24 de fevereiro de 2007

ovo-lacto-não-sei-quê

Quando eu ainda comia animais, sabia que mais tarde ou mais cedo deixaria de os comer. Era só uma questão de ganhar coragem para ver uma reportagem qualquer acerca de maus-tratos a animais (sempre mudei de canal a tempo). No entanto, quando comia camarões, eu tinha a certeza de que nunca deixaria de os comer. Tão deliciosos, tão suculentos, tão grandes, tão cheios de maionese com molho inglês!
Quando me decidi a ver a tal reportagem, estava no Porto, sozinha em casa e a comer. No telejornal diziam a frase do costume sobre as imagens chocantes que se seguiriam (de matadouros em Portugal) e foi aí que a minha vida mudou. Vi, sem pestanejar. Chorei muito. Tive náuseas. Chorei mais vezes ao longo do dia, ao recordar-me das ovelhas em rebanho a tentar proteger os bebés dos choques eléctricos. Decidi que não compactuaria com tal negócio e progressivamente deixei de comer bichos.
Sempre achei uma mariquice isso dos vegetarianos enjoarem só com o cheiro da carne, ficarem horrorizados só de ver qualquer coisinha animal. Mas! Qual não foi o meu espanto quando, num jantar de família em que todos se deliciavam com os camarões, eu senti um cheiro a peixe podre!? Não disse nada a ninguém e fiquei quietinha. Mais tarde viria uma reacção estranhíssima e alucinada ao fiambre, de o ver coberto de uma gosma que nunca tinha visto.
Hoje, caminho involuntariamente para o veganismo. Porquê explorar as ovelhas se há tanto acrílico e polyester? Porquê ser hipócrita ao comer os ovos (ou produtos feitos com eles) de galinhas exploradas até à morte? Porquê não beber leite nem comer iogurtes se depois como queijo (e quanto leite é necessário para fazer um queijo!!?) e devoro gelados (e quanto leite vai num pacotinho de natas?)? Pois eu não fiz promessa nenhuma nem quero ser fundamentalista, como já me chamaram. Não pretendo seguir uma ordem lógica nas minhas decisões. Quero simplesmente sentir-me bem e garanto que hoje sou mais feliz do que há 5 anos atrás.
Isto para chegar a quê? É que hoje... os gelados são como os camarões! Penso que poderei deixar muita coisa, mas sem gelados eu não vou ser feliz. A minha esperança reside na chegada destas maravilhas a Portugal, para poder fazer o desmame de Haagen Dazs e Ben&Jerry's.

Shark Tale

Nota: Com este post não estou a condenar ninguém. É uma questão pessoal e não pretendo fazer lavagem cerebral a quem me "visita". Já comi muita picanha a boiar em sangue e camarões então!... Simplesmente hoje, isso parece-me inconcebível.

2 comentários:

Anónimo disse...

Querida filhinha, eu também adorei o tubarão bonzinho! Até chorei nesse filme... Também não voltei a ver os camarões com os mesmos olhos, lembrava-me sempre deste a pedir pela vida!
Ainda bem que já não comemos camarões nem nenhum bichinho, orgulho-me muito de nós e, sobretudo de ti que és a minha mestra. Espero que consigas deixar de comer gelados pq se a vida dos animaizinhos me interessa, imagina como a tua saúde é importante para mim...bjs vegetais e parabéns pela pedra...

Anónimo disse...

Só não percebi uma coisa: porquê "caminho involuntariamente"...? Pareceu-me uma decisão do mais consciente q pode haver...

Não sou vegetariana, mas confesso q n me entusiasma muito comer animais, especialmente a carne. Acho q persisto mais por razões familiares; como já te disse, tenho um filho pequeno, e n há mtos pediatras adeptos do veganismo para crianças... Além disso, na minha profissão, tenho apanhado alguns problemas de saúde em pessoas veganistas, mas eu suponho que são mais devidas a erros ou carências...

Graças a ti já conheço alguns dos sites ligados a estes temas, e estou cada vez mais interessada (até já fiz uma compra bestial! dp te conto...). Obrigada!

O "Shark Tale" tb não tive oportunidade de ver, mas esta cena é giríssima! Poor shrimp!...

E aqueles gelados...! Têm um aspecto fenomenal! Já os provaste mesmo? Onde? Eu tb sou viciada em Haagen Dazs...

Bjs,

Ana Montalvão