26 de outubro de 2009

luzboa

A Rita levou-me por Lisboa fora. Que privilégio, ser guiada durante horas por uma alfacinha de Artes que gosta de se rir tanto quanto eu. Andámos quilómetros e só vimos coisas bonitas. Tudo tão lindo. Se os meus neurónios tivessem jeito para nomes eu agora dizia em que ruas e largos e edifícios estivemos, porque são mesmo conhecidos.

Entrámos em várias igrejas. Nunca devo ter estado tão espiritual como estou hoje em dia. O meu sentido crítico em relação às religiões em geral e à fé católica em particular dissipou-se. Não tenho tempo nem paciência para questionar as questões e a fé dos outros. Não tenho moral, aliás, porque eu acredito que os animais vão para o céu. Ponto.

A igreja de S. Domingos deixou-me sem ar. Precisei de me sentar. Acho que se tivesse ficado de pé chorava um bocadinho. A Rita entendeu que eu precisava daquilo. Inspirei e expirei consciente, muitas vezes. Deve ser o que muitas pessoas sentem quando rezam. Um reconforto. Um está tudo bem.

Obrigada, Rita.

À saída havia fila para a ginjinha e castanhas assadas a €2. Fizemos tchintchin com os copinhos de plástico e concordámos: A vida é muito boa e nós merecemos. O senhor da ginjinha perguntou se era com ou sem fruta. E eu "Hã?", a Rita "Não", eu "É bom?" e o senhor nem me deu tempo. Lá vai uma ginjinha para o fundo do meu copinho. E eu tudo bem, que é só um item na lista de milhões e milhões de coisas que eu ainda não fiz antes de morrer. A ginjinha é uma azeitona doce. Gostei. A meio das castanhas assadas já eu estava bêbeda. Rimo-nos muito muito muito. Já era de noite e eu ainda viria a riscar mais um item da lista.

Comer pastéis de Belém.

Um orgasmo digestivo. Como é que se vive vinte e sete anos sem pastéis de Belém?! Doutor, descobri, afinal não era depressão, doutor...

Depois o mosteiro dos Jerónimos.
Quem me dera ver o que há dentro do túmulo do Camões... Adorei o facto de na escultura, em que ele está tão bonito e sereno, o olho direito estar descoberto. Está fechado mas é diferente do esquerdo. A pálpebra tem menos volume.
Espero que o Luís de Camões se tenha sentido tão feliz como eu, em Lisboa. Ele merece.

6 comentários:

  1. Falaste em Pasteis de Belém e deixaste-me com água na boca.

    bjs

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  2. Que texto bonito. E sentido sobretudo...

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  3. Realmente ... 27 anos sem Pasteis de Belém??

    Deve ser uma tortura!

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  4. mas que bom! tantas novidades! já estava com saudades... deixa cá ver por ordem cronológica! volto já! ;)

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  5. pronto voltei!
    já me actualizei!!


    ai que saudades tenho dos pastéis de belém!
    hummmm... ai o cheirinho bom!!!



    PS: que bom ver-te [ler-te ;)] assim!

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  6. aiO texto é muito bom, Camões e tals, mas o que fica...

    ... são os Pastéis de Belém! (sim, doutor, era isso que faltava...!)

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