou. Falei tudo o que acumulei durante dois dias, tanto e tão descontroladamente que até me cansei de mim própria.
Ontem terminei a pintura às 23h30. Completamente exausta. Já sem ver direito o que faltava, sem conseguir concentrar-me e a já só pensar na minha casinha desarrumada.
Mas tirei fotos e fico tão feliz de as poder partilhar com quem veio aqui estes últimos dias e deu de caras com o mesmo post de 5ª feira... peço desculpinha.










Melhor que desenhar, pintar, (re)criar, é ver a felicidade e surpresa das pessoas para quem pinto.