Eight. To. Oxford Circus.
bethnal green station
barnet grove
brick lane
shoreditch high street station
primrose street (alight here for old spitalfields market)
liverpool street
poultry bank station
bread street
saint paul's station
city thameslink station
holborn circus
holborn circus fetter lane
chancery lane station
Um dia vou saber de cor todas as paragens que o meu autocarro faz. O oito. Trabalho há dois meses e meio numa das muitas lojas do Eat. A 113ª, para ser mais precisa. Um negócio milionário ao qual ainda me estou a adaptar. Onde não há tempo para reciclar a maior parte do lixo, onde o desperdício de comida é assustador, e ainda assim compensa. Mas onde a minha boa disposição e energia são valorizadas desde o primeiro dia, o fraco inglês perdoado, a palhaçada e o tom de voz alto incentivados. Não me posso queixar... adoro. Divirto-me todos os dias. Fui convidada a subir de cargo ao fim de um mês e meio, o que me deixou tão chocada quanto orgulhosa. Vou ser trainer, ao que parece.
Os clientes são incrivelmente simpáticos e muito bem educados. Pouco me importa se há cinismo nos constantes yes please, thank you very much, cheers! E como sorriem! Sorriem, riem, chegam a gargalhar. Talvez a maioria dos portugueses nunca se tenha apercebido de como somos sisudos, até se ver atrás de um balcão a encarar clientes. Depois há o sentido de humor britânico que se pode observar apenas de vez em quando, pois a maioria das pessoas nesta cidade é estrangeira. Pode-se apontar muitos defeitos aos londrinos, mas nunca vi pessoas tão tolerantes em relação à imigração. No nosso café apenas um dos dez funcionários é inglês.
Todos os funcionários são treinados para fazer tudo. Sobreviver ao stress, reagir depressa. Expor artigos, preparar iogurtes, breakfast muffins, cozer pão, bolos e tartes, fazer sanduiches, embalar sanduiches, etiquetar sanduiches a uma velocidade desumana. Desinfectar tudo. Varrer, lavar, esfregar. Restock. First in first out. Pôr sopa a fazer, carregar a sopa para a loja, servir sopa. Gritar hot soup! Verificar a temperatura de tudo o que é alimento. Etiquetar embalagens, operar a caixa registadora, tratar cada cliente como se fosse o único, dar trocos em libras. Fazer cafés. Todos os tipos de cafés, e estamos numa terrinha em que quem bebe espresso só pode ser italiano, espanhol, francês ou (obviamente) português. Aqui bebe-se muito leite (gordo). E chá, de manhã até à noite.
Às vezes tenho saudades de pintar. Especialmente quando vou a museus. Mas é muito bom ser bom noutra coisa, tentar outra coisa e ser-se bem sucedido. Arejar os neurónios, não pressionar a criatividade, não depender da criatividade para pagar as contas, não me preocupar (tanto) com as contas. Apanhar o oito, pensar em inglês, chegar a casa e ter dois amores comigo. O loiro e a morena. Uma família disfuncional na ala Este de Londres, entre muitos homens de turbante, mulheres de burca, alguns esquilos, corvos e a raposa que eu vejo todos os dias às cinco e meia da manhã, no parque da biblioteca.
7 comentários:
Boa sorte.
Que bom saber de ti! Por onde andas, o que fazes, o que sentes... aproveita casa minuto!
Tudo a correr bem!
Nunca me dei a conhecer, mas adorava vir aqui e ler os teus posts. Que bom que voltaram, que bom que está tudo a correr bem.
Todos os teus desenhos são liiiiiiindos.
Foste muito corajosa, Natasha.
Beijinho e tudo de bom.
Gosto de saber que estás bem, que estão bem as duas, (também sou uma seguidora da DI), gosto muito de vir aqui e ler as novidades. Boa sorte para esta aventura e vai sempre dando notícias! Beijinhos
Pára tudo! Então estás em Londres!?
Que feliz que estou por ti Natasha! Que bom que é ler-te de novo e que bem que (d)escreves essa nova "bida"...
Agora que já me recompus depois deste post, vou passar a ler os outros que estão em atraso. com licença! :D
Nat, concordo ctg... Diziam-me que os ingleses eram antipáticos e cinicos e não achei nada :) Amei Londres apesar de ter visto muito pouco... Quanto ao trabalho já tentaste o Pret-a-Manger??? LOL
beijocas
É bom saber de ti, Nat... e da Di...
Desejo-vos tudo de bom, de muito bom... Nem acredito que não nos encontrámos em Viana, que não nos encontrámos (só de fugida, comigo a olhar-te e a questionar para dentro se poderias ser tu, ali) em Lisboa... será que nos encontraremos em Londres, num qualquer futuro...?
Beijos grandes, Rita
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