30 de novembro de 2012

em cada fim um recomeço

Foi pouco depois de ir à Holanda, talvez tenha sido mesmo lá. Conheci a família do meu holandês e de repente vi-me. Também houve um dia em que fomos ver vacas no meio dum parque e eu conversei com elas. A Holanda redefiniu-me. Penso muitas vezes no faneca como sendo uma metade minha que encontrei. Uma metade que eu não sabia que me faltava. Quando olho para ele e penso no que ele me faz sei perfeitamente porque é que as pessoas fazem juras de amor eterno, se pedem em casamento, casam. Olho para ele e para o que ele causa em mim e entendo tão bem porque é que se escrevem músicas de amor lamechas. E poesia. Não lhe digo estas coisas porque sei que ele vai revirar os olhos e gozar comigo, mas até esse revirar de olhos, esse nunca me levar demasiado a sério faz dele a minha outra metade. Eu acredito que uma relação (qualquer relação) só faz sentido se nos fizer melhores indivíduos do que se estivéssemos sozinhos.
Voltámos e aos poucos fui-me vendo. Veio uma alegria de ser, de ser eu mesma, de não fazer mal a ninguém, de na maioria das vezes fazer bem. Isso passou para o trabalho, para os colegas, para os clientes, para todas as pessoas que amo e para as que não amo também.

Há duas semanas a minha gerente mentiu-me e tentou manipular-me. E aquilo que inicialmente se manifestou como revolta dentro de mim, rapidamente se tornou nítido, tão nítido quanto tudo o resto que ultimamente eu andava a ver e sentir. Ela estava, a empresa estava a empurrar-me para o meu limite. De todas as coisas a que me adaptei, todas as coisas que fiz durate um ano e oito meses no eat que não tinham de todo a ver com aquilo em que acredito, uma nunca deixei que fosse corrompida. Quando ela me empurrou para o limite entre o amor e o medo, eu vi nitidamente o que fazer. Demiti-me.
Foi como se ela me estivesse a empurrar e no precipício se me abrissem umas asas. E para surpresa dela, minha e de todos, eu voei tão livre e tão segura que só isso, e mais nada, fez sentido.