12 de setembro de 2008

por dentro

Lá fui, dorida por dentro e cansada. Tão cansada que me podiam enfiar num dicionário, a ilustrar a definição de cansaço. Fui. Bem disposta e sorridente. Mas tão dorida e tão cansada, por dentro. Tudo por dentro, é sempre por dentro. O que quer que fosse que havia por dentro, saiu-me disparado boca fora. Berros estridentes, histéricos e incessantes. Berros de antecipação, de medo, de absoluto gozo.
A montanha russa caía a pique num túnel escuro. Nós os cinco e outros quantos. Eu aos berros aos berros aos berros, só parava para respirar.
Ter amigos é bom. Ter quem nos ame e nos tolere. Só os amigos que nos conhecem o por dentro é que suportam passar pela inevitável vergonha que é andar com alguém como eu de montanha russa.

O que por dentro havia, saiu. E pelo caminho arranhou-me a garganta.

7 comentários: