Nestes últimos dias andei de autocarro. Cheirei as pessoas que se sentavam perto de mim. Não sei se é do meu nariz, mas todas me cheiraram tão bem. E eu a que cheiro? Será que me cheiram também? Ui! Fui cheirando ao longo do percurso e ao longo dos dias. Fui observando as pessoas que entravam no mesmo autocarro que eu. Havia um motorista simplesmente detestável. Um homem bonito, alto, de olhos azuis, belos braços e mãos grandes. Muito antipático, muitíssimo mal educado. Com ele ninguém se atrevia a falar, até porque correndo o risco de se lhe estar a fazer uma pergunta parva (Para onde vai este autocarro? quando na frente do autocarro está escrito em letras garrafais) ele respondia com quase-insultos. Também barafustava quando alguém aparecia do nada a correr de braço no ar e a implorar-lhe que abrisse a porta quando ele já tinha arrancado. O autocarro atrasa-se, é verdade. Mas que homem tão mal encarado, tão zangado com tudo. Não lhe ouvi um bom dia. Devia ter ido lá cheirá-lo, bem no pescoço. Hoje fugiu-me quando eu apareci do nada de braço no ar e a implorar-lhe que abrisse a porta, já ele ia na estrada mas em pára-arranca no meio do trânsito. Fingiu que não me viu e eu chamei-lhe todos os nomes. Esperei mais de meia hora ao vento-ciclónico pelo autocarro seguinte. Quando estava a sair, meia hora atrasada e ainda zangada com o outro, o motorista disse-me:
"Menina, até logo. E se não a voltar a ver, bom fim-de-semana."
De repente, o meu dia que tinha começado com palavrões, recomeçou.
Eu sinto-me rodeada de pessoas boas. Gosto de me lembrar delas, dos seus gestos. Alguma coisa acontece quando alguém faz um esforço por ser educado e simpático, mesmo nos piores dias. E há dias horríveis. Alguma coisa acontece, porque eu sinto-o. E é por isso que me esforço também.
Bom fim-de-semana.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
9 comentários:
Que querido! Muda tudo, não é?
Vim desejar um fantástico final de semana. :)
Beijinho
Nádia
Natacha, diz-me por favor onde é esse sítio onde as pessoas que andam de autocarro cheiram bem... não é em Lisboa de certeza.
Ehehehe Sofia é na Terra do Nunca! Mas juro-te que me cheiravam tão bem! Também é certo que o autocarro ia muitas vezes quase vazio, não andei a roçar-me em gente suada. E houve uma senhora que me cheirou menos bem. Mas de resto, andei a identificar perfumes, desodorizantes, sabonetes... pareço psicopata? Ahahaha!
Beijinhos para todas.
Doce Nat...
Oh, mas sabes uma coisa... eles não podem parar, mesmo que seja depois de arrancar... na Carris, por exemplo (não sei se será em todas as companhias, mas penso que será uma questão de regra, legislação ou assim), são severamente multados e arriscam procedimentos disciplinares com descontos automáticos nos vencimentos... isso faz com que alguns que comecem por ser simpáticos e abrir as portas quando acenamos, deixem de o fazer depois de ser apanhados por fiscais... enfim, é um motivo...
Claro que a antipatia, a cordialidade ou a boa-educação nunca será alvo de multa, mas aí já é uma pena, eheheheheheh...
Beijocas, Rita
Beijinhos Sofia... obrigada ^-^
Pois Rita. Não sabia mas faz todo o sentido. Se pararem por todas as pessoas que lhes pedirem, isso pode representar um atraso que os outros passageiros não merecem. Acho justo. Mas este senhor chocou-me pela antipatia. Pela péssima educação... o que me deixou de pé atrás com ele. Quando lhe pedi para me deixar entrar estava mesmo perto do autocarro e não vi ninguém lá dentro! Devia ir quase vazio, fiquei mesmo furiosa... e quanto mais vento me batia na cara durante aquela meia hora, mais nomes eu chamava ao homem! Que horror! :D
Muitos beijinhos!
entao e nao cheiraste o motorista simpatico? devia cheirar a bolachinhas...
adoro-te!
gosto muito de ler os teus posts
E com ser macio para os outros torna o mundo tão melhor!...
basta esquecermo-nos do importantes que somos e pensarmos na importância que podemos ter...
continua continua assim... exactamente como és!!!
Enviar um comentário