26 de dezembro de 2013

eu que nem gosto do natal

Lembro-me de estarmos naquela esplanada em frente à tua casa em São Brás de Alportel, Di. A dona do café chamava-se Rute e fazia umas sobremesas com natas e leite condensado e bolachas oreo e sei lá mais o quê. Já não me lembro do que é sentir um calor assim, como o do Algarve. Eu estava com a mente em farrapos mas sentia optimismo e esperança, como sinto sempre que estou ao teu lado. Lembro-me de lermos revistas de fofocas e lembro-me de sentir que um bom café era um dado adquirido, assim como era ter-te comigo, ir de carro para a praia, abraçar-te. Se nessa altura me dissessem que um dia eu pagaria duas libras e meia por um café intragável e que ficaria mais de um ano e meio sem estar contigo, eu rir-me-ia com desdém.

Eu que nem gosto do Natal, queria só mesmo era aproveitar que a família ia estar toda reunida para lhes mostrar o Diogo. Sobretudo mostrá-lo à minha avó, para ela viver o ser bisavó, que mesmo que ela não saiba, isso ninguém lhe tira. Queria vê-los frente a frente, dois bebés que esquecem o que se passou numa questão de minutos.

Se o mau funcionamento do consulado não nos parou, nem o serviços que contactei e a quem apelei (implorei?) para que me dessem o cartão do cidadão do Diogo (já pronto há mais de um mês) para podermos viajar com ele, parou-nos a tempestade que cortou a electricidade em toda a zona de Gatwick. Quando ouvi que os voos da tarde tinham sido todos cancelados só me deu para rir.
Ainda bem que não ligamos nenhuma ao Natal, porque assim ver o meu filho no colo do pai a ver o Nemo na televisão e a mamar nas mãos foi suficiente para me consolar, assim como as batatas fritas e crepes chineses que jantámos.

Hoje a minha mente está cismada em quem vive em Lisboa e não vai ao largo das Portas do Sol num dia de céu azul, quem tem um café a servir Delta ao lado de casa, quem tem como opção passar o Natal com a família, quem pode abraçar os melhores amigos frequentemente. E pensa que tudo isso são dados adquiridos.

14 de dezembro de 2013

sobre os amigos

O meu livro está no Facebook. Para espreitar e, quem sabe, gostar também. :)

6 de dezembro de 2013

ele

Há um ano exactamente começava (ainda sem sabermos) o dia 1 da nossa gravidez. Hoje temos cá em casa um menino que parece ter nascido com um relógio. Que de um momento para o outro começou a querer comer de 4 em 4 horas e que de vez em quando dorme a noite inteira, deixando-me a mim e às minhas amigas leiteiras muito confusas. Aprendeu a diferença entre noite e dia ainda muito pequenino e como de noite é um anjo não me queixo das (também pontualíssimas) birras de sono que faz durante o dia. A birra das 11 da manhã deixa-o irreconhecível por cerca de 20 minutos, com direito a cara lavada em lágrimas, esbracejar, espernear e arranhar. Cai para o lado exausto e aos soluços. 40 minutos depois acorda com as sobrancelhas ainda vermelhas mas muito feliz e cheio de charme, desfaz-se em sorrisos e gracinhas e os dois sofremos duma amnésia que dura até ao dia seguinte, à mesma hora.