Pesadelo de fim de tarde

Ao fim da tarde os meus alunos não são crianças, são macacos. Hoje tive a certeza disso. Já é costume eles ficarem irrequietos, mexerem-se na cadeira, porem-se de pé sem autorização, gritarem e brincarem muito muito muito. Mas hoje pareciam animais enjaulados (que é o que são as crianças de 6, 7 e 8 anos fechadas numa escola desde as 8h30 até às 17h30). Enquanto eu tentava sossegá-los, alguns balançavam na cadeira, outros trepavam para o encosto e punham os pés no assento, mas a Adriana fez um número de contorcionismo impressionante, deitando-se em cima da mesa com a mão na boca, um joelho na cadeira e uma perna no encosto (só com fotografia...) e o Miguel trepou para o encosto da cadeira, balançou-se para trás e pôs-se a abrir e fechar ruidosamente o armário atrás dele.
É lógico que associada à angústia destes meninos encarcerados vem uma dose gigantesca de má-educação, que me deixa doente. Transformei-me na ditadora que há dentro de mim.
Na verdade sinto muita pena deles, que são vítimas de um sistema de educação com o qual eu não concordo, mas compactuo. Quando eu tinha a idade deles, saía da escola às 13h30 e tinha o resto do dia livre. Enfim.