3 de julho de 2007

volte sempre

Na loja onde compro a madeira para as telas há um funcionário que é o motivo por que volto lá.
Há uns tempos, na caixa, a funcionária que faz tudo a correr e ao mesmo tempo mantém a sua tromba firme, passou-me o verde-código-verde para a mão tão à bruta que nem viu que em vez de marcar €21.20, marcou €2.12. Eu, assim que vi o valor, disse que estava errado. Ela corrigiu e virou-me costas imediatamente. E eu ouvi ecoar dentro da minha cabeça uma voz grave a chamar-lhe um nome que não me atrevo a escrever aqui.
Normalmente eu não reclamo com funcionários. Simplesmente não volto ao estabelecimento. Se bem que houve uma vez, no Porto (lembras-te Di?), em que fomos ao centro de saúde da minha freguesia para a pobre Di (moribunda de amigdalite) ir a uma consulta. O senhor da recepção foi tão, mas tão, mas tão malcriado connosco - a Di morava noutra freguesia mas naquele momento ardia em febre na minha - ao dizer-nos que ela que fosse à área de residência dela, que eu senti um vulcão entrar em erupção dentro de mim. A minha irmã pequenina e febril quase a chorar, com a garganta tipo bola de dor e ainda a ouvir desaforos dum funcionário que finge cumprir o seu dever enquanto maltrata doentes. Não sei exactamente o que disse mas sei que o meu tom de voz se alterou consideravelmente e que coloquei a mão em cima do balcão como se estivesse prestes a galgá-lo para estrangular o homem. E fomos atendidas.

Adiante. O senhor que corta a madeira e me escuta atentamente (eu sou muito chata: "esta ripa, três de 80cm e estas três, quatro de 60cm") é um amor. Eu vou sempre a rezar para que seja ele a atender-me. É sério, profissional e atencioso. Para que seja fácil eu transportar a madeira, pega nos pedacitos todos, coloca-os uns sobre os outros cuidadosamente e ata-os com fita-cola. Corta-a usando a caneta e eu babo-me a ver o seu ritual e a contar as voltas que ele dá com o rolo em torno da madeira. No fim olha-me nos olhos e diz adeus. E quando a madeira é muita ajuda-me a carregá-la até à caixa onde a elefanta me espera.

Eu adoro bons profissionais. Eles são ímans para mim. Quero a menina dos CTT de volta...

11 comentários:

Anadosol disse...

Olá Nat,
É bem verdade que encontramos essas abéculas por esses serviços fora mais vezes que o desejado e só dá vontade de apelar ao nosso instinto mais animalesco e deixá-lo correr à volta delas. Pergunto-me como serão as vidas dessas pessoas para que sejam constantemente tão amargas com os outros! Não percebo como é que alguém se levanta tão azedo e se mantém assim todo o dia... Onde paira a alegria delas??

Anónimo disse...

Não podias ter arranjado melhor palavra " Elefanta" :)
Adorei!
Aliás eu amo o teu blog, fazes-me rir, chorar, pensar, enfim, uma mistura de sentimentos que nem sei explicar. Continua assim.
Um beijinho e até amanhã, se conseguir sentar-me frente ao computador!

macati disse...

ola gira!
eu passo de cliente simpatica a antipatico num instante instantinho!!!! e dou-me ao trabalho de o demonstrar e saio de lá com um bom dia ou boa tarde dito de tal modo que sabem que não volto lá... será que não sabem que um bom atendimento = a cliente fiel? enfim...
bjnh
:)
manela

Anónimo disse...

Bom dia, minha irmã. REalmente é muito bom qd somos atendidas por alguém bem disposto, cordial e bem educado...mas qd n somos devemos fazer entender q n gostamos desse tipo de tratamento. Como a nossa querida amiga ;) que disse boa tarde vezes repetidas até lhe retribuirem o cumprimento. Um bom dia cheio de alegria para toddos :***Nhocas

isabel disse...

Um dia um amigo meu disse numa loja de roupa de uma multinacional, em que os funcionários devem ser escolhidos pela qualidade dos dentes e das pernas (perdoem-me os raros bons profissionais do comércio), depois de a criatura que o recebeu olhar para os seus 2 m de altura e capacidade para vestir um XXL e dizer que não havia nada para ele, este lhe ter dito: "Vá-me chamar uma pessoa mais competente que a Senhora para me atender, por favor."

Anónimo disse...

Felizmente para nós, os efectivos da Função Pública não têm o seu lugar assegurado para todo o sempre.
E, graças a isso, essas bestas desprezíveis poderão ser postas no olho da rua.

FINALMENTE!

Anadosol disse...

Há bestas e bestas! Não somos todos farinha do mesmo saco, pois não?

Anónimo disse...

lembro-me!!!!!

Não sei o que terás dito ao homem Nat... mas sei que fui atendida logo. Bem dita irmã!
Gente malcriada devia ter nascido muda. Visitem a secretaria da ESEnf imaculada Conceição... é do melhor!
beijos

Anónimo disse...

Eu acho que a distinção não se faz entre funcionários e clientes mas sim entre pessoas bem e mal educadas.
Quando fui secretária fiquei numa posição privilegiada para observar a arrogância dos outros e a minha própria postura. Se antes já era simpática com funcionários, hoje ainda sou mais.
Na escola de dança havia pais/avós/tios de miúdos para quem eu era só uma burra com pouquíssimo jeito para contabilidade e que estava ali porque coitada não sabia fazer nada melhor e para lhes lamber os pés. Havia os que entravam e saíam sem me dirigir a palavra e eu sempre com o meu sorriso aberto a dizer olá e adeus. Mas sempre com o meu nariz empinado e sem sôdoutores.

Uma vez, a avó rica e chique duma menina entrou na secretaria, estávamos eu e o patrãozinho sentados a conversar. Ela entrou, olhou para ele e disse "Boa tarde para si". Naquele momento eu era a mulher invisível e ela era farinha do mesmo saco da besta que trabalha na segurança social. O G. olhou para mim e disse "Boa tarde para ti também, Natacha" e rimo-nos daquela tonta malcriada.

rutinha disse...

ainda bem q descobri este cantinho, um verdadeiro mimo para pausar um dia inteiro de números :) adoro estas tuas descrições!

Kelly disse...

REALMENTE CADA VEZ MAIS A SIMPATIA É UMA MAIS VALIA PARA NOS FAZER VOLTAR A QQ SÍTIO, TOMAR CAFÉ NUM DETERMINADO SÍTIO,FAZER COMPRAS...
SE TODOS NOS OLHASSEMOS NOS OLHOS JÁ ERA UM AVANÇO...