19 de novembro de 2014
24 de julho de 2014
dioguinho
Quase onze meses de vida. Onze mais nove meses duma existência tão pura, tão inocente. Vejo nitidamente porque é que nós, seres humanos, nascemos animais perfeitos e depois nos transformamos em gente. Projecto no meu filho aquilo que li nos livros, nos sites, aquilo que ouvi dizer, que me aconselharam. Tantas expectativas em cima dum serzinho que nem sabe o que é ser outro. Ele é ele próprio e vê o mundo somente (ainda) através da sua própria existência. Quase onze meses e quase seis dentes. Nada do que li ou ouvi me preparou para isto dos dentes, que só é comparável aos primeiros meses com um recém-nascido, em que se desejarmos poder tomar um banho descansadas e ainda lavar os nossos dentes (sem ser no banho) várias vezes por dia estamos a ser ambiciosas. Seis dentes. Ainda não anda. Ainda não gatinha. Ainda não se senta sozinho. Só duplicou o peso com que nasceu com mais de oito meses e começou a segurar bem a cabeça sozinho com cinco. Ainda não dorme a noite toda sozinho. Sempre que me perguntam o que é que ele já faz desta lista, apetece-me engoli-lo e voltar a tê-lo só meu, dentro de mim, onde tudo era perfeito. Ninguém se atreve a perguntar a uma grávida "Então o teu filho já tem pernas e braços? E dedos? E o coração bate?" porque se sabe que tudo vem a seu tempo, porque a natureza é muito maior que os livros e sites e conselhos e sobretudo é maior que os homens, e porque a uma grávida não se deve dizer indelicadezas.
Pois a uma mãe deve-se pensar duas, três, quatro vezes antes de questionar o desenvolvimento, o ritmo ou o que quer que seja do seu filho. Porque o filho nasceu mas continua a ser feito dela, um pedaço que dela saiu e que agora está cá fora a pulsar, vivo e exposto ao mundo, aos outros, aos olhos dos outros que querem, que teimam em moldá-lo.
Não engulo o meu filho. Digo simplesmente que não, ainda não. Tem uma vida inteira pela frente, para se sentar sozinho, andar e correr, cair sozinho. Levantar-se sozinho. Uma vida inteira para comer sozinho e sim, ele há-de largar as minhas mamas e eu hei-de morrer de saudades disso. Poderia dizer, para compensar, que já diz mamã e papa, que entende holandês e português e que faz um sem número de gracinhas que nos derretem. Sabe como nos arrancar uma gargalhada e o que mais me comove é que olha para todas as pessoas com quem se cruza nesta cidade (todas as culturas e raças, todos os feitios e idades, todos os extractos sociais) e demonstra por elas o mesmo interesse. Olha as pessoas nos olhos, profunda e demoradamente com uma tolerância e curiosidade típica de bicho selvagem que nunca foi ferido. Se o olhar e interesse forem retribuidos, sai-se com uma das suas gracinhas infalíveis.
Algures na cronologia do Diogo alguém vai conseguir fazer um comentário bem intencionado ou uma pergunta inocente que não passará pela minha censura e pela minha vontade de o engolir, e há-de ofender, há-de magoar o meu bebé. Um dia ele vai deixar de olhar, confiante de que é perfeito e único, nos olhos de toda a gente que com ele se cruzar. Resta-me fazer tudo o que sei para que esse dia nunca chegue, e continuar muito atenta a tudo o que o meu filho tem para me ensinar.
Pois a uma mãe deve-se pensar duas, três, quatro vezes antes de questionar o desenvolvimento, o ritmo ou o que quer que seja do seu filho. Porque o filho nasceu mas continua a ser feito dela, um pedaço que dela saiu e que agora está cá fora a pulsar, vivo e exposto ao mundo, aos outros, aos olhos dos outros que querem, que teimam em moldá-lo.
Não engulo o meu filho. Digo simplesmente que não, ainda não. Tem uma vida inteira pela frente, para se sentar sozinho, andar e correr, cair sozinho. Levantar-se sozinho. Uma vida inteira para comer sozinho e sim, ele há-de largar as minhas mamas e eu hei-de morrer de saudades disso. Poderia dizer, para compensar, que já diz mamã e papa, que entende holandês e português e que faz um sem número de gracinhas que nos derretem. Sabe como nos arrancar uma gargalhada e o que mais me comove é que olha para todas as pessoas com quem se cruza nesta cidade (todas as culturas e raças, todos os feitios e idades, todos os extractos sociais) e demonstra por elas o mesmo interesse. Olha as pessoas nos olhos, profunda e demoradamente com uma tolerância e curiosidade típica de bicho selvagem que nunca foi ferido. Se o olhar e interesse forem retribuidos, sai-se com uma das suas gracinhas infalíveis.
Algures na cronologia do Diogo alguém vai conseguir fazer um comentário bem intencionado ou uma pergunta inocente que não passará pela minha censura e pela minha vontade de o engolir, e há-de ofender, há-de magoar o meu bebé. Um dia ele vai deixar de olhar, confiante de que é perfeito e único, nos olhos de toda a gente que com ele se cruzar. Resta-me fazer tudo o que sei para que esse dia nunca chegue, e continuar muito atenta a tudo o que o meu filho tem para me ensinar.
15 de junho de 2014
o que eu não sabia
Dizem que quando se tem um filho se descobre um amor maior. Que se ama um filho mais do que se imaginava ser capaz. Eu fiquei à espera disso. No entanto nunca apanhei a tal surpresa.
Veio antes o instinto, uma coisa tão esmagadora que me deixou irracional durante semanas. Incapaz de verbalizar, de escrever, de não chorar. Imaginar que alguma coisa de mal pudesse acontecer ao meu bebé, assim como ouvi-lo chorar por mais de um minuto, causava-me a sensação física e dolorosa de ter engolido um garrafão de ácido e sentir as minhas entranhas corroerem-se. Corroerem-me de dentro para fora. Quando vi o meu corpo deitar leite sempre que o meu filho chorava, ou pensava nele, ou já se tivessem passado três horas, apercebi-me de que sou um animal como os outros animais, sem metáforas. Um mamífero tão munido de instinto como de útero, de mamas, de leite. E que se eu sentia aquela angústia, aquele chamamento incessante e ensurdecedor que na minha opinião pouco tem a ver com amor, então muitas outras mães o sentem, sobretudo as mães chamadas de animais irracionais. Também eu irracional, senti no meu corpo a dor dos animais que exploramos. Passei a gravidez a comer queijo porque como a maioria das pessoas conseguia visualizar uma vaca feliz nos alpes suíços a ser ordenhada manualmente. De repente a indústria do queijo assombrava o meu dia-a-dia e era a história de terror mais cruel e retorcida de todas, porque eu participei dela durante mais de trinta anos com a minha ignorância, o meu corpo, a minha gula e o meu dinheiro. A minha hipocrisia.
Depois chegou o amor. E tal como eu estava à espera, apaixonei-me ainda mais pelo meu bebé, todos os dias mais um bocadinho, e todos os dias são melhores e todos os clichés sobre ter um filho fazem sentido. Amo o meu filho tal como imaginei, fascinada com cada feito, babada de orgulho, desfeita em sorrisos, toda eu colo e mimo e paciência.
O que eu não sabia é que esse amor transbordaria. Que o amor maior que a maternidade trouxe é o meu amor-próprio, para surpresa das surpresas. Que aquele estado de graça em que estive era só o começo e que entraria nesta casa um mestre espiritual de três quilos e meio, pronto para viver comigo vinte e quatro horas por dia e me dar lições a cada minuto. Todos os dias desejo gostar de mim como o Diogo gosta dele mesmo. Todos os dias admiro o entusiasmo e optimismo com que ele vê o mundo. Como se nada de mal pudesse acontecer, numa existência em que se é alegria e tolerância puras, em que se expressa o que se sente simples e honestamente. Todos os dias aspiro a cuidar da minha saúde e a olhar por mim como cuido e olho por ele. Gostava de viver para sempre, para poder continuar esta caminhada com vista privilegiada para o que é um amor que transborda e se espalha em todas as direcções, em que não sei onde acabo eu e começa o meu filho, o meu namorado, a nossa família e todos os que fazem parte da nossa vida.
Veio antes o instinto, uma coisa tão esmagadora que me deixou irracional durante semanas. Incapaz de verbalizar, de escrever, de não chorar. Imaginar que alguma coisa de mal pudesse acontecer ao meu bebé, assim como ouvi-lo chorar por mais de um minuto, causava-me a sensação física e dolorosa de ter engolido um garrafão de ácido e sentir as minhas entranhas corroerem-se. Corroerem-me de dentro para fora. Quando vi o meu corpo deitar leite sempre que o meu filho chorava, ou pensava nele, ou já se tivessem passado três horas, apercebi-me de que sou um animal como os outros animais, sem metáforas. Um mamífero tão munido de instinto como de útero, de mamas, de leite. E que se eu sentia aquela angústia, aquele chamamento incessante e ensurdecedor que na minha opinião pouco tem a ver com amor, então muitas outras mães o sentem, sobretudo as mães chamadas de animais irracionais. Também eu irracional, senti no meu corpo a dor dos animais que exploramos. Passei a gravidez a comer queijo porque como a maioria das pessoas conseguia visualizar uma vaca feliz nos alpes suíços a ser ordenhada manualmente. De repente a indústria do queijo assombrava o meu dia-a-dia e era a história de terror mais cruel e retorcida de todas, porque eu participei dela durante mais de trinta anos com a minha ignorância, o meu corpo, a minha gula e o meu dinheiro. A minha hipocrisia.
Depois chegou o amor. E tal como eu estava à espera, apaixonei-me ainda mais pelo meu bebé, todos os dias mais um bocadinho, e todos os dias são melhores e todos os clichés sobre ter um filho fazem sentido. Amo o meu filho tal como imaginei, fascinada com cada feito, babada de orgulho, desfeita em sorrisos, toda eu colo e mimo e paciência.
O que eu não sabia é que esse amor transbordaria. Que o amor maior que a maternidade trouxe é o meu amor-próprio, para surpresa das surpresas. Que aquele estado de graça em que estive era só o começo e que entraria nesta casa um mestre espiritual de três quilos e meio, pronto para viver comigo vinte e quatro horas por dia e me dar lições a cada minuto. Todos os dias desejo gostar de mim como o Diogo gosta dele mesmo. Todos os dias admiro o entusiasmo e optimismo com que ele vê o mundo. Como se nada de mal pudesse acontecer, numa existência em que se é alegria e tolerância puras, em que se expressa o que se sente simples e honestamente. Todos os dias aspiro a cuidar da minha saúde e a olhar por mim como cuido e olho por ele. Gostava de viver para sempre, para poder continuar esta caminhada com vista privilegiada para o que é um amor que transborda e se espalha em todas as direcções, em que não sei onde acabo eu e começa o meu filho, o meu namorado, a nossa família e todos os que fazem parte da nossa vida.
15 de abril de 2014
de volta
Mais cem exemplares, numerados e assinados com amor e carinho. O preço é 12 euros, o que inclui o envio em correio azul nacional. Para comprar e para mais informações, aqui fica o endereço do costume: natachapintas@gmail.com.
Entretanto, o regresso às tintas compensou. Muito, muito obrigada por todos os comentários e apoio!
Já não me lembro há quantos anos não pegava na tralha com que me sinto mais à vontade. Pincéis, lixas, martelo e pregos, chave de fendas e parafusos, cola para madeira, fita crepe, verniz, a minha paleta... Esta sala transformou-se em oficina e cada minuto em que o Diogo não precisou de mim (agora com os dentes a caminho precisa de mim vinte e cinco horas por dia) foi passado ou a pensar na cómoda, ou a tratar da cómoda. E porque este é um bairro onde se vende móveis velhos a preços altos, dei corda aos sapatos e fiz-me às lojas. E mais uma vez sinto que a minha gratidão é sempre superada pela generosidade de quem me rodeia... na segunda loja não só recebi um sim imediato, como rasgados elogios e ainda ajuda para divulgar o meu trabalho. Decorem o nome Papagaio, porque é lá que o meu regresso às pinturas está a acontecer. Estou tão entusiasmada!
9 de abril de 2014
a simbologia das coisas
Voltei às tintas. Devagar. Tão devagarinho quanto arrastei o saco do material (que veio naquela mala) de debaixo da cama. Porque na cama estava um bebé a dormir, o bebé que me tem preenchido os dias e que é a desculpa ideal para que eu não pinte mais.
Só um verniz é que não sobreviveu a estes três anos, tudo o resto, coberto de pó, estava à minha espera.
Pintei uma cómoda que encontrei no lixo daqui do prédio. Ainda não está terminada mas mal posso esperar por a pôr à venda, porque viver do que se gosta de fazer é das melhores coisas que há.
Só um verniz é que não sobreviveu a estes três anos, tudo o resto, coberto de pó, estava à minha espera.
Pintei uma cómoda que encontrei no lixo daqui do prédio. Ainda não está terminada mas mal posso esperar por a pôr à venda, porque viver do que se gosta de fazer é das melhores coisas que há.
18 de março de 2014
este post é antigo mas podia ter sido escrito hoje
Uma batata doce e quatro cenouras depois.
Gostava que houvesse uma boa desculpa para a maneira como esta minha cabeça funciona. Esta falta de ordem, esta sopa de letras, esta incapacidade crónica de fazer uma coisa de cada vez.
O bebé adormeceu e eu fui à despensa buscar o aspirador, que este chão desta casa está tão sujo, mas tão sujo, que já passou do ponto da vergonha e tornou-se comédia. Para haver ilustrações nesta casa, outras coisas não acontecem. Ora é a louça por lavar, ora é o chão por aspirar, ora é ir à rua e ver o céu. Hoje vimos o céu, e também haveria um chão aspirado se eu não tivesse chegado à despensa para pegar no aspirador e dado de caras com um saco de batatas doces, e o que é bom na vida é batata doce e cenoura cozidas e salteadas em azeite e muito alho e coentros, então toca a cozinhar a olhar para o chão imundo. Como pode alguém ter tanta fome? Podia dizer que é por dar de mamar, mas é mentira. Eu sou uma comedora emocional e a culpa é do não-desenhar.
Isto para dizer que eu gostava de ser daqueles artistas que não pensam em mais nada do que em desenhar e pintar. Aliás, que não fazem mais nada do que desenhar e pintar, porque pensar penso eu. Passo mais tempo preocupada em desenhar do que a desenhar de facto. Houve um tempo em que eu passava os dias a desenhar, mas mesmo esses dias requeriam de mim um enorme esforço e disciplina. Queria ter tanta vontade de desenhar como tenho de comer. Queria ser tão eficiente no trabalho criativo como sou na cozinha (dêem-me um ovo e chocolate em pó e eu faço um bolo. E como-o).
Uma batata doce e quatro cenouras depois, o chão continua imundo, o bebé acordou e eu nem aspirei, nem desenhei. Enfim.
Gostava que houvesse uma boa desculpa para a maneira como esta minha cabeça funciona. Esta falta de ordem, esta sopa de letras, esta incapacidade crónica de fazer uma coisa de cada vez.
O bebé adormeceu e eu fui à despensa buscar o aspirador, que este chão desta casa está tão sujo, mas tão sujo, que já passou do ponto da vergonha e tornou-se comédia. Para haver ilustrações nesta casa, outras coisas não acontecem. Ora é a louça por lavar, ora é o chão por aspirar, ora é ir à rua e ver o céu. Hoje vimos o céu, e também haveria um chão aspirado se eu não tivesse chegado à despensa para pegar no aspirador e dado de caras com um saco de batatas doces, e o que é bom na vida é batata doce e cenoura cozidas e salteadas em azeite e muito alho e coentros, então toca a cozinhar a olhar para o chão imundo. Como pode alguém ter tanta fome? Podia dizer que é por dar de mamar, mas é mentira. Eu sou uma comedora emocional e a culpa é do não-desenhar.
Isto para dizer que eu gostava de ser daqueles artistas que não pensam em mais nada do que em desenhar e pintar. Aliás, que não fazem mais nada do que desenhar e pintar, porque pensar penso eu. Passo mais tempo preocupada em desenhar do que a desenhar de facto. Houve um tempo em que eu passava os dias a desenhar, mas mesmo esses dias requeriam de mim um enorme esforço e disciplina. Queria ter tanta vontade de desenhar como tenho de comer. Queria ser tão eficiente no trabalho criativo como sou na cozinha (dêem-me um ovo e chocolate em pó e eu faço um bolo. E como-o).
Uma batata doce e quatro cenouras depois, o chão continua imundo, o bebé acordou e eu nem aspirei, nem desenhei. Enfim.
28 de fevereiro de 2014
em modo babyblog
Há um ano vimo-lo pela primeira vez. Nada: nenhum livro, video ou poema me poderiam preparar para ver o que vi, sentir o que senti. 6 cm de gente. Um coraçãozinho acelerado, um cordão umbilical a bombar imparável, dois hemisférios do cérebro, estômago cheio de líquido, mãos e pés cheios de dedinhos. Uma pessoinha que não se fazia sentir ou notar cá fora, mas que parecia já tão à vontade na sua pequena gruta. Ora levantava as pernas, ora os braços, abriu e fechou a boca, mexeu-se sempre que eu me ri. Não tirei os olhos do ecran, não larguei a mão do meu amor, não consegui parar de chorar.
Um ano depois, está prestes a começar a comer outras coisas que não o meu leite, e eu sinto um misto de entusiasmo e melancolia. Até hoje, desde o momento em que foi feito, aquele corpinho só precisou de se alimentar do meu corpo. Esta ilusão egoísta e constante de que os nossos filhos são nossos. Cresce tão depressa que já o estou a imaginar adolescente. Quero parar no tempo estes dias em que os olhos dele brilham fascinados com tudo o que se lhes apresenta, estes dias em que ele ainda acha que eu sou a pessoa mais interessante do mundo, a melhor cantora, a comediante mais engraçada. Tudo na existência dele é amor e confiança. Cabe-nos num braço e não se cansa dos nossos beijos. Ri e gargalha com "o mar enrola na areia", pára de chorar se imitarmos os sons dos animais. Ser feliz com pouco não é só possível, é o ideal, e os bebés estão cá para o comprovar.
Um ano depois, está prestes a começar a comer outras coisas que não o meu leite, e eu sinto um misto de entusiasmo e melancolia. Até hoje, desde o momento em que foi feito, aquele corpinho só precisou de se alimentar do meu corpo. Esta ilusão egoísta e constante de que os nossos filhos são nossos. Cresce tão depressa que já o estou a imaginar adolescente. Quero parar no tempo estes dias em que os olhos dele brilham fascinados com tudo o que se lhes apresenta, estes dias em que ele ainda acha que eu sou a pessoa mais interessante do mundo, a melhor cantora, a comediante mais engraçada. Tudo na existência dele é amor e confiança. Cabe-nos num braço e não se cansa dos nossos beijos. Ri e gargalha com "o mar enrola na areia", pára de chorar se imitarmos os sons dos animais. Ser feliz com pouco não é só possível, é o ideal, e os bebés estão cá para o comprovar.
29 de janeiro de 2014
9/1/2014
Acorda desfeito em sorrisos, junta as mãozinhas como quem bate palmas e dá pontapés de emoção. Chegou o momento alto do dia dele: acordar e ver-nos. Damos-lhe a cara e pedimos beijinhos e ele faz o melhor que consegue, ora chucha, ora nos lambe. O meu filho acredita que a vida é uma festa, e celebra-a todos os dias. Quando me desoriento um bocadinho lá está ele para me lembrar que uma existência onde há colo, elogios, sorrisos e muitos, tantos beijos, é só. É tudo.
24 de janeiro de 2014
27/8/2013
Quem a vê andar a passo rápido pelos corredores da Waterloo Station, a ler o jornal em pé sem pedinchar um lugar sentado, não sabe nem sonha o que é ter um menino às marradas no colo do útero, 13 kg extra em cima de dois pés de elefante, perder o fôlego porque a barriga se faz pedra até às costelas e que o que ela quer mesmo é chegar depressa a casa, arrancar as roupas, ser toda mamas e barriga, andar como um pinguim e ignorar todo e qualquer objecto que lhe caia ao chão.
Um charme de moça.
13/8/2013
O meu filho ainda não nasceu mas já tem mais roupa e mais estilo que eu. Não sei se ria, se chore.
20/7/2013
Profundamente apaixonada por este corpo mamífero-grávido e pela pessoinha que nele mora, que faz habilidades quando eu lhe peço e que parece dar pelo nome. Embriagada pelas hormonas e por essa coisa superior que levou o Homem a inventar a religião. Tudo na natureza me fascina.
21/5/2013
Dizem-me que destino dar ao meu talento, pintar e expor, dar aulas, organizar workshops, ser rica no reino unido, quando o que eu sonho é ilustrar livrinhos, servir soya cappuccinos e ser feliz a vida inteira. Doce liberdade.
23/4/2013
Às 20 semanas - Metade.
"Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.
(...)
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também."
"Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.
(...)
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também."
18/4/2013
Não preciso de me informar mais para concluir que o soutien foi inventado por uma mulher grávida. E biba a copa F, sim, F de f#da-se!
6/3/2013
Ir ao mercado ao fim do dia para bem do meu ego (ou como um sorriso arranca mega-descontos): os vendedores (já a empacotarem para irem embora) vendem-me fruta e legumes a metade do preço, oferecem-me coisas sem eu pedir, cedem quando eu regateio e ainda me chamam darling. Coisas fofas.
1/3/2013
A flexibilidade da minha paciência e a minha tolerância à frustração surpreendem-me. Uma lagriminha aqui, um chocolatinho preto ali, e cá estou eu, inteira. E orgulhosa.
26/1/2013
Os gatos dos vizinhos de cima entram-nos em casa pela janela e julgam que a casa é deles. Aliás, julgam que o bairro é deles, e até Londres inteira seria deles, se fossem passear mais longe em vez de se enfiarem na nossa cama. Eu sou a pessoa de estimação, embora só um deles (o macho) me estime e ronrone e me deixe dar-lhe beijinhos na cabeça.
9/1/2013
Ninguém viveu a sério até ter o seu bigode minhoto arrancado com fios por uma senhora impiedosa num cabeleireiro ranhoso, chorar sem parar durante dois minutos e depois de se ver ao espelho decidir que aquilo é a melhor coisa do mondó!
tenho de voltar a este blog
Vou escrevendo pensamentos e desabafos no facebook porque é o que está mais à mão, mas este blog não devia deixar de ser a minha caixinha (pública) de recados para mim mesma. Pelo que vou transferi-los para aqui. O facebook às vezes cansa-me.
Tanta coisa aqui guardada ao longo de sete anos. Algumas coisas já esqueci. Volto lá atrás, encontro fotos que não me lembro de tirar e textos que não me lembro de escrever. Tenho de tirar mais fotos. Tenho de voltar aqui.
Tanta coisa aqui guardada ao longo de sete anos. Algumas coisas já esqueci. Volto lá atrás, encontro fotos que não me lembro de tirar e textos que não me lembro de escrever. Tenho de tirar mais fotos. Tenho de voltar aqui.
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