Só vi tucanos duas vezes na minha vida: uma vez, no jardim zoológico de Lisboa. Eles comiam na minha mão através das grades e eu nunca me esqueci do seu esforço para não me morderem. Outra vez foi no Brasil. Vi um tucano a voar, livre e ainda hoje sinto vontade de chorar.
Sonho com um Carnaval sem penas verdadeiras. Sonho com cidades sem aves em gaiolas.
Na retrosaria:
Eu - "O que são aqueles saquinhos coloridos?"
Vendedora - "São penas. São muito bonitas."
A Cilu dá um salto, por me ler os pensamentos.
Eu - "São verdadeiras?"
Cilu toca-me.
Vendedora - "Sim sim! Quer levar?"
Eu - "Não, obrigada. Quando fizerem penas falsas, talvez."
Vendedora - "Oh! Quando fizerem penas falsas..."
E calei-me, para bem do coração da Cilu.
Andei aqui à procura de um documentário que vi sobre o comércio de aves exóticas mas como sou péssima no Google...
Adoro lojas de animais! Adoro animais decorativos, de preferência stressados. Adoro. Adoro o cheiro a animal selvagem encarcerado (das lojas cujo único intuito é fazer de nós seres humanos felizes, rodeados de animais coloridos que, às vezes, até falam!)
Como também adoro o Carnaval, lembrei-me de uma vez ter ouvido a Rita Lee dizer o número de aves que são mortas anualmente (só no Brasil) para que as suas penas sejam utilizadas na decoração de trajes numa festa de que não sei o nome (mais uma vez fico triste por não ser boa no Google). Mas nem tudo está perdido! No Carnaval do Brasil, há escolas de samba que usam penas e plumas sintéticas há já alguns anos. E outras que nascem já sem penas de avestruz, arara ou faisão.
Enquanto pesquisava as penas, encontrei um site sobre avestruzes que ensina a, como e quando as arrancar! Mais! Também ensina criadores a não se sentirem culpados pela reacção do animal e até a perceber que sangue não é necessariamente sinónimo de dor. Bastam três pessoas e um capuz para fazer uma avestruz "feliz"! É um veterinário que o diz, eu sou só uma pintora que tira conclusões lamechas.
"Estudos realizados recentemente comprovam que somente as plumas são responsáveis por cerca de 5 a 15 % do faturamento dos produtos do avestruz.
E somando-se a isso dados de importação comprovam que 80% do volume total das 60 toneladas de plumas importadas por ano pelo Brasil, são absorvidos pelas escolas de samba do Rio de Janeiro e São Paulo, e outros 20% ficam distribuídos entre empresas de espanadores, travesseiros e vestimentas." (avestruz.com.br)
Canarito, na gaiola, para a mãe:
"Quando for grande vou saber voar!"
E a mãe cantou, para não chorar.
20 de fevereiro de 2007
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7 comentários:
Querida Natacha,
estou com um problema! Chego a vistar o teu blog umas dez vezes por dia; quando cá venho, é sempre na expectativa de encontrar alguma coisa nova! Se não encontro, leio coisas repetidas...
Será algum tipo de dependência?
:)
Quase que choro com o que escreveste! E pensar que eu tenho um canário...
Um beijinho
Mais um post repleto de informação importante (o que eu tenho aprendido por estas bandas!), mas também de ironia e de sentimentos. Este post na verdade dava vários posts!...
Acho relevante divulgar, assim como acho fundamental actuar, dentro do que está ao nosso alcance. Há uma frase que muito frquentemente recordo, n sei se te diz alguma coisa: "O maior de todos os erros é não fazer nada porque apenas se pode fazer pouco".
Beijinho (gostei do novo visual no cabeçalho).
Ana Montalvão
Sabes que animais mexe cmg... mexe mto... hj saio triste por haver tanta gente que não sabe nd...
Rita
As vezes dou por mim com o mm problema da rita martins!!! ;)
esqueci me de assinar o ultimo!!! :) Rita
Fico tão feliz com os vossos comentários. Tão mas tão feliz, por virem aqui dividir os vossos sentimentos e desabafos.
Muito obrigada, Ritinha, Ana e mi Primi.
Beijinhos repenicados
Nat, querida... "essa é uma espécie de dependência", pois estou cheia de trabalho e quis começar meu dia por aqui!
Vc está "abiscoitando" (como dizia uma professora de francês) fãs :)!
Bem, sobre as penas e escolas de samba e afins, é uma vergonha, entre outras tantas.
Mas lembrei de contar duas coisas: a última vez que cometi o erro de ir ao circo com meu filho (há muitos anos), assisti, no intervalo (no exterior da tenda), a morte de uma avestruz. Só uma coisa muito alta despencar. era o percoço. O pessoal do circo não sabia onde se enfiar... estava toda a gente lá! Depois diziam que não... não tinha morrido... avestruz desmaia?
A outra coisa:
Eu, em criança queria bicho. Minha mãe nunca deixou ter passarinho, pois morria de pena. Eu ainda tive uma cadela (louca, claro..rs). Mas uma vizinha deu dois periquitos para a Gabi. E ela disse que deixava-os voarem 1 vez por dia, em casa. Bem, eu gostei dessa parte e passei (depois de me acostumar com a ideia) a deixar a portinha sempre aberta. Voavam quando queriam.. faziam "corrida" pela casa. Depois um fugiu e uma outra amiga deu uma periquita (ave..rsrs) para consolar o outro. Essa passarinha foi encontrada e tinha a asa cortada. Tadinha... mal andava, quanto mais voar. Mas aqui ela, aos poucos foi recuperando a asa (a veterinária se surpreendeu), pois tinha uma forte motivação: a portinha sempre aberta. Ela voava!!! :D
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