11 de março de 2012

um ano. o tempo voa

Há um ano eu ainda não tinha emprego. Procurava diariamente e respondi a anúncios que somente o desespero justifica, de quando cada euro convertido em libra parece desaparecer, e cada libra desaparece ao fim de uma viagem de autocarro ou um café de merda. Uma libra e meia por um expresso, e não conseguir tomá-lo. Houve momentos em que a minha zona de conforto me parecia estar tão longe, mais propriamente na máquina da Delta que tínhamos na cozinha em Alfama.
Em Março, ao fim de quase dois meses, a terceira entrevista de emprego deu frutos. Comecei a trabalhar no dia 28.
Hoje sou kitchen leader. Há um mês vi pela primeira vez cairem-me mil libras limpas na conta bancária. Londres é a minha casa e a minha vida é vivida de mão dada com o meu melhor amigo e meu amor.
Na loja somos dez pessoas. Conseguimos dar-nos muito bem e apesar de todos os momentos lost in translation, sinto que me conhecem. Sabem muito bem o que significa, e preparam-se para o meu mau humor quando me ouvem um "tenho muita fome" no meio de um turno em que não há tempo sequer para beber água. O trabalho é duro. Fisicamente exigente e desgastante psicologicamente. Neste tipo de empresa só se safa quem tem muito bom humor e resistência. Os "fracos" desistem ao fim de quinze dias, porque há coisas que podem ser vistas como desumanas. Apesar de tudo, gosto do eat. Mas não é lá que me vejo daqui a um ano. Tento absorver tudo o que este emprego me tem proporcionado de bom, e desviar-me agilmente das coisas más que se me dirigem. O desperdício é uma coisa com a qual eu nunca estarei confortável... o desperdício e todos os recantos escuros e muito sujos que o capitalismo esconde.
Começo a sentir, quase um ano depois, que já aprendi tudo o que havia para aprender nesta empresa, e que subir de cargo só me embrenhará mais na teia hierárquica que tão bem a sustenta.

Um ano depois. Já tenho a tão importante experiência de trabalho no Reino Unido que a maioria dos postos de trabalho exige. Sinto-me em casa e sinto-me inquieta porque começo a perguntar-me demasiadas vezes o que se segue. E aqui as possibilidades são tantas.

9 comentários:

ana disse...

Oh! Deixei de te ler durante algum tempo e agora estas em Inglaterra! Espero que tudo te corra bem por aí. E vais ver que o que está para vir ainda vai ser melhor! :D

Unknown disse...

Nat, as possibilidades são infinitas e tu és uma lutadora ;)
Gosto muito de ti, mil beijinhos!

nat. disse...

Boa Sorte!!!

Beijinho!

sara carvalho disse...

E mete pincéis à mistura? Boa sorte! Beijinhos

hpinto disse...

Boa sorte então para o próximo passo!
Cá estaremos para te “ouvir” falar dele ;o)
Beijinhos :o*

Marta disse...

Há quanto tempo querida Nat! É provável que já nem te lembres de mim... que já cheguei aqui a passar todos os dias. Agora, alguns anos e 2 filhos depois, resolvi passar para ver como estavas. Vieste-me ao pensamento durante esta semana enquanto preparava o jantar. Sabia que tinhas ido para Londres (corajosa aventureira!), não sabia se ainda aí estavas. Estás... e bem! Fiso muito feliz e desejo-te tudo do melhor!
Muitos beijinhos, querida Nat!
Marta

maresias encantadas disse...

Faço o mesmo tipo de pintura. Sei como está difícil por aqui, em Portugal vencermos neste ramo que tanto nos apaixona. Sei também quão difícil deve ser tudo aquilo por que tem de passar agora. Mas sei também que um dia vai olhar para trás e ver que foram tempos de aprendizagem, de espera, de treino para algo muito melhor. Algo que depois ficará para sempre. Em conforto e em realização profissional e pessoal. Depois ficará mais forte, mais equilibrada, saberá que nada a impede de se realizar. Nós podemos tudo!
Coragem!

Ana Oliveira disse...

Espero que um dia possas viver só do desenho :) Fazer isso em em terras de Sua Majestade seria brutal!
Beijinho

maresias encantadas disse...

Tenho seguido o seu trabalho no flickr e no blog.
Só uma pergunta, porque não abrir um negócio de pintura de paredes aí em Londres?