Ali estávamos: eu, a minha mãe e a Mimi. O silêncio do campo não se compara a nenhum outro silêncio. Sente-se vida em tudo. As folhas crescem, os bichos movem-se, a horta espalha-se em ervinhas intrusas. No campo há que ter cuidado, porque onde quer que nos sentemos, pode habitar alguém.
A ameixoeira carregadinha. Comi tantas ameixas, comi-as a uns segundos dos ramos onde viviam, só o tempo de as polir. Os passarinhos comem-nas nos ramos. Se eu fosse passarinho voava até a uma árvore de chocolate, sentava-me num ramo e comia sem precisar de recolher, de descascar, de nada. Comia até ficar cheia e depois voava.
Na horta estava uma floresta de couves-galegas. Como já tinham os pés bem altos, fiz-me de Alice e meti-me por ali adentro. O sol estava tão quente e as sombras tão bem definidas.
A Mimi corre como um galgo e salta como uma cabrita. E ri-se de tudo.
Os pés de maracujá lançam bracinhos em busca de onde se agarrarem e isso comove-me. Ultimamente ando assim. Presa neste corpo grande. Ontem olhei pela janela, ao fim do dia e o céu estava de todas as cores. Vi nitidamente que a Terra é redonda, pequena e que eu estou presa a ela pelos meus calcanhares. A Gravidade não perdoa a quem tem excesso de peso.
Hoje, mais do que nunca, desejo ser bichinho e ver o mundo grande. E viver só porque viver é bom.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
5 comentários:
Pois é Natacha...
Viver só porque viver é bom.
Muito bom mesmo!
Viver é bom... sim, posso dizer que sim, embora as depressões do dia-a-dia me deixem de rastos, às vezes!!
Tinha tantas saudades destes teus relatos :)
beijocas
Minha adorável Alice :D
Adorei.Teresa .Almada.
Alguém sabe onde e como arranjar videos ou dvd's do Chia e do Mia?
E já agora alguém sabe porque motivo a RTP deixou de emitir esses desenhos animados ?
Enviar um comentário