Pronto, hoje sentei-me finalmente em frente ao computador. O último post foi uma descarga de ódio que muito me aliviou. Obrigada por todos os comentários de parabéns e de força para suportar aquilo que tinha em cima da cabeça.
De facto não sei se os cabeleireiros são um problema mas, meus amigos, os prepotentes são. E como em todas as profissões, há cabeleireiros prepotentes (embora eu continue a achar que ser surdo é requisito para se ser cabeleireiro). Aquela que me fez
aquilo, não sei se estaria num dia não, não sei se é de ser a dona, não sei se tinha razão, mas: NÃO ME INTERESSA. Transformou-me num cogumelo que bloga e, acho que se soubesse que eu sou um cogumelo-que-bloga-venenoso, não arriscaria como arriscou ver aqui o nome e morada do seu salão.
Adiante.
Estou em Lisboa. Vim pintar e ver o
Jack. Está um calor que não se puóde. O meu sotaque minhoto esbate-se com o passar dos dias.
Marquei um corte de cabelo salva-vidas no
WIP-Hairport, um salão já famoso e pelos melhores motivos. Um salão na baixa de Lisboa, onde eu me perdi a bem perder, ao fim de um dia de trabalho. O corte estava marcado para as oito da noite e eu, como sempre, antecipei-me para chegar cedo e dar calmamente com o sítio. Quando saí da estação do metro, abriu-se um novo mundo diante dos meus olhinhos de menina da aldeia. Tanta gente. Tanta agitação e tudo a pé, e cores e casas lindas e os eléctricos, meu deus os eléctricos que lindos quero andar de eléctrico por favor! Desejei muito viver ali.
Super confiante e com meia hora para procurar a Rua da Bica, passeei calmamente na direcção contrária. Quando vi aquilo que me parecia ser o Rossio, desconfiei que se calhar estaria perdida. Socorreram-me polícias, seguranças de lojas, um casal gay, o dono dum café e mais uma série de gente de quem devo estar a esquecer-me, pois nos momentos seguintes entrei no modo pânico-oh-meu-deus-são-oito-menos-dez-f*d*-se! Foi então que liguei para o cabeleireiro e fui salva pela simpática Inês, que em poucos minutos me explicou como lá chegar(!).
Lá cheguei, encharcada em suor e com as belas rosetas de minhota (felizmente sem buço). Eram oito horas e às oito horas a minha cabeleireira estava à minha espera. Perfeito.
Sentou-me na cadeira e perguntou-me o que queria. Eu não me atrevi a dizer a palavra
cogumelo, apesar de ela ecoar na minha cabeça, pois a cabeleireira tinha um corte de cabelo igual ao meu, embora nela não ficasse redondo nem ridículo. Ficava mesmo bem. Contei-lhe do meu drama e tentei explicar-me com gestos e com estas minhas descrições absurdas o que queria. Foi então que ela foi buscar um catálogo cheio de fotografias de cortes de cabelo, sentou-se ao meu lado duma maneira que me lembrou da minha mãe e começou a folhear. Depois duma conversa em que eu fui ouvida e compreendida (sim! ouvida e compreendida!), chegámos a acordo e pude então ir lavar o cabelo. E foi aí que eu ganhei o dia. Caí na única cadeira de lavar o cabelo confortável do mundo! Do MONDÓ! Chegou um anjinho que me disse olá e assim que me tocou eu morri e fui para o céu. Quando achei que pentearem-me o cabelo enquanto o amaciador faz efeito era a segunda melhor coisa do mundo, a menina começou uma massagem erotico-crânio-encefálica. E uns bons minutos depois, eu, que nem sabia que o couro cabeludo podia ter orgasmos, levantei-me daquela cadeira com muita dificuldade, para finalmente cortar o cabelo.
Lembrei-me dos tempos da faculdade e dos meus colegas de escultura. A Birgit esculpiu o meu cabelo, centímetro a centímetro. Cuidadosamente e sem desviar os olhos do que estava a fazer. E no fim, eu estava mesmo como queria e vim para casa mesmo muito contente.
Só por uma vez antes desta é que fui tratada assim por um cabeleireiro. Foi no
Anjos Urbanos, no Porto. Eu sempre achei que fazia todo o sentido o cabeleireiro ver e manusear o cabelo seco, antes de o cortar, mas também sempre achei que não devia armar-me em espertinha com alguém que tem tesouras e navalhas nos bolsos e que pode transformar-nos em cogumelo. Mas pronto, o tormento acabou e agora vou ver o Jack Johnson. Biba!