24 de maio de 2008

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Ao fundo do corredor havia luz. Números de capelas e azulejos. Entrei com a minha mãe e havia tanta gente, apesar de já ser de noite e tarde. Nunca tinha ido a um velório. O caixão pareceu-me pequeno e não consegui imaginar ninguém lá dentro. Eu acredito que o espírito voa, livre. Foi então que olhei para ela, para os olhos dela. O meu coração começou a saltar como se vivesse sozinho dentro das minhas costelas, sem órgãos vizinhos. Não me saiu uma palavra da boca. O que dizer? Só me apetecia chorar muito. Não há dor como a da alma. Não há. Senti-me ridícula na minha crise existencial de quem está só exausto de tanto pensar em coisas parvas.

Bem leve leve, releve,
Quem pouse a pele em cima de madeira
Beira beira, quem dera, mera mera, cadeira

4 comentários:

Andie disse...

Nunca fui a um velório ou funeral...não por falta de opurtunidade, mas nunca quis...
Nem quero pensar nisso, não me diz nada,pois penso como tu!
A alma voa...o corpo não mais é do que uma mortalha depois dela voar.

Li* disse...

infelizmente já tive que ir a um velório e a um funeral de alguém bem próximo.. custou, custou muito. prefiro não lembrar...

Anónimo disse...

Minha querida, a tua presença já foi uma ajuda.
Ela, com certeza, se sentiu mais confortada por ver todos a quem ama.
Beijinho*

AnaBond disse...

é uma coisa que evito ir. fui a dois. ao do meu pai e ao da minha avó. mas nunca consegui ter coragem de olhar para o caixão.
não queria recordar essa imagem nunca.

(odeio ir a velórios, para mim são a coisa mais estúpida que pode haver)

(sinto-me culpada... beijos)