20 de fevereiro de 2007

o carnaval das aves

Só vi tucanos duas vezes na minha vida: uma vez, no jardim zoológico de Lisboa. Eles comiam na minha mão através das grades e eu nunca me esqueci do seu esforço para não me morderem. Outra vez foi no Brasil. Vi um tucano a voar, livre e ainda hoje sinto vontade de chorar.
Sonho com um Carnaval sem penas verdadeiras. Sonho com cidades sem aves em gaiolas.

Na retrosaria:
Eu - "O que são aqueles saquinhos coloridos?"
Vendedora - "São penas. São muito bonitas."
A Cilu dá um salto, por me ler os pensamentos.
Eu - "São verdadeiras?"
Cilu toca-me.
Vendedora - "Sim sim! Quer levar?"
Eu - "Não, obrigada. Quando fizerem penas falsas, talvez."
Vendedora - "Oh! Quando fizerem penas falsas..."
E calei-me, para bem do coração da Cilu.

Andei aqui à procura de um documentário que vi sobre o comércio de aves exóticas mas como sou péssima no Google...
Adoro lojas de animais! Adoro animais decorativos, de preferência stressados. Adoro. Adoro o cheiro a animal selvagem encarcerado (das lojas cujo único intuito é fazer de nós seres humanos felizes, rodeados de animais coloridos que, às vezes, até falam!)

Como também adoro o Carnaval, lembrei-me de uma vez ter ouvido a Rita Lee dizer o número de aves que são mortas anualmente (só no Brasil) para que as suas penas sejam utilizadas na decoração de trajes numa festa de que não sei o nome (mais uma vez fico triste por não ser boa no Google). Mas nem tudo está perdido! No Carnaval do Brasil, há escolas de samba que usam penas e plumas sintéticas há já alguns anos. E outras que nascem já sem penas de avestruz, arara ou faisão.

Enquanto pesquisava as penas, encontrei um site sobre avestruzes que ensina a, como e quando as arrancar! Mais! Também ensina criadores a não se sentirem culpados pela reacção do animal e até a perceber que sangue não é necessariamente sinónimo de dor. Bastam três pessoas e um capuz para fazer uma avestruz "feliz"! É um veterinário que o diz, eu sou só uma pintora que tira conclusões lamechas.
"Estudos realizados recentemente comprovam que somente as plumas são responsáveis por cerca de 5 a 15 % do faturamento dos produtos do avestruz.
E somando-se a isso dados de importação comprovam que 80% do volume total das 60 toneladas de plumas importadas por ano pelo Brasil, são absorvidos pelas escolas de samba do Rio de Janeiro e São Paulo, e outros 20% ficam distribuídos entre empresas de espanadores, travesseiros e vestimentas." (avestruz.com.br)

Canarito, na gaiola, para a mãe:
"Quando for grande vou saber voar!"
E a mãe cantou, para não chorar.

7 comentários:

  1. Anónimo12:56

    Querida Natacha,
    estou com um problema! Chego a vistar o teu blog umas dez vezes por dia; quando cá venho, é sempre na expectativa de encontrar alguma coisa nova! Se não encontro, leio coisas repetidas...
    Será algum tipo de dependência?

    :)


    Quase que choro com o que escreveste! E pensar que eu tenho um canário...


    Um beijinho

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  2. Anónimo18:59

    Mais um post repleto de informação importante (o que eu tenho aprendido por estas bandas!), mas também de ironia e de sentimentos. Este post na verdade dava vários posts!...

    Acho relevante divulgar, assim como acho fundamental actuar, dentro do que está ao nosso alcance. Há uma frase que muito frquentemente recordo, n sei se te diz alguma coisa: "O maior de todos os erros é não fazer nada porque apenas se pode fazer pouco".

    Beijinho (gostei do novo visual no cabeçalho).

    Ana Montalvão

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  3. Anónimo19:59

    Sabes que animais mexe cmg... mexe mto... hj saio triste por haver tanta gente que não sabe nd...
    Rita

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  4. Anónimo19:59

    As vezes dou por mim com o mm problema da rita martins!!! ;)

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  5. Anónimo20:00

    esqueci me de assinar o ultimo!!! :) Rita

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  6. Anónimo20:13

    Fico tão feliz com os vossos comentários. Tão mas tão feliz, por virem aqui dividir os vossos sentimentos e desabafos.
    Muito obrigada, Ritinha, Ana e mi Primi.
    Beijinhos repenicados

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  7. Anónimo10:54

    Nat, querida... "essa é uma espécie de dependência", pois estou cheia de trabalho e quis começar meu dia por aqui!
    Vc está "abiscoitando" (como dizia uma professora de francês) fãs :)!
    Bem, sobre as penas e escolas de samba e afins, é uma vergonha, entre outras tantas.
    Mas lembrei de contar duas coisas: a última vez que cometi o erro de ir ao circo com meu filho (há muitos anos), assisti, no intervalo (no exterior da tenda), a morte de uma avestruz. Só uma coisa muito alta despencar. era o percoço. O pessoal do circo não sabia onde se enfiar... estava toda a gente lá! Depois diziam que não... não tinha morrido... avestruz desmaia?
    A outra coisa:
    Eu, em criança queria bicho. Minha mãe nunca deixou ter passarinho, pois morria de pena. Eu ainda tive uma cadela (louca, claro..rs). Mas uma vizinha deu dois periquitos para a Gabi. E ela disse que deixava-os voarem 1 vez por dia, em casa. Bem, eu gostei dessa parte e passei (depois de me acostumar com a ideia) a deixar a portinha sempre aberta. Voavam quando queriam.. faziam "corrida" pela casa. Depois um fugiu e uma outra amiga deu uma periquita (ave..rsrs) para consolar o outro. Essa passarinha foi encontrada e tinha a asa cortada. Tadinha... mal andava, quanto mais voar. Mas aqui ela, aos poucos foi recuperando a asa (a veterinária se surpreendeu), pois tinha uma forte motivação: a portinha sempre aberta. Ela voava!!! :D

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