Para os meus sobrinhos queridos, que ficaram com um quartinho de brincar ainda mais catita.
O quadro de ardósia é falso. Pintei um rectângulo com a tinta Efeito Ardósia da Cin directamente na parede, e aparafusei-lhe a moldura, que há-de ajudar o Francisquinho a manter o giz dentro dos "limites legais". E já que estou numa de publicidade, aproveito para dizer que os funcionários da Misturacôr - onde costumo comprar a tinta - são uns queridos (têm uma paciência infinita para me aturar).
29 de maio de 2009
e agora um post sobre política
O Avô Cantigas concorreu às europeias. Mudou de nome mas não engana ninguém.
Pergunto-me quantas pessoas terão chegado, como eu, a esta brilhante conclusão.
Pergunto-me quantas pessoas terão chegado, como eu, a esta brilhante conclusão.
sim, estou biba!
Começo já com um eufemismo: os últimos tempos não têm sido fáceis. Teria havido muito para escrever se eu visse algum interesse em registar e tornar públicos os meus pensamentos mais pessimistas, e também se pudesse manter o anonimato. O meu bloguezinho ainda é cor-de-rosa, porque eu assim o quero.
Tirei esta fotografia na altura em que estava ainda a tentar digerir o ódio dos "falsos anúncios". Ao fim de horas e horas de trabalho. Cansada mas feliz, diante de mais um par de ovelhinhas saltitonas. Minhas. A minha vontade era de nunca mais publicar nada na internet, a não ser que fosse possível construir uma barreira à prova de ladrões. Talvez a minha mão esquerda, identificada pela cicatriz no polegar, a velar o essencial de cada imagem. Não me saía da cabeça esta frase: As minhas pinturas são minhas. Minhas.
Que triste seria se eu começasse a dar mais importância a quem me rouba do que a quem vem aqui por gosto e me respeita realmente. Que triste, se guardasse para mim cada uma das minhas criações, como se de obras de génio se tratassem. Mas o meu primeiro impulso é esse, especialmente depois de ver a minha propriedade intelectual violada várias vezes, num tão curto espaço de tempo. Se calhar devia fazer marcas d'água em tudo o que crio. Devia avisar que as pinturas estão todas registadas. Devia fazê-lo no cabeçalho do blog, em tom de ameaça, deixando no ar uma certa tensão para que os potenciais espertinhos tirassem daí o sentido. Lamento mas ainda não será desta.
Posso sempre avisar que a minha mão está em tamanho real, na foto, e que sim, eu sou grande e forte, e essa mesma mão tem uma irmã gémea, destra e certeira.
:)
Tirei esta fotografia na altura em que estava ainda a tentar digerir o ódio dos "falsos anúncios". Ao fim de horas e horas de trabalho. Cansada mas feliz, diante de mais um par de ovelhinhas saltitonas. Minhas. A minha vontade era de nunca mais publicar nada na internet, a não ser que fosse possível construir uma barreira à prova de ladrões. Talvez a minha mão esquerda, identificada pela cicatriz no polegar, a velar o essencial de cada imagem. Não me saía da cabeça esta frase: As minhas pinturas são minhas. Minhas.
Que triste seria se eu começasse a dar mais importância a quem me rouba do que a quem vem aqui por gosto e me respeita realmente. Que triste, se guardasse para mim cada uma das minhas criações, como se de obras de génio se tratassem. Mas o meu primeiro impulso é esse, especialmente depois de ver a minha propriedade intelectual violada várias vezes, num tão curto espaço de tempo. Se calhar devia fazer marcas d'água em tudo o que crio. Devia avisar que as pinturas estão todas registadas. Devia fazê-lo no cabeçalho do blog, em tom de ameaça, deixando no ar uma certa tensão para que os potenciais espertinhos tirassem daí o sentido. Lamento mas ainda não será desta.
Posso sempre avisar que a minha mão está em tamanho real, na foto, e que sim, eu sou grande e forte, e essa mesma mão tem uma irmã gémea, destra e certeira.
:)
11 de maio de 2009
momento publicitário sem fins lucrativos*
*eis que a desintoxicação chega ao cérebro
E agora eu pegava numa tablete de Milka Biscuit, num Haggen Dazs Vanilla Caramel Brownie de meio litro e num pacote de Chips Ahoy! e metia-me na cama com eles a ver a série completa dos pequenos póneis (embora eles não chegassem sequer a ver o fim do primeiro episódio).
E agora eu pegava numa tablete de Milka Biscuit, num Haggen Dazs Vanilla Caramel Brownie de meio litro e num pacote de Chips Ahoy! e metia-me na cama com eles a ver a série completa dos pequenos póneis (embora eles não chegassem sequer a ver o fim do primeiro episódio).
7 de maio de 2009
a mulher que não queria crescer
Ela era tão adolescente, tão adolescente, que ouvia os Azeitonas em alto som e cantava enquanto trabalhava. E o seu trabalho era desenhar bonecos.
a razão cínica
Nunca tinha ouvido (lido) o termo. A razão cínica.
O meu pai trouxe-me este artigo do JN, recortadinho com amor. Li-o e mais uma vez tenho vontade de abraçar o Manuel António Pina. Porque ele põe em palavras o que eu não consigo. E sinto-me agradecida por isso. A razão cínica, diz ele. E é mesmo isso. Até eu que não como animais (não nasci vegetariana) entendo o lado dos que comem.
"Adoro vê-los agonizar"
Os jornais divulgaram há tempos uns versos de um indivíduo condenado nos EUA pelo assassínio de um mendigo: "Vê-os morrer./ Adoro vê-los agonizar: vomitam, gritam, choram". Adorno explica a barbárie como persistência, no ser humano, das formas mais primitivas de agressividade, defendendo que "a questão mais urgente da educação contemporânea é a desbarbarização da humanidade". Neste sentido, o não licenciamento de touradas por (para já) quatro autarquias - Viana do Castelo, Braga, Cascais e Sintra - é um acto fundamentalmente educativo. Contra ele, esgotado o argumentário da "tradição", a razão cínica - a razão cínica consegue justificar tudo, de Auschwitz ao terrorismo - fixa-se agora na circunstância de aqueles que condenam as touradas comerem carne. De facto, a Biologia e a História fizeram de nós animais comedores de cadáveres. Há, no entanto, uma diferença (uma diferença moral) entre comer carne e fazer - "pecado contra a natureza", diria Pound - da agonia e morte de um animal um espectáculo, tirando sórdido prazer de o ver espetar, martirizar, vomitar sangue. Nenhum outro animal o faz.
(Por Manuel António Pina. In “Jornal de Notícias”, 4 de Maio de 2009)
O meu pai trouxe-me este artigo do JN, recortadinho com amor. Li-o e mais uma vez tenho vontade de abraçar o Manuel António Pina. Porque ele põe em palavras o que eu não consigo. E sinto-me agradecida por isso. A razão cínica, diz ele. E é mesmo isso. Até eu que não como animais (não nasci vegetariana) entendo o lado dos que comem.
"Adoro vê-los agonizar"
Os jornais divulgaram há tempos uns versos de um indivíduo condenado nos EUA pelo assassínio de um mendigo: "Vê-os morrer./ Adoro vê-los agonizar: vomitam, gritam, choram". Adorno explica a barbárie como persistência, no ser humano, das formas mais primitivas de agressividade, defendendo que "a questão mais urgente da educação contemporânea é a desbarbarização da humanidade". Neste sentido, o não licenciamento de touradas por (para já) quatro autarquias - Viana do Castelo, Braga, Cascais e Sintra - é um acto fundamentalmente educativo. Contra ele, esgotado o argumentário da "tradição", a razão cínica - a razão cínica consegue justificar tudo, de Auschwitz ao terrorismo - fixa-se agora na circunstância de aqueles que condenam as touradas comerem carne. De facto, a Biologia e a História fizeram de nós animais comedores de cadáveres. Há, no entanto, uma diferença (uma diferença moral) entre comer carne e fazer - "pecado contra a natureza", diria Pound - da agonia e morte de um animal um espectáculo, tirando sórdido prazer de o ver espetar, martirizar, vomitar sangue. Nenhum outro animal o faz.
(Por Manuel António Pina. In “Jornal de Notícias”, 4 de Maio de 2009)
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