14 de março de 2015

achado nos rascunhos 05/08/2014

Um dia vou olhar para trás e rir-me (não é que não me ria agora, mas vou rir-me com mais vontade) desta fase em que os meus dias eram passados com um bebé que quando não estava a rastejar pela sala, estava pendurado em mim, e que nos poucos minutos entre uma coisa e outra eu estaria a pintar móveis, vender livros, contactar lojas, ouvir nãos, ouvir talvezes e agarrar-me aos sins com a força da necessidade (essa força maior que a força de vontade, porque o que tem de ser tem muita força) de quem não tem alternativa. Há sempre alternativas, claro, mas no meu caso eu enlouqueceria se não fizesse (ou tentasse fazer) outra coisa para além de ser mãe. O que roça a loucura, porque ser mãe a tempo inteiro é trabalhar 24 horas por dia, mas é assim que eu sou e sinto e penso.
Voltou a acontecer. Sonhei que ganhava a lotaria e no meu sonho comprava aquela lojinha que ando a cobiçar há meses (que já foi um café vegan e por isso tem bom karma), estava a planear a decoração e já me via a vender os móveis, as ilustrações, os bolinhos caseiros, já me via com o Faneca a tratar de toda a parte administrativa e burocrática e sentia esta alegria profunda de me ver na minha lojinha, livre do medo de não fazer dinheiro porque afinal de contas tinha ganho a lotaria.

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