31 de outubro de 2007

enteado

Vê-me a costurar. Pede para fazer também, mesmo depois de vários nãos justificados. Vinga-se:

- A minha mãe tem uma máquina igual a essa...




... ela é cor-de-rosa...




... e tem anjinhos! Queres uma igual?


- Estás a mentir-me, JB? - disse eu. Mas o que queria dizer era Ahah, a máquina da tua mãe é igualzinha à do Spiderman!

__________________________

Ontem disse-lhe que aquilo do vestido rosa era brincadeirinha, que o Spiderman usa só o fato de super-herói mas que não mata ninguém. Também lhe disse que há homens que gostam de vestir vestidos e pôr perucas e que se divertem assim.

- Tatá, compras-me uma saia?

30 de outubro de 2007

má-drasta

Canto-lhe a minha versão da música do Thpaidermen, enquanto ele me tapa a boca e diz que não, que não é assim.

Eu:
"O Spiderman usa um vestido rosa
Com rendas roxas e pinta a boca
O Spiderman apanha flores
Foge dos bandidos e solta o cabelo!"

Ele:
"Não Tatá! Não é assim! - e corrige-me. O Thpaidermen usa uma roupa vermelha, tem olhos brancos e mata os bandidos! Ele não é uma mulher (conclusão dele, para mim ele é travesti). Canta a música da namorada dele..."

Eu:
"Está bem.

A namorada do Spiderman
Tem um namorado
Que usa vestidos
E pinta a boca!"

29 de outubro de 2007

nº4

Para a minha mamã. Mas haverá pelo menos mais um igual, na loja, brevemente.

28 de outubro de 2007

:-)


Acreditar que tudo na minha vida corre pelo melhor é uma das razões por que sou feliz.
Ontem brinquei com a origem da tinta para tecido e bem que me lixei, que à noite ia mostrar a bata pintada a dois alunos, durante a aula de pintura e pimba sujei-a com tinta, sem querer. Foi álcool, foi acetona, foi sabão, foram muitos palavrões dos piores que sei dizer. Por fim, pensei que tonta sou. Pintei uma "mancha de tinta" sobre a mancha de tinta e assunto arrumado.

Hoje de manhã fui às compras de tecidos (PF, caso leia este post, envie-me um mail por favor, que já estou a preparar o seu "saco para homem"! Eheh...). A dona duma das lojas ficou tão entusiasmada com os meus sacos de pano, que me levou lá dentro ao paraíso dos retalhos para me deixar ficar com os que quisesse. Fiquei tão grata. Tão feliz. Há dias em que o céu é mais azul.

26 de outubro de 2007

milagres da tinta

Será que a tinta para tecido nasceu com esse propósito, ou por acidente? Desconfio que algum pintor se matou a tentar tirar uma nódoa de tinta da roupa e, de repente, fez-se luz na sua cabecinha.

Pintei esta bata por encomenda (ando numa de encomendas) para uma professora primária. E já que ando numa de encomendas, passo a publicidade:

Professores, Enfermeiros, Médicos, Veterinários, Gentes de Bata! Que belo presentinho para o Natal, hum?...

espécies

Um dos "defeitos de fabrico" dos optimistas é não perder a esperança. Eu tenho esperança na Humanidade, acredito que temos remédio. Nada é mais eficaz do que deixar o futuro nas mãos das crianças. E eu sei que faço a minha parte, quanto a isso.

Uma vez ouvi num documentário, talvez as palavras mais sábias que alguém disse sobre o respeito pela mãe Terra. Escrevi-as e enviei-as à minha prima (ainda as tens Rité?) mas perdi o papel tão precioso. A essência ficou-me na mente e no coração. Um homem que viveu muito tempo a observar animais nos seus ambientes naturais, disse que nós, humanos, precisamos de reeducar o nosso olhar perante as outras espécies. Sem comparações nem julgamentos, sem olhar a tamanhos, formas ou raças. Sem "mais inteligentes", "mais capazes" ou "mais fortes". Simplesmente animais. Todos juntos a lutar por sobreviver, no mesmo planeta.

Na foto: um desenho feito por encomenda para uma das minhas amigas do Flickr. Espero que ela goste.

25 de outubro de 2007

de bolta


Dois dias no sul e quase perdia o sotaque. Na viagem de volta tomei um comprimido para o enjoo que não só me manteve bem disposta como sedada. Dormi e babei. Obrigada pelos comentários sempre tão queridos. Correu tudo bem. Pintei uma parede num dia e ainda mais umas coisinhas, a pedido dos pais babados e muito simpáticos que me contrataram. Já disse que adoro o que faço?...
A parede era muito difícil de fotografar e quando acabei a luz natural já se tinha ido. Mas aqui ficam uns pedacitos.



24 de outubro de 2007

indiferença

Somente depois de receber o segundo email com o mesmo assunto, de ter investigado e confirmado é que acreditei. Um artista expôs um cão vadio numa galeria, sem água nem comida. O cão morreu. Artistas destes há tantos. E sinceramente, pensando nos horrores que tenho visto, não me surpreendem. O que me surpreende é a reacção do público.
Consigo imaginar a vergonha dos que pensaram que aquilo era a fingir, que com certeza o cão estava a ser alimentado, que fica mal questionar a Arte, que se está numa galeria é porque é bom... levamos tudo tão a sério. O que não me cabe na cabeça é que nenhuma (uma!) das pessoas que viu a exposição tenha ido a casa buscar um alicate bem grande, que não só cortasse a corda ou o arame que prendiam o cão, mas também rachasse a testa de quem tentasse impedir o roubo da obra. E os funcionários? Alguém que tenha apagado a luz e fechado a galeria, deixando o bicho para trás, não terá pensado em levá-lo? O mundo é feito de maiorias. E a maioria que hoje assina contra um homem é a mesma que ficou (e fica) a ver um (um???) animal ser torturado. A mesma maioria que ignora os pedintes mas que se comove com filmes hollywoodescos. Às vezes o mundo dá-me vómitos.

Onde está a petição contra a indiferença? É que assino já.

Decidi pôr aqui esta foto (copiada daqui) em resposta ao comentário da Ana Ponte (olá!).

Este acontecimento parece-me uma cena de apanhados ou um teste. Se um determinado grupo de pessoas vir um cão neste estado e solto, como reagirá? E se o vir na rua, mas preso? E no quintal duma casa? E numa galeria de arte? Somos condicionados pela nossa cultura, sim. Mas somos muito mais condicionados pelo olhar dos outros. E acredito que é disso que se trata.
Imaginemos que isto se passava num país de 1º mundo, à porta dum grande teatro, e que o público chegava com as suas melhores roupas e nos melhores carros. Para um cão moribundo passar por instalação artística, basta ter um espaço limpo à volta, luz e um qualquer par de letras a fazer de título. Eu imagino a maioria a passar, indiferente, pensando que aquilo não deve ser verdade.

Quando falo de maiorias, falo de coisas práticas. Falo de um artista que não quer libertar o cão e de pelo menos sete pessoas (que a esta hora já assinaram a petição) que podiam fazer-lhe frente para acabar com este delírio.

22 de outubro de 2007

até já

Vou ali a Lisboa pintar um quarto assim e volto já.

Já estou enjoada.

21 de outubro de 2007

adoro juta


Tinha-a aqui em casa à disposição para pinturas e colagens. Como o pano cru acabou, não resisti a tentar fazer este saco com ela. E adorei o resultado. Costurar é mesmo viciante.

Uma das vantagens de não perceber nada de costura/bordados/tricot/crochet é não ter preconceitos em relação aos materiais menos nobres. Quando descobri que aquele pano de fazer ponto de cruz existe em várias cores, achei-o perfeito para fazer colagens e pregadeiras com as crianças. Agora vou ter de arranjar algum para fazer um saco destes. Ou duzentos.

bom domingo

Hoje a minha mãe fez mousse de chocolate e o meu estado de espírito é este:

Esta fotografia é a prova de que eu sou alucinada desde sempre.
A partir dos dois anos comecei a dizer "Quero comer! Quero desenhar!". Pouca coisa mudou desde aí.
Bom Domingo para todos :)*

20 de outubro de 2007

saco com ursinhos

O primeiro para vender. Na loja! Oba!
Costurar é viciante.

19 de outubro de 2007

quando uma pintora se arma em costureira

Autopsiei um saco do Continente. Descobri que é feito disto e que é muito fácil copiar o seu molde. Dá é uma trabalheira fazer um igual, até porque eu não tenho a mínima paciência para fazer as coisas como deve ser. Tenho a mania do Dá cá que eu sei. e depois fico frustrada com as imperfeições. Mas por outro lado, descobri um excelente pretexto para comprar um monte de tecidos daqueles que vi na Maison Decor. Se me dedicar a costurar com paciência e perfeccionismo, pode ser que finalmente me ponha a vender sacos de compras de pano!


Exagerada como sou, tinha mesmo de o encher de latas de conserva e pacotes de leite, para de seguida passear pela casa a testar a resistência do protótipo.

18 de outubro de 2007

os outros

Ainda sobre o velhinho na passadeira. Escrevi sobre o sucedido não apenas para desabafar, mas também e acima de tudo, para partilhar com aqueles que vêm aqui, aquilo em que acredito. Acredito que a maioria das pessoas ajudaria um senhor caído. E por isso fiquei tão surpreendida com aqueles segundos em que ele se esforçava por se levantar sozinho sem que ninguém aparecesse. Fico satisfeita por ver tanta gente tão revoltada quanto eu. E fico também com a esperança de que quem tenha lido e ficado sensibilizado, numa situação semelhante reaja imediatamente, em vez de ficar a pensar, paralisado, que se calhar chega lá alguém primeiro, se calhar a pessoa vai reagir mal de eu ir lá mexer-lhe, não é preciso ir lá que ela levanta-se num instante, etc.. Acredito que simplesmente há uma enorme falta de estímulos ao nosso lado mais lamechas. Há um pudor, uma vergonha das emoções, de onde resulta essa enorme distância que mantemos entre nós e os desconhecidos. Não acho que toda a gente deva reagir como eu que tenho uma assistente social compulsiva aqui dentro. Que chego logo com sorrisos e afagos, com quase-beijinhos-e-abraços. Mas posso garantir que bem melhor que me imaginar a esbofetear aqueles dois idiotas que ficaram no carro a ver a cena, é saber que a seguir podiam cair eles, que iria ajudar também.
Semeemos amor por todo o lado. Como cantaria a minha Binhas, apaixonada pelo Rui Veloso e pelo Julio Iglesias ao mesmo tempo: Amor! Amor! Amor!*

d.i.y.

Do it yourself.
Se há coisa que aprendi com o Changing Rooms foi a não ter medo de pôr a mão na massa.
Se tenho um cadeirão velho, um agrafador potente e um metro de pano bonito, tenho meio caminho andado para terminar a decoração do escritório.
Mal imaginava o professor Domingos Pinho, no dia em que me ensinou a fazer uma tela (chocado por eu, mulher, não saber logo que o tecido iria encolher com a mistura húmida que levava) que eu havia de ter tanto jeitinho para estas lides dos panos, madeiras, agrafos e pregos. A vida é uma caixinha de surpresas.



O tecido é duma loja de cá de Viana. Acho que nunca vi tantos tecidos tão lindos juntos. E a atender-nos, duas senhoras amorosas:

Maison Decor
Rua do Gontim, nº 142
4900-474 Viana do Castelo
Telefone: 258 811 750

16 de outubro de 2007

surpreendente

Ontem estávamos eu e a Raquelita na fila dum sinal vermelho, no Porto. A uns oito metros de nós, numa passadeira com sinal verde, um senhor com mais de setenta anos caiu redondo no chão. Do carro que estava parado no vermelho, em cima da passadeira e a vê-lo não conseguir levantar-se, não saiu ninguém. Nem de mais carro nenhum. E enquanto eu pensava que alguém dum carro mais próximo do senhor chegaria primeiro que eu para ampará-lo, muitos alguéns pensavam certamente que ele havia de se levantar sozinho.
Cheguei ao mesmo tempo que um senhor vindo dum passeio. À medida que falávamos com o velhinho, a voz dele começou a tremer, como se fosse chorar.
Quando larguei o senhor fiz questão de olhar para o condutor do carro e da sua acompanhante, para saber o que é a cara duma besta. Que ainda me acenou, não sei em tom de quê.

Ninguém me diga que eu e o outro homem é que somos boa gente.

15 de outubro de 2007

blog action day

Apesar de não ter ainda conseguido registar-me, quero deixar aqui o meu contributo.
A Rosa fez um belíssimo post e redigiu um email que pode ser editado e deve ser enviado aos super/hiper/minimercados onde fazemos compras. Eu vou já já enviar o meu.

Decidi falar mais uma vez sobre os gastos desnecessários de água.

Um chuveiro aberto com pouca pressão gasta 6 litros de água por minuto. Quantos minutos ficamos no banho? Quantos banhos tomamos por ano?

Aqui ficam outras dicas.

Eu tenho uma boa técnica para lavar a louça. Aqui está ela:
  1. Travessas, tachos esturricados e recipientes com molho ressequido, ficam de molho em água com detergente até ser fácil lavá-los. O ideal é deixar estes recipientes no fundo da pia e lavar a restante louça para cima deles, reaproveitando a água e a espuma.
  2. Passar a louça engordurada por água quente e seguidamente fechar a torneira.
  3. Lavar tudo muito bem de uma vez.
  4. Passar tudo por água de uma vez.
  5. Nunca deixar água a correr sem necessidade. Não abrir demasiado a torneira!
  6. Lavar os talheres todos e colocá-los na pia limpa. Passá-los por água limpa todos ao mesmo tempo.

Hoje podíamos aproveitar a caixa de comentários para partilhar todo o tipo de informações importantes para a preservação do meio-ambiente. Mesmo os truques mais simples que achamos que toda a gente põe em prática são muitas vezes surpreendentes para outras pessoas. Para mim, a alegria de ter um blog é isto mesmo.

14 de outubro de 2007

12 de outubro de 2007

ainda cá em casa





As rodilhas da D. Ana Rosa. Costumo usar a minha para evitar que as portas batam com a corrente de ar. Estas duas estão ainda à espera de dono. Cust(av)am €10 cada (inclui portes de envio). Vendidas :)

11 de outubro de 2007

verdim

A parede está praticamente terminada. Faltam-lhe dois candeeiros por cima da cabeceira da cama, os varões lá dentro para pendurar cruzetas e os indispensáveis acabamentos. Mas não resisti a deixar aqui as fotos. Adoro. Custou menos de 70 euros, incluindo as três folhas de aglomerado (duas para a parede e uma cortada em fatias para as prateleiras), os parafusos, as buchas e os restinhos de tinta que tenho no atelier. E milhares de tocos de madeira que guardo das telas que faço.
O meu pai e o meu Brunim trabalharam mais que eu. Obrigada :)**
O meu vizinho deve ter sofrido muito com o barulho. Peço desculpa, Sr. S.


Nota: mais vale uma tábua inteira para fazer a parede, do que duas como nós comprámos. É que tapar a fenda que ficou no meio e lixá-la foi mais difícil que trazer as duas toneladas escada acima.
Outra nota: trazer tábuas de 2.56 m num carro pequeno com a porta da mala aberta e pela auto-estrada é uma experiência inesquecível. Pensei que morria de medo.

coisas do coração

Ando com umas lágrimas guardadas aqui dentro. Anteontem quase chorei a rever um bocadinho do Mini Chuva de Estrelas, da Sic. Um menino que imitava o Marco Paulo apanhava um susto quando lhe era atribuido o primeiro lugar e uma linda taça. Começava a chorar, com a cara escondida atrás do troféu e eu sentada na cama com um nó na garganta e a boca em u "Oh coitadinho... coitadinho do menino... tão pequenino... tão pequenino...".

Ontem fomos ao Coliseu do Porto ver o Rui Veloso (com quem a minha avó mantém uma relação amorosa desde que lhe pediu um autógrafo) acompanhado pela Orquestra Metropolitana de Lisboa. No Porto o pessoal passa-se e essa é uma das razões por que eu gosto de lá. Tudo doido com o primeiro acorde e um simples "Quem vem e aaaaa..."! Tão bom. Vi o maestro entrar em palco e tive vontade de chorar, tocaram O Prometido é Devido e eu de beicinho. Tocaram A Paixão e eu uma lágrima em cada olho. Estou entupida. Preciso dum filme cocó.

Típico portuguesinho: espectáculo marcado às 21h30. Público lá fora na conversa até às 21h50. Eu a stressar até às 22h, a pensar que podia era estar no Ikea e blá blá blá e a nossa parede nova e blé blé blé.

10 de outubro de 2007

na minha mente, na minha mão

Coisas pequenas que me fazem sentir bem:
  • Pôr um candeeiro com dez anos em cima da máquina de lavar a roupa e sentir que ele é perfeito para ali.
  • Pensar em desmontar uma prateleira toda e reciclá-la.
  • Imaginar mil e uma maneiras de continuar a criar espaços de arrumação na nossa casa.
  • Ter o berbequim sempre à mão e medo nenhum do senhorio.
(Já pensei muitas vezes em tatuar o título deste post no meu pulso direito.)

9 de outubro de 2007

o que não me serve

No fim-de-semana construímos um roupeiro, o que despertou em mim uma enorme vontade de me ver livre de toda a roupa que não uso. Parece-me comida que envelhece no frigorífico... que polui. Vou escolher uma associação e enviar tudo a quem lhe dê mais valor que eu.

Assim que tivermos terminado a coisa (que é na verdade um roupeiro/parede/cabeceira-da-cama tipo esta, que vi fazer num programa de televisão que marcou a minha vida), deixo aqui as fotografias com instruções para quem como nós, precisa dum armário grande e não pretende gastar mais de 80 euros com ele. Agora que penso nos cinco andares subidos de tábuas gigantescas às costas, imagino de onde vieram este cansaço e a enxaqueca (que já se foi, obrigada pelos miminhos)... o desconforto não sei de onde vem mas vou descobrir.

"Há dias em que não cabes na pele com que andas. Parece comprada em segunda mão."*

Vou fazer uma lista de tudo o que tenho de fazer, incluindo depilar sobrancelhas e lavar louça. Pode ser que amanhã faça a ilustração que já existe na minha cabeça há demasiados dias. Ou ainda hoje.

8 de outubro de 2007

poucas palavras

Hoje estou com uma enxaqueca das que já não tinha desde os tempos em que tinha gravura na faculdade. Em que respirava toda a espécie de vapores tóxicos, para além do fumo passivo que tanto odeio. Houve um dia em que, ao caminhar, a minha cabeça latejava de cada vez que um calcanhar tocava o chão. Hoje estou assim. Até os maxilares me doem. Como tenho esta mania de que o meu corpo fala comigo, só em último caso é que tomo medicamentos. Dormi uma sesta e acordei pior. Apesar de não ter trabalhado e por isso ter sentido que o dia simplesmente não rendeu, encontrei uma música que adoro. Hey There Delilah dos Plain White T. Aqui a deixo.



Se pudesse escolher um talento fora de série, queria mesmo era ser compositora.

7 de outubro de 2007

bom dia outono


Os dias em que a luz é perfeita, a temperatura é perfeita e as cores são... assim.


P.S.: Se este anúncio durasse mais três segundos, eu tinha chorado na primeira vez em que o vi.

6 de outubro de 2007

frasco do arroz

Poucas coisas me dão tanto prazer como desenhar.

4 de outubro de 2007

hei-de arder em lume brando

Não tivesse eu já garantido o meu lugar no Inferno por não lhes abrir a porta, ainda tenho estes pensamentos... e ainda os torno públicos.
No outro dia tocaram à campainha e eu estava nua. Insistiram tanto (o suficiente para eu achar muito) para que abrisse a porta, que me senti tentada a abri-la mesmo. Hereges já eles viram, mas hereges nuas de mamas deprimidas, talvez não.
Hoje abri a pensar que era a Cilu.

- Trazemos uma mensagem da Bíblia...
- Mas agora a Bíblia anda assim tão ocupada que já manda recados? Eu nem falei com ela! - penso eu - Obrigada mas eu não sou religiosa. Não estou interessada.
- Mas a menina já alguma vez pensou... por que é que estamos aqui? Por que existimos?
- Olhe eu, não sei bem, mas vocês é para serem chatos. - Sim mas... não estou interessada. Obrigada. Obrigada. Boa tarde.
- Está bem. Mesmo assim tivemos muito gosto em falar consigo. Boa tarde.
- Obrigada. Obrigada... - um post, depressa, um post!

o céu do meio-dia

Há dias o céu esteve cor-de-laranja. Parecia lava e parecia que ia cair-me em cima. Tudo mudou de cor. Lembrei-me imediatamente da conversa que tive com a Cláudia sobre pedagogia, realidade e sonhos. Sobre o ursinho e o peixe em cima das nuvens que pintei na parede do seu bebé e sobre o que devemos ensinar às crianças.

Eu sou suspeita para falar. Incentivo os meninos a desenharem o que lhes vai na alma e a pintar com as cores que bem entenderem. Mas sobre o céu, não me venham com pedagogia e realismo. Odeio o céu azul e as nuvens brancas que mandam os meninos pintar. O céu do meio-dia. O Céu. Ontem o céu esteve cinzento e tinha nuvens castanhas. O meu coração de pintora dói de pensar que os meninos vêem melhor que os educadores. É que o céu era de todas as cores, do amanhecer à noite profunda, até que alguém decidiu que ele é só azul. É tão azul como as árvores são só castanhas e verdes. Adeus ipê.
Temos medo da diferença, da novidade. Gostamos da comida do costume, do programa do costume. Da rotina. Das mesmas caras, das mesmas conversas. E passamos tudo isso para os nossos bebés.

Uma vez a Tocas ralhou comigo por eu sugerir fazer uma cidade com telhados coloridos. Os telhados são vermelhos ou laranjas!

3 de outubro de 2007

made in

Tenho esta obsessão pela origem das coisas. De onde vieram, quem as fez, em que condições, porquê, por quanto e para quê. Em relação a tudo e sem controle. Daí o meu pavor de comprar produtos que muito provavelmente vieram das mãos de escravos. E daí o facto de não comer animais. Hoje vi por acidente um programa de culinária no youtube em que a cozinheira fazia lagosta. "Por favor usem apenas lagosta fresca, viva!" - a lagosta tinha as pinças presas - "Água a ferver, água mesmo a ferver!"
Só fui uma vez ao KFC. Para além de não ter gostado de comer duma caixa de cartão, detestei observar o formato da asa de frango que estava a ingerir. Entre a gordura que quase pingava e o excesso de carne mole, um esqueleto deformado. Fui imediatamente transportada para o aviário, para as condições em que aquele animal viveu e morreu. Ainda não fazia ideia da dimensão do horror nem tinha lido sobre o assunto. Mas não acabei de comer e nunca mais pus os pés naquele restaurante.

Pergunto-me tantas vezes por que tenho uma visão (visualização) tão clara de algumas coisas. Dos bichos industrializados, é como se eu fosse um deles. Da minha culpa se contribuir com um cêntimo que seja. Do que eu queria que mudasse no mundo.

olhos de ver

Não é engraçado isto do nosso cérebro ter tanto potencial e a gente o aproveitar tão pouco?
Sou tão sensível ao bem-estar dos outros. Aos olhos, à boca, à respiração e às costas (As costas da minha mãe não me enganam. Aos meus pais, pelo menos, vejo-lhes a postura e é como se lhes visse a alma.). Mas de resto, coitada, ninguém me peça para fazer recados, ninguém me diga para seguir as placas, ninguém me pergunte o que alguém (incluindo eu) tinha vestido.
Para mim, o supermercado só existe da prateleira mais alta para baixo. Um dia descobri que acima disso existem enormes cartazes que identificam cada corredor. Papel higiénico Rolo de cozinha Guardanapos Lenços de papel. Depois Massa Arroz Farinha Açúcar. Mais à frente: Enlatados Leguminosas Molhos Polpa de tomate Patês e não sei quês. Eu por baixo, a rogar pragas à Sonae por trocar tudo de corredor de vez em quando, que não é justo deixarem-me tão desorientada.

Há dias descobri que tenho uma paleta de cores à disposição aqui no painel. Mesmo ao lado dos botões que eu mais uso.

Há quanto tempo mesmo é que eu escrevo aqui?...

2 de outubro de 2007

numa estação de serviço

Entro, vinda duma parede azulinha, toda suja de tinta nas mãos e braços. Como sempre, digo "boa tarde" e como quase sempre, com um sorriso. O funcionário atrevido, com um olhar daqueles que só enojam mulheres:

- Estás toda pintada, andas a trabalhar?
- Venho de trabalhar.
- Vens trabalhar?
- Venho de trabalhar.
- Ah... - debruça-se no balcão cheio de estilo ao dar-me o troco, que eu recebo com um "obrigada" já a olhar para a rua - estás bonita assim.
- ...

Já no carro vejo-me ao espelho imaginando que até a cara tivesse tinta. Arregalo os olhos e penso: Filhote, se me achas bonita por andar suja de tinta, é uma pena teres-te distraído com as mãos e não teres visto o meu bigode a precisar de cera.