29 de abril de 2008

auto-retrato verde

fotos velhas


Forçada a remexer nas pastas de todas as pinturas, encontrei fotografias que nunca tinha publicado. Entre elas estavam estas e ainda uma série de cinco fotografias desta parede, tiradas com o propósito de montar uma vista "panorâmica". Aqui está ela.

27 de abril de 2008

dos sonhos

Voltei a sonhar com armas. Eu tinha acabado de matar muita gente com uma metralhadora e escondia-me numa barraca no meio do mato. Vinha uma pessoa ao meu encontro, pronta para me matar e eu, aterrorizada e a chorar, disparava primeiro com a metralhadora, depois com uma pistola, mas nada atingia aquela pessoa que entrava na barraca, me olhava nos olhos e me dizia "Tu mataste a minha família.", antes de pegar também numa arma e disparar contra mim. Tudo tão real. Os tiros, o som, o peso das armas nas minhas mãos, a raiva, o choro, a culpa. Tantos tiros disparei contra aquela mulher e foi como se ela fosse um fantasma que as balas atravessavam. Chorei muito e por fim baixei a cabeça para morrer.
Não sei onde vou buscar estas coisas. Sou contra o uso de armas, o que desgosta o meu pai que pratica tiro ao alvo e em todas as vezes que me deixou atirar disse que eu tinha uma grande pontaria. Se eu fosse homem e me chamassem para a tropa, ia dar muito trabalho a quem me tentasse forçar. Preferia, de longe, ser presa. Tendo de ir para uma guerra, preferia morrer.

Talvez por os meus sonhos serem sempre tão estranhos e na maioria das vezes muito violentos, gosto de imaginar que o melhor sonho da minha vida não foi só um sonho. Imagino que entrei em contacto com outra realidade através do meu inconsciente. Quem me dera ter mais sonhos assim... depois daquele fiquei com uma sensação de leveza e paz que durou dias. Fechava os olhos e lembrava-me daquela luz, daquele silêncio e da confiança daqueles animais em mim. Aquela harmonia perfeita entre seres vivos. Foi um verdadeiro sonho, o melhor de sempre, porque imaginar e sonhar são coisas completamente distintas. E hoje eu sinto-me como se um dia tivesse de facto nadado num rio com pelicanos e lontras, num sítio onde não havia pedras perigosas nem vertigens que me impedissem de saltar dum ramo muito alto para a água.

26 de abril de 2008

as nossas alianças são brincos

Somos um casal moderno que não casou mas vive casado. Aliança no dedo, ele usou no primeiro casamento e eu, acho horrível, especialmente nestas mãos de artesã em que nenhuma unha é igual à outra e há sempre um restinho de tinta. Usamos brincos iguais nas orelhas. O meu caiu-me há dias (por falar nisso vou ali pô-lo). Ele usa no lóbulo da esquerda e eu uso na cartilagem da direita. Estávamos na casa de banho e ele disse:
- O meu patrão disse que há clientes que não gostam de brincos.
E eu, antes mesmo de pensar no que ia dizer:
- O teu patrão não sabe que estamos num país livre? Se os clientes não gostam de brincos, que não usem!

Porra.

PS
Devo dizer que recentemente fui atendida na Fnac por um funcionário de braços todos tatuados. Educado, competente (bonito até!!!) e tatuado até aos pulsos. Pensei que a mentalidadezinha portuguesinha deu um passinho em frente no dia em que se deu emprego a um homem assim. Mas só deito foguetes quando for atendida por um bancário tatuado... ou pior, sem gravata!!!

24 de abril de 2008

muda

Quando me calo as pessoas notam. Algumas reclamam. Eu cá canso-me de me ouvir.
Imagino-me muda. Se mesmo podendo falar, faço tantos gestos e caretas, imagino-me muda (eu que nem baixo sei falar). Seria uma muda que gesticula alto.
Aquele azul todo que pintei em Fevereiro deixou-me as fossas nasais em carne viva. Quando o sangue secava, impedia-me de mexer a boca e fazer grandes expressões. Andei uns tempos com cara de botox para não ser apanhada de surpresa por um esticão de ver estrelas. Isto durou demasiado tempo e é bem feita, para nunca mais me esquecer de tomar os anti-alérgicos.
Só na semana passada é que o meu nariz sarou. Mas nestes últimos dias apetece-me só estar calada. Nem escrever. Muda.

21 de abril de 2008

dias de tempestade

Bom no fim-de-semana, é quando me dou o direito de não fazer nada e não sentir culpa por isso. Se me apetecer, fico quieta e como mais chocolate do que o meu estômago suporta. Se me apetecer, faço umas salsinhas de pano com restinhos dos sacos. O vento tem estado tão forte que várias árvores caíram cá em Viana... a chuva chove na horizontal e as janelas assobiam.
Estava deitadinha no sofá a dormitar quando senti uma corrente de ar matreira. Tratei-lhe da saúde com meia dúzia de trapinhos e uns quilos de areia da Praia Norte.


18 de abril de 2008

a cores


...



Nos meus sonhos todos os meninos têm direito a amor e carinho. Deixo-me levar pelos desenhos, pela dúvida entre um cor-de-rosa e um azulinho, por estrelinhas e bochechas coradas de alegria, e nem me dou conta de como a minha vida é pequenina. Ouvi há pouco na televisão uma frase que está até agora a ecoar dentro da minha cabeça.

Bebés em África tão doentes e subnutridos que nem para chorar têm força.

Tenho um nó na garganta e uma culpa no coração.

17 de abril de 2008

pintar pequenino




Às vezes sinto vontade de me fechar em casa e só pintar coisas pequeninas. Talvez porque pinto coisas grandes na casa dos outros... mas fazer este tipo de pintura dá-me um prazer especial. Faz-se devagarinho, com um cuidado milimétrico. O ratinho deu-me muita vontade de ver este filme... ainda não o vi, é verdade... a minha querida Bizinha já mo recomendou.
Esta caixa foi a Cilu que me encomendou há meses. Onde ela trabalha, cada funcionário precisa duma caixa. E a da minha Cilu é a mais bonita, tenho a certeza. Ehehe.
:)

16 de abril de 2008

inspiração

Pergunto-me tantas vezes como seria o meu trabalho hoje, se eu não tivesse passado a minha infância a ver desenhos-animados. Tínhamos um gravador de cassetes cujo funcionamento dominávamos, eu e o meu irmão. Lembro-me de ver e rever e rever e rever os meus amados Pequenos Póneis. Lembro-me de parar as gravações e pôr uma folha contra a televisão, para desenhar por cima.
Sei que há imagens que ficaram gravadas na minha mente, ainda que não me lembre delas. Anteontem revi esta cena do filme A Pequena Sereia. É do tempo em que os filmes da Disney não eram dobrados para português de Portugal, então víamo-los nestas versões, absolutamente deliciosas, na minha opinião. O vídeo entrou-me pelos olhos, atravessou-me o coração e foi directo às profundezas da minha memória, onde com certeza vou buscar muitas das "ideias" que tenho para os meus trabalhos. Lembro-me de tudo. Tudo!
Vale a pena observar cada pormenor. Eu não me canso de ver... adoro.

fila indiana




Há uma fila de coisas dentro da minha cabeça. Bichinhos, cores, grafite sobre papel, scanner avariado, meninos e meninas que andam pelas paredes, uma pilha de louça por lavar que ainda não anda pelas paredes mas quase, atelier, logotipo, bochechas na menina do desenho, sobrancelhas e bigode à Frida Kahlo em mim, projectos em perspectiva, emails por responder, o que fazer para o almoço, fotomontagens e minutos contados.
Não necessariamente por esta ordem.
Sopa de letras.

Os elementos da fila, volta e meia chegam-se todos ao balcão e eu fico aflita porque sou a única funcionária desta loja.

15 de abril de 2008

cordeirinho

Enquanto faço os projectos para a pintura dos animais da quinta, volto a olhar para as fontes de inspiração do cordeirinho que irei pintar. Esta e esta. E penso, sem poder controlar, como é possível matar e comer, como petisco, um animal assim.
Quantos de nós teríamos a coragem de escolher, pagar, cozinhar e comer o conteúdo de uma embalagem onde estivesse escrita a sua história acompanhada duma fotografia? Este borrego tinha x meses de vida quando foi retirado à mãe, passou por x y z, foi electrocutado, morto e esfolado, para que você possa agora saboreá-lo. Bom apetite.
Pergunto-me quantas embalagens não estariam na minha casa de banho ou na minha cozinha, se nelas viesse escrito: Este produto foi testado num coelho albino de x meses de idade que foi torturado até à morte. Comprove a qualidade!
E fico agoniada.

14 de abril de 2008

eu e o génio da lâmpada

- Concedo-te três desejos, minha linda menina, tão fofinha e queridinha.
- Ó Geniozinho, assim de repente?... quero dançar assim, quero dançar assim e quero dançar assim!
- Ok. Plim!

13 de abril de 2008

toque



A pensar noutro bebé que também ainda está no quentinho. Adoro pintar quartinhos para bebés.

12 de abril de 2008

não volto a abrir a porta a estranhos

Em casa sou um animal selvagem. Selvagem. Entre as muitas coisas que faço, canto ópera. Grito esta música. Canto canto e se não cantar, falo. Vivo com um homem calmo, silencioso. Vivemos nisto há anos. Eu lavo a louça aos berros e de vez em quando lembro-me que a dona O se deve rir muito de mim, na cozinha dela que é coladinha à nossa. O Bruno já nem reage, nem estremece. Estou nisto, drrraaaaa a a a a a a a a a a a a a aaaaaaaaaaaa a a a a a a a AAAAAAAAAA A A A A A A A A e toca a campainha.
O Bruno foge e com ele a cantora que há dentro de mim, cheia de jóias e bem penteada e maquilhada. E lá vou abrir a porta, com ar doméstico, de pano da louça na mão.

- Renhonhó renhonhó, tem dois minutos?
- Valha-me a Nossa Senhora, são nove horas da noite!!! - Sim.

E ouço, ouço, enquanto digo palavrões para dentro ao som do Mozart.

- Renhonhó cinco euros por ano.
- Mas isto não era um questionário? - não estou interessada...
- Não?!
- Filha, não me puxes pela língua minha filha, que eu sei que tu sabes que eu sei que ouviste a minha ópera, por isso põe-te a andar daqui se não queres ser corrida a decibéis. - Não... hum.
- Renhonhó renhonhó.

Odeio-os. Odeio-os. Por que me perseguem?! Não volto a abrir-lhes a porta.

11 de abril de 2008

o mar enrola na areiaaaa

Sempre que venho aqui ao blog os olhos fogem-me para o arquivo mensal. A sequência dos meses faz uma onda, ali de ladinho, conseguem ver? Sei que alucino mas nem desgosto de alucinar. No outro dia fui com a minha avó ao oftalmologista, um homem muito mal encarado a quem deve ser impossível arrancar um sorriso. Enquanto ele observava os exames da minha Binhas, fixei-me nas rugas horizontais e muito vincadas da sua testa. Pouco tempo foi preciso para começar a ouvir música de circo e ver bonequinhos caminharem na corda bamba...

figura humana



Há uns tempos atrás, pela primeira vez, senti o meu talento ser questionado por um cliente. Li nas palavras dele uma total falta de respeito pelo meu trabalho e pelos preços que pratico, ao insinuar-me que eu estava a cobrar caro por um trabalho "simples".

A Cilu serviu-me de modelo para resolver o braço e mãos desta boneca.
Se hoje, quando desenho, desenhar parece fácil e se, quando desenho, desenhar parece rápido e simples, é porque houve horas e horas e horas de desenho, muito trabalho com e sem vontade, suor, cansaço, toneladas de papel, e muito dinheiro investido. É por isso que eu cobro o que cobro hoje, e é por isso também que daqui a uns anos cobrarei mais. Nunca me vou esquecer duma entrevista do Jô Soares a um cartoonista em que, quando o Jô lhe perguntou quanto tempo levava a fazer uma tira, ele respondeu qualquer coisa do género "56 anos e 20 minutos". Que resposta tão verdadeira e tão clara...

Hoje apetece-me agradecer aos meus pais por me terem pago um curso caro como o de pintura. Caro em todos os sentidos. Apetece-me agradecer ao modelo de Desenho e Figura Humana de quem me lembro sempre que desenho bonequinhos, que ficou ali sentado, horas a fio, nu, quantas vezes cansado, com dores e as pernas adormecidas, para que hoje eu possa desenhar o corpo humano de memória. E por fim apetece-me agradecer muito a todos os que valorizam o meu trabalho e talento. E agradecer aos que pagam sem fazer julgamentos e com um sorriso na cara. Obrigada :)

10 de abril de 2008

animais da quinta








Para um bebé que ainda está no forninho...
:)

9 de abril de 2008

publicidade

Quando paro para ver televisão, o que me salta à vista são os anúncios publicitários. Isto porque só temos quatro canais cá em casa, e ainda bem, digo eu, que se tivéssemos cabo eu ficava coladinha no Odisseia. Se não houver desenhos animados, quem quer ser milionário, ou anatomia de grey (leia-se a anatomia do dr. burke), esqueço logo que tenho uma televisão aqui ao lado.
Mas a publicidade faz-me comichão. Admito que haja anúncios muito bons (sei que sou suspeita), mas a maioria parece-me um terror. Há dias chamou-me a atenção um em que um miúdo tem quatro braços. Não sei se vi mal, mas em todas as vezes que vi, o miúdo cheio de estilo usa uma das mãos para deitar lixo para o chão. Espero ter visto mal. Mas o que se segue eu sei que vi bem: a Fátima das manhãs a conversar com senhoras sobre os inconvenientes da prisão de ventre. E escusam de tentar distrair-me com o iogurte e o sofá verde no meio da rua. Elas estão a falar de cocó!!! Por que é que quando eu falo de cocó sou porca e me mandam calar, e aquela estapafúrdia-pró-tourada ainda recebe por cima??? E os anúncios de creme anti-qualquer-coisa cujo frasco é dividido ao meio? Dum lado creme branquinho, do outro creme laranjinha. Mistura-se tudo, na mão e na cara, mas é bonito, um frasco com dois buracos.

Não vou falar do anúncio em que as loiras burras devoram caviar à colher. Vou desenhar.

8 de abril de 2008

arrumação

Tão boa a fazer prateleiras e a dar-lhes destino. Por dentro sou uma sopa de letras. O que me passa pela cabeça, pelo coração, pelas mãos, é tudo o mesmo. Não há gavetas dentro de mim, não há prateleiras sequer. Vejo-me duende dentro de mim à procura das coisas no meio duma enorme confusão onde ponho tudo. Cá fora o mesmo. O saco do pão aberto na cozinha está directamente ligado ao copo de tinta no bidé. É tudo o mesmo. Sopa de letras.

7 de abril de 2008

um anjo

Lá fomos outra vez, eu e a minha mãe. (Nhocas, que pena tive por não teres ido... saudades)
Estivemos mais uma vez nas mãos de um homem que me deixa encantada. Pela sabedoria, pela experiência tão grande que tem no assunto, pela humildade e generosidade com que olha para nós, leigos, num misto de profunda tolerância e amor ao próximo. Como se tudo isto não bastasse, ele parece um anjo. Fala inglês num tom tão doce e pausado que é português para os meus ouvidos. Olha-nos nos olhos. Pergunta quem quer sentar-se ao pé dele a seguir. Um voluntário chega-se à frente (não nos acotovelamos para ir primeiro apenas por boa educação). E aquelas mãos grandes começam essa coisa chamada Técnica de Alexander. Eu não sei bem explicar o que é. Mas o certo é que ele manipulou este meu corpo grande e pesado como se eu fosse uma marioneta. Ajustou-lhe cuidadosamente as peças de que é feito, enquanto eu viajava algures no arco-íris com os pequenos póneis. Parece uma simples massagem. Mas há quem fique desfigurado, há quem seja assaltado por recordações e pensamentos que parecem não ser (mas são) para ali chamados, há quem se ria, há quem fique na mesma e há quem desate a chorar.

Falámos das minhas vertigens. Observou-me a subir e descer o escadote inúmeras vezes. A minha postura ao pintar pode ser a causa do desequilíbrio, daí o medo aterrador que tenho de cair. Ele observa a postura das pessoas ao milímetro. Pergunta-nos o que sentimos, se sentimos algo diferente e diz que não há mal nenhum em não sentir ou não conseguir verbalizar. Depois sorri e eu ouço sininhos. Um anjo.

Lu, no próximo aviso-te, ok?

6 de abril de 2008

:)


E pronto, Karla. Já está. Beijocas! ;D

4 de abril de 2008

toma que é bem feita por gozares com o rego alheio

(Terceiro episódio da saga "Soutien e o seu Maquiavélico Aro".)

- 'Tá? Boa tarde Sr. S. Eu sou blá blá blá... moro aqui blá blá blá... estou a ligar-lhe porque me entrou um aro do soutien na máquina de lavar a roupa e queria saber quanto custará tirá-lo de lá de dentro.

- Mas a máquina faz barulho?

- Bem, primeiro fez, depois parou de fazer. Mas tem um aro do soutien lá dentro! De metal!

- Ahahaha então não se preocupe minha senhora!

- Mas mas mas é um aro de metal e ainda é grande!

- Ahahaha eu sei, um aro de aço!

- Pois... o senhor já deve estar farto de saber... e não faz mal?

- Naaaaaaão!!! Deixe-o estar! Ahahahaha!

- Mas mas mas...

- Ele para o motor não vai. O pior que pode acontecer é furar o cano da água ou sair com a água.

- (Oh meu Deus por favor e se for para os rios e mares e oceanos e acabar por furar o olho a um golfinho? Oh meu Deus oh meu Deus!!!) - Aaaa... está bem então... Olhe eu vou pô-la a lavar. Se entretanto voltar a telefonar-lhe já sabe.

- Ahahahaha!

3 de abril de 2008

dos links e de quem me visita

Existe um grupo de pessoas que entra aqui sem links (também há o grupo dos que procuram receitas de arroz de pato e encontram isto...). Penso muitas vezes em quem serão essas pessoas. Gosto que me visitem porque imagino que gostem dos meus desenhos e das minhas macacadas. Um dia esse grupo atingiu os 147 elementos. Senti-me esmagada. Para mim mais de vinte pessoas já é uma multidão.
Já tantas vezes falei aqui do que representa este blog para mim. Só posso agradecer.
E muito obrigada a quem me linka ou elogia e recomenda o meu trabalho. Obrigada...

Sofia Quintela

Moonchild

O Mundo ao Contrário

Faz de Conta

Da Maia

Andreia

Deusas

BrU

Elsa

Catarina

V

Malena

... e um adeusinho especial à querida Birrinhas :)*

boa primavera!




Fomos ao cinema ver o Horton e nesta cena as minhas gargalhadas envergonharam quem estava comigo.

"No meu mundo todos são póneis e todos comem arco-íris e os cocós são borboletas!"

2 de abril de 2008

das coisinhas pequeninas

Ainda da minha colaboração com a Karla, num projecto cheio de ternura.
Vivo num mundo de bichos que sorriem, bochechudinhos. Depois este meu amor por coisas pequenas e a tendência para o animismo abrangem as plantas também, em especial o meu cactinho. Convenci-me de que somos apaixonados um pelo outro e ele, que é um romântico, oferece-me flores todos os meses. Recentemente estava a observá-lo ao perto, cada milímetro daquele corpinho pequeno e espinhoso. De repente vi um insecto! Corri feita louca em busca duma pinça, capturei a fera e pu-la num frasco. E levei-a para casa dos meus pais, para fazer queixa à minha mãe. Olha o que estava no meu cactinho! NO MEU CACTINHO!!! O que é? O que É?

"É cochonilha. Isto dá cabo das plantas! Deve haver mais."

E mandou o bicho cano a baixo, sem me dar tempo de o atirar para o quintal (eu sei, eu sei)... Receitou-me um insecticida que ficou na mesa da cozinha. Ao fim do dia assumi que sou de facto meia parva e bipolar, quando voltei a olhar para o Substral e vi nele a cura para o meu amorzinho doente. Pus-me a chorar de amor pelo cactinho e a minha mãe riu-se, por saber muito bem que esta parvoíce-lamechas, foi dela que a herdei.

não tomarás café às sete horas da noite

Pronto, cá estou, cheia de energia à uma da manhã. Se há dias em que pura e simplesmente não me apetece escrever nada aqui, outros há em que me apetece isto.
Hoje saí de casa e cheirou-me a Verão. Senti-me logo profundamente feliz. O segredo da felicidade passa por não se ser muito ambicioso. E quanto a isso sinto-me muito realizada. Apesar dos vários problemas que me comicham (digamos assim) e que não permito que habitem este blog, consigo, entre tristezas e preocupações, sentir-me feliz.
Ontem passaram o dia a cortar a relva aqui perto de casa. Depois desenharam umas cruzes vermelhas no chão e eu armada em esperta concluí logo que iriam plantar árvores. Hoje de manhã contei trinta buracos e, ao lado de cada um, esperavam elas, deitadas, bebés, acompanhadas de estacas. Fiquei tão feliz. Tão feliz. Gostava de saber quantas árvores matamos por ano, com a utilização de papel. É uma culpa que carrego, trabalhar com papel... Hei-de plantar uma árvore, umas das grandes (ora pois).

Segue-se o momento em que me junto aos bloggers que escrevem letras de músicas nos seus blogs.

Somos todos escravos do que precisamos. Reduz as necessidades, se queres passar bem.

Se tivesse aqui o Jorge Palma, dava-lhe um beijo na boca.
Pronto, vou dormir.

1 de abril de 2008