Primeira coisa:
Nunca se deve dizer a alguém que engordou, seja meio quilo, seja trinta quilos. "Ah estás tão gordo!" ou "Ehehehe, engordaste um bocadinho..." ou "Ai que gorda!!!" ou "Estás com uns quilinhos a mais?!" ou "Ai o que te aconteceu!!!?"
Sim, porque isto existe. Existe e - pasmem-se- normalmente quem engorda (seja meio quilo, seja trinta quilos) é a primeira pessoa a notar e não precisa que lhe digam. Muito menos em voz alta, muito menos com tom de asco, muito menos quando não se via a pessoa há séculos e haveria tantas outras coisas para dizer primeiro. Meu deus.
Eu recentemente voltei ao mundo da normalidade (alerta ironia). Posso comprar roupa em lojas de gente. Os números normais servem-me. E quanto mais me observo neste mundo mais horror sinto ao lembrar-me de quando tinha 15 anos e ouvi coisas inimagináveis da boca de pessoas conhecidas. Porque subitamente engordei dez quilos. E os outros têm direitos sobre o nosso corpo e sobre a nossa aparência e sobre a nossa saúde. Eu não sabia disto, aos 15 anos, portanto fiquei surpreendida e sem reacção, de todas as vezes. E muito magoada. Mas é assim. Os magros mandam no mundo. Os normais. Mesmo que não sejam pessoas próximas, mesmo que não saibam o que se passa na nossa vida, mesmo que não nos vejam há mais de cinco anos. Ai que gorda!!! "Põe os olhos na tua mãe!", disse-me um médico. Já estávamos nós a sair do consultório. Eu tinha 15 anos. Não sei quantas pessoas estavam na sala de espera. Mas ouviram com certeza. E eu gigante ao lado da minha mãe, sempre pequenina e elegante. Saí dali do tamanho de uma formiga. A minha auto-estima ficou pelo caminho.
Se eu soubesse o nome desse ortopedista escrevia-o agora aqui.
E por falar em médicos. Segunda coisa:
Ontem fui ao meu novo-e-para-sempre-amado-ginecologista. E, mais uma vez chegada ao mundo normal, onde as coisas acontecem como deve ser, saio horrorizada com o meu passado. E agora posso encher a boca para dizer que o último ginecologista onde fui, no hospital particular em Viana é um incompetente. Ignorante, retrógrado, insensível e preconceituoso. Ainda bem que não lhe contei da minha faceta sado-masoquista ou do fetiche com animais de grande porte. Acho que ele teria chamado a polícia.
Eu já nem exijo que a pessoa que calça as luvas e nos enfia instrumentos estranhos nos países baixos seja delicada. Mas não é suposto confiarmos no nosso médico? Não é suposto ele esclarecer-nos e deixar-nos minimamente à vontade para falar de (oh meu deus oh meu deus) sexo? Da nossa vida íntima, sem medo ou vergonha. Assim como eu faço com o meu Dr R... assim como deveria ser com um... como é que se diz? Ah! MÉDICO!
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
14 comentários:
As pessoas também acham que chamar gorda/gordinha a uma grávida é fofinho, mas NÃO É.
Um conselho para a vida: não chamar gordinha a uma grávida. Não é lindo, não é fofinho e apetece responder... com um gesto.
Ahahah
Concordo plenamente com a Marta!!!
E concordo plenamente contigo Natacha... quem engordou 1 kilo ou 30 kilos sabe-o bem e não precisa que toda a gente lhe diga!
Acontece-me o mesmo... A minha mãe, com 50 anos, magrinha, elegante (com complexos porque não é mais cheeinha), aparenta ser minha irmã. Costumo dizer que, qualquer dia, sou eu a irmã mais velha...
Em miuda, nas festas, se não estava a comer naquele preciso momento, perguntavam-me sempre se estava de dieta. Até que comecei a contra-perguntar com um "Mas acha que preciso?".
Foi remédio santo.
Bjs compreensivos :)
Gosto mesmo de ler o teu blog! Venho espreitar de vez enquando, sempre na expectativa se há novidades.
Às vezes parece que te conheço pessoalmente, outras apenas que gostava de ter conhecer, dar-te miminhos e dizer que o embrulho não conta. Pareces ser uma Pessoa com P grande e um talento tamanho XXL. E isso é que importa.
Em relação à (minha) gordura... a minha própria mãe diz que eu estou gorda e que não me deixe engordar mais (como se eu mandasse nestas coisas). Há uns anos atrás, era porque estava muito magra. Caneco! Desde a gravidez e o parto, acho que fiquei com as hormonas descontroladas, mas ainda dá para disfarçar porque sou alta. Mas qd chega o Verão é o momento da verdade :( Enfim...
Um grande beijo.
Ana F.
Bem, eu sempre fui mais gorda. Pior... eu sempre tive uma mãe magrinha e pequenina. E uma irmã com a mesma altura, mais pesada, mas com a ossatura grande e rosto fino, portanto, APARENTEMENTE mais magra. O pior não eram os 10 quilos à mais. Era ter elementos de comparação por perto!
Outra coisa: pior que chamar gorda é chamar "assim pó forte". Até preferia gorda(dinha, pois não cheguei a ficar muito gorda, mas ameaçava e as pessoas se preocupavam muito com a minha futura e certa obesidade mórbida), mas cheinha ou assim pó forte não dá!
Ainda a última coisa: médicos a sério. Existem, sim. Estão escondidos em bunkers nucleares, mas de vez enquando vêem à superfície. O meu super-derma até me deu beijinhos à saída da consulta! Médicos a dar beijinhos e a curar aquilo que outros me advertiram:"Vais ter que aprender à conviver com isso..."
O problema não reside na indelicadeza das "magras", mas sim, nas pessoas sem educação. Nós, magriçelas, também somos injuriadas. Em solteira (leia-se, antes de ser mãe) pesava uns míseros 49 kg, ansiava chegar aos 50, 3 filhos depois, cheguei aos 54 (ufa)e ainda continuo uma "seca"... e a verdade é que ouço constantemente comentários tipo: "Ui, estás esquelética...", ou "eh eh, onde estão as mamitas!? ou ainda "tás doente?". E isto atira-nos literalmente para o lodo. A verdade é que também as magras sofrem comentários maldosos. Não há solução para as indelicadezas, acho sim, que devemos pagar com a mesma moeda e ficarmos umas broncas. :)
Ass: Vanda
ai que bom que voltas! :)
já te disse que adoro ler(-te) o teu blog? ;)
Pois. Eu também sofri umas coisitas dessas, mas no sentido oposto. "Ai que magra", "tens a certeza que comes?", "vê lá se não ficas doente"... e depois para piorar, devido à minha tonalidade de pele (branco mais branco não há...!), passei (e passo) a vida a ouvir: "estás bem?", "estás tão branca/pálida... deves tar doente"... ao que eu respondo "eu sou assim, branquinha como a realeza!". Então imagina (quando era novinha, pq agora já não se passa o mesmo...!) magra e "pálida"... o fim do mundo! Estava sempre doente, pela certa!!!
Cada um(a) de nós tem alguma coisa a ser apontada (acham os outros)... temos é que ter nariz di mierda (como dizia uma amiga argentina para referir-se a nariz empinado) e sair da situação com ironia!! ;)
Quanto aos médicos... felizmente ainda exitem alguns assim! Para os encontrar só por tentativa-erro!!!
****
Pois. Eu ouco o contrário de pessoas gordas, "ahhh estás mais magra" nao em tom de elogio. Isto até um dia me sair com "nao, nao estou, deve ser impressao tua por estares mais gorda" (nunca me saiu, mas gostava que me saisse he he). Porque é que as pessoas têm a mania de se meter com o corpo das outras? Deixem-me em paz! Aqui te passo um excelente post da Mae Preocupada sobre o assunto:
http://maepreocupada.blogspot.com/2009/06/manifesto-light.html
Até já ouvi homens dizerem piadas sobre o corpo desta ou daquela, homens que se nao fosse a impossibilidade fisiológica eu diria estarem grávidos. Falta do que pensar, acho.
uuuuuuuuu... sarcasmo e ironia :) adoroooooooo
Passei pelo mesmo...entre os 15 e os 22 anos fui "a forte" da família...ah e tal, não são nada parecidas tu e a mana...enfim.
Agora, com quase 37 anos, 3 filhos e 15 kilos a menos ainda me lembro do que passei, da minha adolescência triste e cheia de complexos.
Bjs!
Ui nem de propósito...farto-me de passar por grávida...
Eu sei que sou gorda mas todos os dias mo lembram e ainda pior são algumas pessoas mais proximas (que de elegantes nao têm nada)convidam-me para festas familiares e quando corto uma misera fatiazita de pudim com 1cm (porque sei que nao devo comer doces devido ao meu peso IMG 47 ou seja tenho 157cm e peso 90kg) assim que me veem por algo na boca... cuidado não devias comer essas coisas (isto enquanto devoram uma segunda e terceira sobremesa) só porque pesam menos do que eu pois sao gordas também. É claro que gostava de ser mais magra mas enquanto não sou sinto-me feliz na minha pele e visto aquilo que gosto embora fira muitas susceptibilidades. Sabes Nat a auto estima é algo maravilhoso e não é necessariamente proporcional ao Indice de Massa Gorda IMG.
Beijos a todas as poderosas com AEMG (Auto Estima muito gorda), sejam como for a vossa embalagem!
Beijos muito coloridos para ti Nat , adoro o teu blog!
infelizmente também aturo o mesmo tipo de comentários.
Já chegou ao ponto de me perguntarem se estava grávida, e como já perdi a vergonha na cara, respondi de rajada que sou memso gorda...deviam ver o embaraço na cara deles :-)
Cada um é que sabe aquilo que o faz feliz.Magro ou gordo, isso são pormenores.
Por vezes um docinho é bem mais apelativo do que conviver com determinadas pessoas. ;-)
Ah e tal e já não é propriamente coisa para comentar, por estar sobeljamente comentada a questão do peso. Agora o que eu gostava mesmo de saber é quem é esse ginecologista maravilhoso. Que eu também ando com medo que o meu me pregue um raspanete só porque demorei um pouco a responder quando me perguntou quantos parceiros sexuais eu já tinha tido. E não... eu não estava afazer contas de cabeça... sou só distraída. :)
Enviar um comentário